A Beyond Gravity, fornecedora suíça de sistemas espaciais, anunciou um salto na produção de mecanismos de acionamento de painéis solares e sinalizou planos de reforçar a fabricação nos Estados Unidos. A empresa dobrou a área de sala limpa em Zurique para 225 m², o que permitiu multiplicar por cinco a capacidade anual, agora estimada em 200 unidades.
Expansão na Europa atende constelações soberanas
Segundo executivos da companhia, o aumento da demanda na Europa está ligado a programas como o IRIS², a futura rede de banda larga multi-órbita da União Europeia, e a outras constelações que buscam independência tecnológica. Oliver Grassmann, vice-presidente executivo de satélites, afirmou que apenas em 2024 já foram entregues mais mecanismos do que nos três anos anteriores somados, reflexo direto da construção de frotas de satélites com vida útil mais curta e ciclos de reposição acelerados.
Com a nova estrutura, a Beyond Gravity diz ter alcançado ganhos de eficiência semelhantes aos obtidos na unidade norte-americana, graças a processos de fabricação automatizados e fluxos de montagem padronizados. O modelo operacional também reduz o tempo entre o pedido e a entrega, um ponto considerado decisivo por operadores de constelações que trabalham com cronogramas apertados.
Instalação na Flórida pronta para atender a demanda militar
No mercado norte-americano, a Beyond Gravity opera numa instalação de 2.000 m² em Titusville, próxima ao Cabo Canaveral, e mantém outros 2.000 m² reservados para expansão. A companhia espera um pico de solicitações associado aos satélites da Agência de Desenvolvimento Espacial dos EUA e ao programa de defesa antimísseis Golden Dome, avaliados em bilhões de dólares.
De acordo com Grassmann, as linhas de montagem na Flórida já contam com alto grau de automação, o que facilitaria a duplicação da capacidade sem grandes interrupções. O executivo destacou que o objetivo é replicar o modelo europeu: “Estamos prontos para responder rapidamente quando os contratos forem assinados”, afirmou.
Hoje, a empresa fornece mecanismos solares para plataformas de diversos portes, desde microssatélites até satélites geoestacionários de telecomunicações. Entre os clientes estão a missão Artemis, da NASA, e a sonda Hera, da Agência Espacial Europeia, lançada em outubro de 2024.
Tecnologia de dois eixos amplia eficiência energética
Para atender às exigências de órbitas baixas, onde a iluminação muda rapidamente, a Beyond Gravity desenvolve um mecanismo modular de dois eixos capaz de orientar as “asas” solares em mais direções. A solução, que complementa os modelos de eixo único já disponíveis, deve ser oferecida para encomendas a partir de meados do próximo ano, após testes adicionais.
Conforme explica Alexandra Isele, vice-presidente de soluções mecânicas para satélites, o desafio central é garantir fonte de energia contínua. Células multijunção especializadas atingem cerca de 30 % de eficiência no espaço, mas a orientação constante das placas pode elevar esse índice para aproximadamente 50 %. “Sem sistemas de rastreamento, seriam necessários painéis significativamente maiores, encarecendo produção e lançamento”, observa a executiva.
Tendências de mercado impulsionam produção em massa
Especialistas do setor apontam que a industrialização de satélites, puxada por grandes constelações em órbita baixa, está redefinindo a logística de suprimentos. A expectativa de vida reduzida — em parte devido ao aumento de reentradas controladas e do ritmo de atualização tecnológica — força fornecedores a adotarem métodos de fabricação em série. Nesse contexto, componentes como os mecanismos solares ganham protagonismo ao permitir projetos mais compactos e econômicos.

Imagem: Beyd Gravity
Relatórios de consultorias independentes indicam que, nos próximos cinco anos, a procura por subsistemas de orientação de painéis deve crescer em ritmo superior a 20 % ao ano, refletindo a proliferação de serviços de comunicação, observação da Terra e defesa. A estratégia da Beyond Gravity de operar em dois continentes mira justamente essa expansão, oferecendo alternativas localizadas para atender exigências de soberania nacional e requisitos de segurança.
O que muda para o usuário final
Para quem utiliza ou investe em serviços baseados em satélites, o aumento de produção desses mecanismos significa maior disponibilidade de constelações de banda larga, monitoramento ambiental e aplicações de segurança. Em termos práticos, redes mais densas e bem abastecidas podem traduzir-se em conexões de internet via satélite com menor latência, imagens de alta resolução entregues em tempo real e resposta mais rápida a ameaças globais.
Curiosidade
Os mecanismos de acionamento solar não são novidade: versões iniciais foram empregadas na década de 1960 em missões de sondas interplanetárias. O salto de eficiência, porém, ocorreu graças ao uso de ligas metálicas leves e motores sem escova, tecnologias que também equipam drones e veículos elétricos. A mesma precisão que mantém painéis alinhados a 36.000 km de altitude influencia, hoje, o desenvolvimento de plataformas solares terrestres que acompanham o movimento do Sol em usinas fotovoltaicas.
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