Brasil assume liderança em salários de tecnologia na América Latina, revela estudo

Tecnologia

O Brasil passou a liderar o ranking de remuneração em tecnologia na América Latina, segundo levantamento divulgado pela Deel, empresa global de recursos humanos, em parceria com a plataforma de gestão de equity Carta. A análise considerou mais de 1 milhão de contratos ativos em cerca de 150 países, destacando médias salariais anuais em profissões de alta demanda, como inteligência artificial (IA), desenvolvimento de software, computação em nuvem, ciência de dados e cibersegurança.

Média brasileira supera vizinhos e alcança 11ª posição global

De acordo com o relatório, o salário médio anual no Brasil para as funções analisadas chega a US$ 67 mil (aproximadamente R$ 360 mil na cotação atual). O valor coloca o país na 11ª posição entre os 15 mercados estudados e bem à frente dos principais concorrentes regionais: México (US$ 48 mil), Argentina (US$ 42 mil) e Colômbia (US$ 37 mil).

Especialistas ouvidos pelo relatório atribuem o desempenho brasileiro a dois fatores principais. Primeiro, a forte concentração de profissionais qualificados em áreas estratégicas, capazes de atender à demanda global por conhecimento em IA e cibersegurança. Segundo, a crescente participação de empresas estrangeiras na contratação desses trabalhadores. Dados da própria Deel indicam que a maioria dos profissionais brasileiros sob sua gestão atua para empregadores sediados fora do país e, na maior parte dos casos, é remunerada em dólares.

Na comparação mundial, os Estados Unidos se mantém no topo, com média anual de US$ 150 mil, seguidos de Canadá (US$ 121 mil) e Reino Unido (US$ 117 mil). Países da Europa Ocidental, como Países Baixos e Dinamarca, também aparecem entre os dez primeiros, todos acima de US$ 100 mil anuais. O Brasil, embora distante do pódio, desponta como o único representante latino-americano na metade superior da lista.

Demanda por IA e cibersegurança pressiona salários

O relatório da Deel corrobora tendência já observada por outras consultorias. Levantamento recente da Bain & Company, baseado em entrevistas com profissionais dos Estados Unidos, Alemanha, Índia, Reino Unido e Austrália, mostra que a remuneração média em funções ligadas à IA cresce cerca de 11% ao ano desde 2019, chegando a 56% em cargos altamente especializados. Segundo a Bain, a escassez global de talentos deve manter essa curva em ascensão pelo menos até 2026.

No mercado brasileiro, a disputa por profissionais de IA, dados e cibersegurança eleva os salários de 20% a 25% acima da média global, de acordo com o relatório da Deel. Além disso, pacotes de compensação que incluem participação acionária (equity) e benefícios flexíveis tornam as vagas ainda mais atrativas.

Desafios estruturais separam Brasil do topo mundial

Embora o resultado doméstico seja positivo, especialistas apontam barreiras que dificultam a aproximação com mercados como Estados Unidos e Canadá. Entre os principais entraves estão diferenças de produtividade setorial, custo de capital humano e maturidade do ecossistema de inovação. Também pesam questões fiscais e regulatórias, que elevam o custo total de contratação no país.

Outro ponto destacado é a ampla oferta de mão de obra para funções menos especializadas, o que pressiona a média geral para baixo. Segundo analistas, apenas um aumento consistente de produtividade e a expansão de empresas dispostas a pagar salários premium podem reduzir o fosso em relação às maiores economias.

Ranking completo dos 15 países pesquisados

Veja a média salarial anual (em dólares) apontada pela pesquisa:

1. Estados Unidos – 150 000
2. Canadá – 121 000
3. Reino Unido – 117 000
4. Países Baixos – 101 000
5. Dinamarca – 100 000
6. Austrália – 98 000
7. Polônia – 93 000
8. Espanha – 87 000
9. Singapura – 86 000
10. França – 82 000
11. Brasil – 67 000
12. México – 48 000
13. Argentina – 42 000
14. Colômbia – 37 000
15. Índia – 22 000

Impacto para o profissional brasileiro

Para quem atua – ou pretende atuar – no setor de tecnologia, o estudo reforça a importância de investir em competências de alta complexidade, sobretudo em IA e cibersegurança. Segundo especialistas, certificações internacionais, domínio do inglês e experiência prática em projetos globais aumentam significativamente a chance de acesso às vagas com remuneração em dólar. Na prática, isso pode significar ganhos muito acima da média nacional e maior exposição a desafios tecnológicos de ponta.

Empresas nacionais também sentem o efeito da pressão salarial. Com a possibilidade de trabalhar remotamente para empregadores estrangeiros, profissionais qualificados passam a exigir pacotes mais atrativos em território brasileiro, o que eleva custos de folha e obriga as organizações a rever estratégias de retenção de talento.

Curiosidade

Um dado menos conhecido do relatório mostra que o Brasil é o país com maior proporção de pagamentos via criptomoedas entre os 15 analisados, ainda que a fatia seja inferior a 5% do total. A preferência por ativos digitais cresce sobretudo entre profissionais que recebem em dólar e buscam proteger parte da renda de oscilações cambiais.

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