O cometa interestelar 3I/ATLAS alcança nesta quarta-feira (29) o periélio, fase em que passa mais próximo do Sol. Astrônomos de vários observatórios acompanham o evento para investigar características do corpo celeste que, segundo alguns pesquisadores, podem confirmar ou descartar a remota possibilidade de se tratar de tecnologia extraterrestre.
Terceiro visitante interestelar em menos de uma década
Detectado em 1º de julho pelo sistema ATLAS (Asteroid Terrestrial-impact Last Alert System), financiado pela NASA, o 3I/ATLAS é o terceiro objeto vindo de fora do Sistema Solar já registrado. Antes dele, observatórios identificaram o asteroide 1I/‘Oumuamua, em 2017, e o cometa 2I/Borisov, em 2019. De acordo com dados oficiais, a órbita hiperbólica do 3I/ATLAS confirma a origem interestelar, tornando o fenômeno valioso para o estudo da composição de corpos formados em outras regiões da Via Láctea.
Imagens colhidas poucas semanas após a descoberta mostraram atividade incomum quando o objeto ainda estava a 6,4 unidades astronômicas do Sol—distância maior que a órbita de Júpiter. A liberação precoce de poeira e gases chamou a atenção porque, em geral, cometas só entram em sublimação em passagens muito mais próximas da estrela.
Composição atípica e a polêmica sobre vida inteligente
Relatórios preliminares de equipes independentes apontam para uma composição química diferente da observada em cometas de longo período conhecidos. Entre as singularidades está a presença de uma anticauda, rastro de partículas que se estende na direção oposta ao esperado. O fenômeno, embora já constatado em alguns cometas solares, permanece raro e pouco compreendido.
O físico Avi Loeb, da Universidade de Harvard, reacendeu o debate público ao sugerir que o 3I/ATLAS poderia ser um artefato tecnológico viajando pelo espaço interestelar. Na visão do pesquisador, caso o objeto realizasse uma manobra de Oberth—aceleração obtida ao passar próximo a uma estrela—haveria indício de controle ativo, algo impossível para um bloco de gelo e poeira. Loeb chegou a estimar em até 40 % a probabilidade de o corpo não ser natural, percentual considerado ousado pela maior parte da comunidade.
Especialistas da NASA discordam. Em declarações recentes, o cientista-chefe Tom Statler afirmou que todas as medições disponíveis correspondem a um cometa comum: “Ele parece cometa, age como cometa e se comporta como cometa.” A agência americana reforça que nenhuma variação de trajetória foi observada até o momento, e as emissões registradas são compatíveis com processos físicos de sublimação.
Expectativa pelo periélio e o que pode mudar
Durante a aproximação máxima ao Sol, o calor intenso faz com que materiais voláteis do núcleo se transformem em gás, aumentando a coma e a cauda. Segundo astrônomos do European Southern Observatory, esse curto período fornece informações cruciais sobre a estrutura interna do objeto. Se o 3I/ATLAS se comportar como previsto em modelos de dinâmica de cometas, deverão ser detectadas variações graduais de luminosidade, mas nenhuma mudança brusca de rota.
A janela de observação, porém, é limitada. Neste momento o cometa encontra-se atrás do disco solar, tornando-se invisível para telescópios terrestres tradicionais. Equipamentos orbitais, como a sonda Solar Orbiter, são os principais instrumentos capazes de registrar dados durante a passagem. As primeiras imagens pós-periélio são aguardadas para os próximos dias.
O resultado interessa não só a pesquisadores de pequenos corpos, mas também a caçadores de exoplanetas e engenheiros aeroespaciais. Confirmar a natureza de visitantes interestelares melhora modelos de formação planetária e apoia o desenvolvimento de missões de interceptação, objetivo discutido em conferências internacionais desde a aparição de ‘Oumuamua.

Imagem: Michael Jaeger via Spaceweather.com
Impacto para o leitor
Para o público em geral, o acompanhamento ao vivo de um objeto recém-chegado de outra estrela é oportunidade rara de observar ciência em tempo real. A cada nova detecção, instrumentos ficam mais precisos, aumentam as chances de alertas antecipados e cresce a possibilidade de missões que tragam amostras físicas à Terra. Em médio prazo, isso pode resultar em materiais exóticos que ampliem o conhecimento sobre a formação do Sistema Solar e, eventualmente, em avanços tecnológicos derivados dessas descobertas.
Além disso, a rápida disseminação de teorias sobre vida inteligente mostra como a vigilância do espaço profundo e a transparência de dados oficiais são importantes para combater a desinformação. O caso do 3I/ATLAS reforça que observações sistemáticas e comparação com casos anteriores são essenciais para validar ou refutar hipóteses extraordinárias.
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Curiosidade
Você sabia que a designação “3I” significa literalmente “terceiro interestelar”? O prefixo passou a ser adotado depois de ‘Oumuamua (1I) e Borisov (2I) para padronizar objetos que entram em nosso Sistema Solar vindos de outras estrelas. Caso mais visitantes sejam confirmados, a numeração seguirá em ordem crescente, facilitando o registro histórico e o cruzamento de dados entre observatórios de todo o mundo.
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