Blue Origin realiza sexto voo tripulado do ano e planeja operações semanais

Tecnologia

A Blue Origin completou, em 8 de outubro, o sexto voo tripulado da cápsula New Shepard em 2025, mantendo o ritmo de lançamentos suborbitais que a empresa pretende acelerar nos próximos anos. A decolagem ocorreu às 9h40 (horário da Costa Leste dos EUA) a partir do Launch Site One, no oeste do Texas. A missão NS-36 levou seis passageiros ao espaço suborbital, atingindo 106 quilômetros de altitude antes de retornar em segurança pouco mais de dez minutos após o lançamento.

Detalhes da missão e passageiros a bordo

O voo utilizou a cápsula RSS First Step, a mesma que vem transportando clientes desde 2021. Entre os passageiros estava Will Lewis, presidente de uma companhia de biotecnologia e ex-banqueiro de investimentos, cuja identidade foi divulgada apenas depois do pouso, atendendo a um pedido de confidencialidade prévio. Os outros cinco assentos foram ocupados por clientes que optaram pela divulgação de seus nomes, incluindo Clint Kelly III, que já havia participado da missão NS-22 em agosto de 2022. Com esse segundo embarque, Kelly torna-se a sexta pessoa a voar duas vezes com a New Shepard.

De acordo com Phil Joyce, vice-presidente sênior responsável pelo programa, alguns passageiros preferem permanecer sentados durante os poucos minutos de microgravidade, enquanto outros aproveitam o tempo para realizar acrobacias em gravidade quase zero. A empresa planejava entrevistar Kelly durante a transmissão ao vivo para comentar sua experiência, mas a participação foi cancelada devido a problemas de comunicação.

Esta foi a oitava operação da New Shepard em 2025, considerando dois voos dedicados exclusivamente a cargas científicas. Todos ocorreram a partir do mesmo local de lançamento, reforçando o padrão de utilização de infraestrutura fixa que a Blue Origin quer expandir.

Expansão da frota e metas de frequência

Segundo a própria Blue Origin, a procura pelas viagens suborbitais “permanece forte”, com vendas diárias e uma lista de espera que já ultrapassa um ano. Para acompanhar essa demanda, a companhia planeja sair da cadência atual — quase mensal — para lançar semanalmente até 2027. A estratégia envolve a adição de três veículos New Shepard à frota existente, além de melhorias no motor BE-3 para reduzir o tempo de preparo entre voos e diminuir custos operacionais.

A empresa estima que sete dias é o intervalo mínimo viável para aproveitar a infraestrutura do Launch Site One sem congestionamentos. Contudo, atingir essa meta exigirá a viabilização de novos locais de lançamento. Joyce afirmou que a Blue Origin está em busca de parceiros dispostos a financiar instalações adicionais, possivelmente fora dos Estados Unidos, com o objetivo de diversificar operações e evitar gargalos logísticos.

Se esses planos se concretizarem, a New Shepard poderá transportar, em média, dezenas de passageiros por mês, ampliando significativamente o mercado de turismo espacial suborbital. Especialistas do setor apontam que a concorrência direta com empresas como Virgin Galactic tende a acelerar inovações técnicas e, eventualmente, reduzir preços para o consumidor final.

Impacto para o mercado de turismo espacial

O avanço da Blue Origin ocorre em um contexto de crescimento global do turismo espacial, estimado por relatórios independentes em valores superiores a US$ 3 bilhões na próxima década. O modelo suborbital, por exigir menos energia do que missões orbitais, permite ciclos de voo mais curtos e investimento inicial relativamente menor. Além disso, os dados coletados em voos com cargas científicas servem de base para experimentos em microgravidade, beneficiando setores como farmacêutico, biotecnologia e pesquisa de materiais.

Com o anúncio da nova frota, a empresa indica intenção de reduzir o custo por assento e, simultaneamente, aumentar a receita total, apoiada por uma demanda que, segundo dados internos, “cresce a cada semana”. Caso o programa alcance a cadência semanal planejada, analistas preveem que a Blue Origin poderá estabelecer um novo padrão de frequência no segmento suborbital, influenciando rivais e atraindo novos investidores para projetos semelhantes.

Para os entusiastas e possíveis passageiros, a perspectiva de vôos mais frequentes significa maior flexibilidade de agenda e, potencialmente, tarifas mais competitivas. Na prática, isso pode reduzir barreiras de entrada para um público mais amplo, transformando o que hoje é uma experiência de alto custo em uma opção mais acessível a médio prazo.

Se o cronograma adicional de pistas de lançamento avançar, a descentralização geográfica também pode estimular o turismo local em regiões escolhidas para receber as bases, gerando empregos e infraestrutura especializada.

Curiosidade

Embora o voo NS-36 tenha alcançado 106 quilômetros de altitude, ultrapassando a Linha de Kármán — limite internacionalmente aceito para o espaço —, esse ponto é apenas 1,5% da distância até a órbita baixa da Terra. Ou seja, em termos relativos, os passageiros viajaram muito mais “para cima” do que qualquer avião comercial, mas ainda estão longe de completar uma volta ao planeta, como ocorre nos voos orbitais.

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