Pequim enviou ao espaço o segundo satélite Gaofen-14, ampliando a capacidade chinesa de coleta de imagens de alta resolução para mapeamento e posicionamento global. O lançamento ocorreu na noite de sábado, 25 de outubro, às 23h55 (horário de Brasília), a partir do Centro de Lançamento de Xichang, na província de Sichuan.
Detalhes da missão e do veículo lançador
O foguete de três estágios Long March 3B, equipado com quatro propulsores, foi o responsável por colocar o Gaofen-14 (02) em órbita síncrona ao Sol, a cerca de 490 km de altitude. A Corporação de Ciência e Tecnologia Aeroespacial da China (CASC) confirmou o sucesso da missão menos de uma hora após a decolagem.
Segundo a Academia Chinesa de Tecnologia de Lançadores (CALT), esta foi apenas a segunda vez que o modelo Long March 3B realiza uma inserção nessa órbita específica. Para acomodar o satélite, a missão utilizou um coifa ampliada de 4,2 metros de diâmetro, solução também empregada no lançamento do primeiro Gaofen-14, em 2020.
Capacidades do Gaofen-14 (02)
Fabricado pela Academia Chinesa de Tecnologia Espacial (CAST), o satélite integra o Sistema Civil de Observação Terrestre de Alta Resolução (CHEOS). A nova unidade traz câmeras de dupla linha, sensor hiperespectral com cerca de 100 bandas e laser de medição de distância. De acordo com estudos técnicos, o equipamento atinge resolução pancromática próxima de 0,6 m, multispectral de 2,4 m e largura de faixa de 40 km. O sensor hiperespectral opera na faixa visível e no infravermelho próximo, com resolução de 5 m.
O Gaofen-14 fornece pares estereoscópicos que permitem gerar produtos cartográficos na escala 1:10.000, nível considerado crítico para planejamento urbano, engenharia de transportes, agricultura de precisão e resposta a desastres. Especialistas apontam que a presença de um segundo satélite no mesmo plano orbital aumenta a frequência de revisita e a confiabilidade dos modelos de elevação digital.
Programa CHEOS e possíveis aplicações
Iniciado em 2013, o CHEOS abrange plataformas ópticas, multiespectrais, hiperespectrais e de radar de abertura sintética. Entre os segmentos mais documentados estão os Gaofen-1 a Gaofen-7, voltados para monitoramento ambiental e gestão de recursos naturais. Já os satélites acima do número 10 recebem menos divulgação, levantando hipóteses de uso dual civil-militar.
Relatórios independentes indicam que a família Gaofen-11, por exemplo, é capaz de registrar detalhes de cerca de 10 cm. O Gaofen-14, por sua vez, foca na precisão geométrica, contribuindo para posicionamento global de alta fidelidade, uma etapa essencial para sistemas autônomos, cadastros fundiários e infraestrutura crítica.
Volume de lançamentos e próximos passos
O envio do Gaofen-14 (02) marcou a 66ª tentativa orbital chinesa em 2025, deixando o país a apenas dois lançamentos de igualar seu recorde anual. O próximo evento previsto é a missão tripulada Shenzhou-21, agendada para 31 de outubro a partir de Jiuquan, no deserto de Gobi.

Imagem: Ourspace
Segundo dados oficiais, o Long March 3B é normalmente empregado para trajetórias rumo à órbita de transferência geoestacionária, além de injeções translunares, como nas sondas Chang’e 3 e Chang’e 4, e interplanetárias, caso da missão Tianwen-2 a asteroides. A escolha do veículo para levar o Gaofen-14 reafirma a versatilidade do foguete, ainda que seu papel em órbita síncrona ao Sol permaneça pouco frequente.
Impacto para usuários e mercado
A entrada em operação do Gaofen-14 (02) promete reduzir o tempo de atualização de mapas detalhados da superfície terrestre, favorecendo empresas de logística, agronegócio e urbanismo que dependem de dados georreferenciados de alta precisão. À medida que plataformas de navegação e serviços de localização incorporem os novos produtos cartográficos, o público poderá notar rotas mais otimizadas e informações topográficas mais confiáveis nos aplicativos cotidianos.
Curiosidade
O Gaofen-14 utiliza câmeras de “dupla linha” capazes de capturar imagens de um mesmo ponto da superfície em ângulos distintos durante uma única passagem orbital. Esse recurso, chamado de estereoscopia push-broom, dispensa manobras complexas do satélite e aumenta a eficiência energética, permitindo cobrir grandes áreas sem sacrificar a qualidade do modelo de elevação.
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