Francis Ford Coppola colocou novamente em cartaz o musical “One from the Heart”, produção de 1982 que representou um dos maiores insucessos financeiros de sua carreira. O filme, agora apresentado na versão restaurada e reeditada “One from the Heart: Reprise”, chega aos cinemas 42 anos depois de ter sido retirado de exibição com uma receita doméstica inferior a US$ 1 milhão, diante de um orçamento estimado em US$ 26 milhões.
A aposta que quase custou o estúdio
À época da estreia original, Coppola concentrava esforços na criação da Zoetrope Studios, projeto que buscava oferecer autonomia artística a cineastas e demais profissionais do setor. Para sustentar a iniciativa, o diretor investiu recursos próprios e contraiu empréstimos, apostando que “One from the Heart” atrairia o público com sua estética inovadora e cenários inteiramente construídos em estúdio.
No entanto, críticas negativas e baixa adesão de espectadores levaram ao encerramento precoce das sessões. De acordo com registros de bilheteria, o longa saiu de cartaz após arrecadar apenas US$ 636,7 mil nos Estados Unidos. Especialistas do mercado cinematográfico apontam que o prejuízo obrigou o realizador a priorizar projetos por encomenda nos anos seguintes, enquanto diversificava receitas por meio da produção de vinhos para equilibrar as finanças.
Principais mudanças na edição “Reprise”
A nova versão exibida em 2024 mantém a narrativa centrada em Hank (Frederic Forrest) e Frannie (Teri Garr), casal que se desentende ao comemorar o quinto aniversário de relacionamento em Las Vegas. Segundo informações do estúdio, cerca de seis minutos foram removidos para agilizar o ritmo e antecipar a aparição de personagens interpretados por Raul Julia e Nastassja Kinski, considerados essenciais para o avanço da trama.
Nos bastidores, relatórios técnicos indicam que a restauração utilizou processamento digital de imagem em 4K, além de ajustes na trilha sonora composta por Tom Waits. A equipe de pós-produção também promoveu correções de cor supervisionadas pelo diretor de fotografia Vittorio Storaro, preservando a iluminação neón que caracteriza a estética do filme.
Repercussão e impacto para o setor
Distribuidores independentes avaliam que o relançamento poderá atrair cinéfilos interessados em revisitar produções históricas em qualidade superior. Entidades do setor destacam ainda que a iniciativa coincide com um momento de recuperação gradual das salas de exibição após os impactos da pandemia, reforçando a tendência de reedições e cópias restauradas como estratégia de programação.
Críticos consultados por veículos norte-americanos observam que o caso ilustra a volatilidade da indústria: projetos considerados arriscados podem se beneficiar de novas leituras conforme técnicas de restauração evoluem e o público se renova. Para produtores, o exemplo serve de alerta sobre a importância de equilibrar visão artística e viabilidade financeira, especialmente em contextos de orçamento elevado.

Imagem: Internet
O que muda para o espectador
Para quem acompanha o trabalho de Coppola, a versão “Reprise” oferece a oportunidade de ver cenários inteiramente construídos em estúdio, recurso pouco comum em musicais contemporâneos. Além disso, a restauração pode incentivar discussões sobre preservação de patrimônio audiovisual e estimular outras distribuidoras a recuperar títulos de valor histórico. Segundo analistas de mercado, lançamentos desse tipo tendem a ganhar destaque em plataformas de streaming após a janela exclusiva de cinema, ampliando o alcance do conteúdo.
Curiosidade
Parte do conceito visual de “One from the Heart” foi desenvolvida por meio de um sistema que Coppola chamava de “cinema eletrônico”. O método, considerado precursor da pré-visualização digital, consistia em gravar storyboards em vídeo para mapear a posição de câmeras e atores. A prática, vista como ousada no início dos anos 1980, é hoje rotina em produções de grande orçamento e séries de TV.
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