Blue Origin faz teste prolongado com foguete New Glenn e se aproxima de novo lançamento

Ciência

A Blue Origin executou, em 30 de outubro, um disparo estático de 38 segundos no primeiro estágio do foguete New Glenn, marcando uma das últimas etapas antes da próxima missão orbital da empresa. O ensaio ocorreu na plataforma do Complexo de Lançamento 36, na Estação da Força Espacial de Cabo Canaveral, Flórida, pouco antes das 23h (horário de Brasília).

38 segundos de queima para simular a fase de pouso

Durante o teste, os sete motores BE-4 foram acionados a 100 % de empuxo por 22 segundos. Em seguida, os motores sem capacidade de giro foram desligados após redução para 50 % de potência, enquanto os motores externos com giro controlado foram desativados e o motor central teve o empuxo elevado a 80 %. De acordo com Dave Limp, novo diretor-executivo da companhia, a sequência prolongada foi desenhada para reproduzir as condições do burn de pouso, permitindo avaliar a interação de fluidos nos dutos de motores ativos e inativos.

Especialistas da indústria lembram que testes estáticos costumam durar poucos segundos; portanto, a extensão para quase 40 segundos indica que a Blue Origin busca validar procedimentos de retorno e reutilização do estágio 1, ponto crucial para reduzir custos e competir em um mercado cada vez mais dominado por lançadores reutilizáveis.

Próxima missão da NASA depende do cronograma

Com o disparo estático concluído, o New Glenn será levado de volta ao hangar para a instalação da carga útil: dois satélites da missão ESCAPADE da NASA, que estudarão a magnetosfera de Marte. Depois de integrado, o veículo retornará à plataforma para as verificações finais.

A Blue Origin ainda não divulgou a data exata do lançamento, identificado internamente como NG-2. Fontes do setor indicam que a janela de oportunidade mais próxima começa em 9 de novembro. O voo será o segundo do New Glenn; o primeiro, realizado em janeiro, colocou a etapa superior em órbita com sucesso, mas perdeu o primeiro estágio durante a tentativa de pouso em uma balsa no Atlântico após falha de religamento dos motores.

Meta de pouso reforçada

Em conferência no início de outubro, executivos da empresa admitiram que tentar o pouso logo na estreia foi “ambicioso”, mas afirmaram que as lições aprendidas aumentam significativamente as chances de êxito no próximo voo. O estágio designado para o NG-2 foi apelidado de “Never Tell Me the Odds”, referência à franquia Star Wars; segundo Limp, as probabilidades de recuperação agora são “bem melhores” que a famosa estatística de 3.720 para 1 citada no filme.

Caso a descida aconteça como planejado, o mesmo booster poderá ser reutilizado na missão do módulo lunar Blue Moon Mark 1, prevista para os próximos meses. A reutilização rápida seria um passo importante para consolidar a abordagem de voos frequentes defendida pela empresa de Jeff Bezos.

Importância para o mercado de lançamentos

O New Glenn é um lançador pesado de duas etapas, capaz de transportar até 45 toneladas para órbita baixa. Alimentados por metano líquido e oxigênio, os motores BE-4 também equipam o foguete Vulcan da United Launch Alliance, ampliando o interesse da indústria na estabilidade e no desempenho do propulsor.

Segundo dados oficiais do setor, a demanda por lançadores de grande capacidade tende a crescer, impulsionada por constelações de satélites de banda larga e missões científicas interplanetárias. Empresas e agências buscam fornecedores capazes de cumprir cronogramas apertados e oferecer custos competitivos. O sucesso do New Glenn poderá diversificar a oferta, hoje concentrada principalmente na SpaceX.

Desdobramentos potenciais

Além de transportar as sondas ESCAPADE, o próximo voo servirá como demonstração crucial para o programa de pouso lunar Blue Moon, selecionado pela NASA no âmbito do projeto Artemis. Caso a Blue Origin comprove a capacidade de pouso controlado e reúso do primeiro estágio, a confiança de clientes institucionais e comerciais tende a aumentar, abrindo caminho para contratos de maior valor.

Para o leitor, esse avanço pode significar acesso mais rápido a serviços de banda larga via satélite, novos projetos de pesquisa espacial e até oportunidades de turismo suborbital mais baratas no longo prazo.

Curiosidade

A escolha do nome “Never Tell Me the Odds” para o booster segue a tradição da Blue Origin de fazer referências culturais. Em Star Wars: O Império Contra-Ataca, Han Solo responde “Nunca me diga as probabilidades!” ao ser informado de chances mínimas de sucesso. A empresa adota o espírito da frase para reforçar sua confiança em conseguir pousar um estágio que pesa cerca de 300 toneladas vazio, mostrando que, mesmo em meio a estatísticas rigorosas, há espaço para otimismo calculado na corrida espacial.

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