China acelera ritmo espacial com dois lançamentos que reforçam megaconstelações

Ciência

Em menos de 48 horas, a China colocou em órbita dois grupos de satélites que impulsionam projetos distintos de internet via espaço e observação da Terra. Os voos, realizados entre 17 e 19 de outubro, representam os 63.º e 64.º lançamentos orbitais do país em 2025, aproximando-o da marca histórica de 68 decolagens alcançada no ano anterior.

Nova leva de satélites para a constelação Thousand Sails

O primeiro lançamento ocorreu às 03h08 (horário de Brasília) de 17 de outubro, a partir do Centro de Lançamento de Taiyuan, no norte do país. Um foguete Long March 6A levou ao espaço a missão Polar Group 18, ligada à megaconstelação Thousand Sails, desenvolvida pela Shanghai Spacecom Satellite Technology (Spacesail).

Embora o número exato de satélites não tenha sido divulgado, missões anteriores enviaram 18 unidades planas por vez, sugerindo a mesma quantidade nesta operação. Com o novo lote, a constelação soma 108 satélites de órbita baixa dedicados a fornecer acesso à internet. Segundo o rastreador independente Jonathan McDowell, 14 satélites dos lançamentos anteriores não conseguiram elevar a órbita e apresentam trajetória de decaimento, dez deles pertencentes ao segundo voo.

Os equipamentos foram produzidos pelo Shanghai Engineering Center for Microsatellites (SECM) e integrados pela China Great Wall Industry Corporation (CGWIC), braço comercial da estatal China Aerospace Science and Technology Corporation (CASC). O Long March 6A, propulsado por querosene e oxigênio líquido em seu estágio central e por propulsores sólidos laterais, pode transportar 4.500 kg para uma órbita heliossíncrona de 700 km.

Para acelerar a implantação da rede, a Spacesail contratou sete lançamentos comerciais: quatro lotes de 10 satélites e três de 18, totalizando 94 unidades adicionais. Landspace, Space Pioneer e CAS Space foram escolhidas para as missões, avaliadas em US$ 187 milhões. As empresas devem empregar os foguetes Zhuque-3, Tianlong-3 e Kinetica-2, ainda em fase de testes, em voos previstos até o fim do ano.

Kinetica-1 coloca satélite paquistanês em órbita

No final da noite de 18 de outubro (23h33, horário de Brasília), um foguete sólido Kinetica-1, da CAS Space, decolou da área de ensaios de Dongfeng, parte do Centro de Jiuquan, no noroeste chinês. A missão transportou três cargas úteis: o satélite hiperespectral paquistanês PRSS-2-HS1 e as unidades AIRSAT 03 e AIRSAT 04, pertencentes ao Instituto de Pesquisa em Informações Aeroespaciais da Academia Chinesa de Ciências (AIRCAS), responsável por uma constelação de radar de abertura sintética (SAR).

Foi o nono voo do Kinetica-1 e o oitavo bem-sucedido. A CAS Space informa que o veículo, de 30 m de comprimento e 135 t de massa na decolagem, já entregou 73 satélites a órbita, somando mais de 9 t de carga útil. Capaz de levar 1.500 kg a uma órbita heliossíncrona de 500 km, o Kinetica-1 utiliza motores sólidos SP70 fornecidos pela estatal CASC.

O PRSS-2-HS1 é o terceiro satélite de observação terrestre lançado para o Paquistão pela China em 2025, reforçando a cooperação espacial entre os dois países. Já os AIRSAT integram um programa de sensoriamento que combina detectores óticos e radar para monitorar uso do solo, agricultura e respostas a desastres naturais.

China acelera ritmo espacial com dois lançamentos que reforçam megaconstelações - Imagem do artigo original

Imagem: CASC

Ritmo recorde e próximos passos do programa chinês

Com 64 voos completados, a China mantém média de mais de um lançamento por semana em 2025. Além dos programas Thousand Sails e Guowang — outra megaconstelação em implantação —, o calendário inclui missões tripuladas e testes cruciais para o projeto de pouso lunar. Segundo autoridades do setor, um Long March 5 parte de Wenchang em 22 de outubro, seguido por um Long March 3B a partir de Xichang, em 26 de outubro. A missão tripulada Shenzhou-21 deve ser lançada antes do fim do mês.

Especialistas apontam que a entrada de empresas privadas em contratos de grande porte, como o firmado pela Spacesail, indica mudança estrutural no setor. A diversificação de fornecedores reduz custos, incentiva inovação e pode acelerar a oferta de serviços de internet por satélite na Ásia e em regiões com baixa cobertura terrestre.

Impacto para o usuário e para o mercado

A ampliação rápida de megaconstelações chinesas tende a aumentar a concorrência em serviços de banda larga via satélite, setor dominado atualmente por iniciativas norte-americanas e europeias. Para o consumidor final, a expectativa é de maior disponibilidade de pacotes de dados em áreas remotas e possível queda de preços. No âmbito geopolítico, a movimentação reforça a estratégia da China de oferecer alternativas próprias de conectividade global, reduzindo dependências de infraestrutura estrangeira.

Curiosidade

Você sabia que o Long March 6A, utilizado na missão Polar Group 18, é o primeiro foguete chinês a combinar propulsão tradicional líquida no estágio principal com impulsionadores laterais sólidos? Essa configuração híbrida permite alta capacidade de carga sem ampliar excessivamente o custo de produção, elemento vital para sustentar cadência elevada de lançamentos de constelações.

Para acompanhar outras novidades sobre satélites, foguetes e inovação espacial, visite a seção de tecnologia em remansonoticias.com.br e fique por dentro das atualizações.

Para mais informações e atualizações sobre tecnologia e ciência, consulte também:

Quando você efetua suas compras por meio dos links disponíveis aqui no RN Tecnologia, podemos receber uma comissão de afiliado, sem que isso acarrete nenhum custo adicional para você!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *