Um estudo publicado nesta quarta-feira (19) indica que o ato de beijar é muito mais antigo do que se imaginava. A pesquisa, divulgada na revista Evolution and Human Behavior, conclui que o comportamento apareceu no ancestral comum dos grandes símios – grupo que reúne humanos, chimpanzés, orangotangos e gorilas – entre 21,5 e 16,9 milhões de anos atrás. Segundo os autores, trata-se da primeira reconstrução filogenética que rastreia a prática em diferentes espécies, reforçando que o beijo não é uma invenção exclusivamente humana.

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Método compara espécies e redefine o que é “beijo”
Para investigar a origem do gesto, a equipe de primatologistas precisou, antes de tudo, estabelecer uma definição ampla. Eles classificaram beijo como uma interação social, intraespecífica, não agressiva, com contato boca-a-boca e movimentação dos lábios, sem transferência de alimento. Essa descrição afasta práticas como premastigação, trofalaxia ou disputas agressivas vistas em alguns peixes, focando apenas na função social ou afiliativa do contato oral-oral.
Com essa regra, comportamentos semelhantes ao beijo foram registrados não apenas entre primatas, mas também em lobos, ursos-polares, albatrozes-de-Galápagos e até algumas espécies de formigas. Ainda assim, a maior concentração de ocorrências aparece entre hominídeos. A exceção curiosa está nos gorilas orientais, únicos grandes símios que não demonstram o gesto.
Utilizando modelos bayesianos de reconstrução filogenética, os pesquisadores mapearam quando e em quais linhagens o beijo aconteceu. Os resultados apontam que o comportamento surgiu uma única vez no ancestral comum dos grandes símios e foi mantido nas linhagens seguintes. Em macacos do Velho Mundo, contudo, o beijo parece ter evoluído de forma independente até sete vezes, sugerindo vantagem adaptativa em contextos específicos.
Funções evolutivas e riscos envolvidos
Especialistas em comportamento animal ressaltam que o beijo envolve custos aparentes, como a potencial troca de patógenos. A manutenção desse hábito ao longo de milhões de anos indica, portanto, benefícios que superam tais riscos. Segundo o estudo, as vantagens variam conforme o contexto em que a interação ocorre.
Em situações reprodutivas, o contato oral permite avaliar pistas olfativas sobre saúde, compatibilidade genética e estado hormonal do parceiro, aumentando a chance de combinações férteis. A troca de estímulos também eleva a excitação pré-copulatória, fator que, de acordo com dados comparativos, pode favorecer a fertilização.
Já em cenários sociais, o beijo atua como mecanismo de coesão em espécies altamente gregárias. Entre chimpanzés, por exemplo, o gesto é usado para reconciliar indivíduos após conflitos. Relatórios de campo revelam ainda que, em lobos, o contato boca-a-boca ajuda a reforçar laços de hierarquia dentro do grupo.
Outra hipótese abordada no artigo sugere que o beijo sirva à transmissão de microrganismos benéficos. Estudos sobre microbioma oral indicam que humanos e neandertais partilhavam bactérias semelhantes, o que requer interação íntima frequente. Esse intercâmbio de flora poderia fortalecer o sistema imunológico das populações envolvidas, gerando vantagem de longo prazo.

Imagem: ORI PRODUCTI
Impactos para a ciência e para o público
Ao demonstrar que o beijo antecede a própria espécie humana, o trabalho amplia o debate sobre quais comportamentos são inatos e quais são adquiridos culturalmente. Segundo a equipe, o fato de apenas 46% das sociedades humanas atuais adotarem o beijo como prática romântica reforça a ideia de que fatores culturais podem suprimir ou ressignificar um traço evolutivo antigo.
Para o leitor, a principal consequência prática é compreender que um gesto cotidiano carrega milhões de anos de história biológica. A constatação também abre caminhos para estudos em saúde pública: compreender como a troca de saliva moldou microbiomas no passado pode ajudar na análise de doenças infecciosas hoje.
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Curiosidade
Ainda que o beijo esteja documentado em menos da metade das culturas humanas modernas, ele é quase onipresente nos grandes símios. Em orangotangos, observadores registraram beijos acompanhados de delicados estalos, como parte de rituais de acasalamento. Esse comportamento, preservado em zoológicos e habitats naturais, sugere que as raízes do gesto se mantiveram estáveis apesar de ambientes e pressões seletivas diferentes.
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