Gary K. Wolf, autor que concebeu o universo de “Uma Cilada para Roger Rabbit”, recuperou o controle total de seus personagens após 35 anos de domínio da Disney e já trabalha em novos projetos, incluindo um longa-metragem em live-action focado em Jessica Rabbit.
Reversão de direitos coloca fim a três décadas de domínio da Disney
A inversão de posse foi confirmada em entrevista ao canal norte-americano ImNotBad.com. Wolf explicou que utilizou a “Cláusula de Reversão de Direitos Autorais de 35 Anos”, prevista na legislação dos Estados Unidos, que permite a autores solicitarem de volta suas obras transcorrido o período estipulado pelo contrato original. O pedido foi conduzido de forma sigilosa e concluído há cerca de um ano, sem litígios judiciais. “Foi muito civilizado, muito cortês. A Disney sempre foi de primeira linha comigo”, declarou.
Com a medida, Wolf reassume o controle criativo sobre todos os personagens e enredos que formam a base do filme de 1988 dirigido por Robert Zemeckis. Especialistas em propriedade intelectual observam que a mesma cláusula já foi acionada por autores de franquias como “O Exterminador do Futuro” e “Predador”, mostrando tendência de escritores e roteiristas em renegociar obras clássicas diante de novos modelos de distribuição em streaming.
Novo foco narrativo: Jessica Rabbit no centro da próxima produção
Entre as possibilidades abertas pela reversão, o autor revelou que o projeto mais adiantado no momento é uma adaptação em live-action de Jessica Rabbit: XERIOUS Business, romance derivado que aprofunda a história da personagem. Segundo Wolf, a prioridade é manter “no mínimo o mesmo padrão de qualidade” do filme de 1988, que combinava animação e atores reais de forma inovadora para a época. “É isso que os fãs esperam, e é isso que pretendo entregar”, disse.
Apesar de comentários recentes de Robert Zemeckis de que a “Disney atual jamais faria um filme com Jessica Rabbit”, Wolf relatou não ter recebido resistência da empresa e acrescentou que Steven Spielberg demonstrou interesse em produzir a história. Para analistas do setor, a eventual participação de Spielberg pode atrair fotógrafos e roteiristas de peso, posicionando o projeto como aposta relevante no calendário de Hollywood.
Adaptação fiel ao livro original também está em estudo
Além do filme solo, o escritor considera desenvolver uma nova versão do romance Who Censored Roger Rabbit?, publicado em 1981. O objetivo seria aproximar o enredo cinematográfico do texto original, que traz tom mais investigativo e elementos de ficção científica. Relatórios de mercado indicam que adaptações literárias com forte apelo nostálgico costumam registrar boa performance em plataformas sob demanda, fator que pode acelerar negociações com estúdios e serviços de streaming.
Impacto para autores e para o público
A recuperação de direitos por parte de Wolf amplia o debate sobre remuneração e autonomia criativa em um cenário de reestruturação dos grandes estúdios. Segundo advogados especializados, a cláusula de 35 anos funciona como ferramenta de equilíbrio entre autores e conglomerados, permitindo a renegociação de propriedades intelectuais que continuam gerando receita décadas depois do lançamento original.
Para os espectadores, a principal mudança é a possibilidade de expansão do universo de Roger Rabbit sem as limitações impostas por licenças anteriores. Caso o longa centrado em Jessica Rabbit avance, fãs podem esperar abordagem mais adulta da personagem, presente apenas como coadjuvante no filme de 1988. Além disso, um eventual retorno às telonas em formato híbrido — mistura de animação tradicional com captura de performance — pode reacender discussões sobre técnicas de efeitos visuais empregadas na indústria.
Caminhos abertos para coproduções e novas parcerias
Wolf destacou que está aberto a colaborações com diversos estúdios. Em tese, nada impede que Disney participe de futuros projetos como distribuidora ou parceira de licenciamento, já que a relação entre as partes permanece cordial. Segundo consultorias de entretenimento, acordos flexíveis desse tipo são cada vez mais comuns, porque reduzem riscos e ampliam a margem de retorno em mercados internacionais.
Imagem: Internet
No curto prazo, o escritor concentra esforços em finalizar roteiros e buscar financiamento. Especialistas estimam que filmes live-action com integração de personagens animados exigem orçamentos superiores a US$ 150 milhões, valor impulsionado por tecnologia de captura de movimento e composição digital. A retomada de franquias conhecidas, porém, costuma atrair investidores pela base de fãs já estabelecida e pelo potencial de merchandising — fator relevante se considerarmos o apelo visual de Jessica Rabbit.
Para o leitor, a movimentação significa a possibilidade de revisitar um universo icônico com abordagens atualizadas, além de sinalizar nova tendência: autores veteranos recuperando obras para explorar caminhos ignorados por grandes estúdios.
Curiosidade
Jessica Rabbit tornou-se ícone cultural mesmo com tempo reduzido em tela no filme de 1988: são apenas 21 minutos de participação, mas suficientes para transformar a personagem em referência de design e carisma na animação. O possível filme solo dará, pela primeira vez, protagonismo pleno a essa figura que permanece no imaginário coletivo há mais de três décadas.
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