Uma aeronave do 53º Esquadrão de Reconhecimento Meteorológico da Força Aérea dos Estados Unidos realizou, na segunda-feira (27), uma missão de coleta de dados dentro do furacão Melissa, tempestade que alcançou a categoria 5 antes de atingir a Jamaica. O voo produziu imagens de alta resolução que mostram o chamado efeito estádio, formação típica dos ciclones tropicais mais intensos, quando as paredes de nuvens se curvam para fora em camadas sucessivas.
Missão de alto risco coleta dados cruciais
O aparelho, equipado com câmeras de 8K posicionadas em diferentes janelas, atravessou três vezes a parede do furacão para medir pressão, temperatura, umidade e velocidade do vento. Segundo comunicado divulgado pelo esquadrão em 28 de outubro, as informações foram transmitidas em tempo real ao Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC), entidade responsável por atualizar modelos de previsão e emitir alertas para os países do Caribe.
Relatos da tripulação indicam que a aeronave enfrentou turbulência severa durante a passagem pelo núcleo da tempestade. Procedimentos padrão de segurança, como inspeção completa da fuselagem e dos sistemas eletrônicos, foram acionados assim que o avião retornou à base. De acordo com especialistas da Força Aérea, esse tipo de operação só é autorizado quando os benefícios previstos para a meteorologia superam o risco para a equipe.
Furacão quebra recordes na Jamaica
Ao tocar o solo jamaicano na terça-feira (28), Melissa registrou ventos sustentados de 298 km/h, tornando-se o furacão mais forte já observado no país, segundo dados oficiais do NHC. Com a redução gradual da velocidade para 270 km/h, a tempestade permanece na categoria 5, patamar máximo da escala Saffir-Simpson e equivalente a outras grandes ocorrências, como o furacão Dorian (2019) e o furacão do Labor Day (1935).
A Organização Meteorológica Mundial (OMM) classificou o evento como “tempestade do século” para o território jamaicano, alertando para risco extremo de inundações, deslizamentos de terra e marés de tempestade. Autoridades locais decretaram estado de emergência em todas as paróquias costeiras e acionaram abrigos em áreas sujeitas a elevação do nível do mar.
Dados melhoram previsões e salvam vidas
Segundo técnicos do NHC, medições feitas por esquadrões de reconhecimento reduzem a margem de erro nas projeções de trajetória em até 20%. Esse ganho produz avisos mais precisos para populações em risco, permitindo evacuações planejadas e distribuição antecipada de suprimentos. Relatórios indicam que o furacão deverá seguir rumo norte-nordeste depois de cruzar a Jamaica, com potencial de alcançar Cuba e Bahamas ainda nesta semana.
Meteorologistas apontam que, mesmo com o enfraquecimento natural após o contato com terra, Melissa manterá capacidade destrutiva significativa sobre sistemas elétricos, infraestrutura portuária e plantações. O governo jamaicano trabalha com a estimativa de que a reconstrução de estradas e redes de distribuição possa demandar recursos superiores a US$ 500 milhões, valor semelhante ao investido após a passagem do furacão Ivan, em 2004.
Histórico e comparação com eventos anteriores
Antes de Melissa, apenas duas tempestades atingiram velocidade comparável na bacia do Atlântico: Dorian e o furacão do Labor Day. Em ambos os casos, a combinação de ventos acima de 290 km/h e marés superiores a quatro metros provocou danos catastróficos em áreas costeiras. De acordo com pesquisadores da Universidade da Flórida, as imagens captadas nesta missão confirmam padrões estruturais semelhantes, reforçando a hipótese de que a intensificação rápida se relaciona ao aquecimento anômalo das águas do Caribe.

Imagem: NOAA
Modelos computacionais sugerem que a tendência de formação de furacões de categoria máxima pode aumentar se as temperaturas superficiais permanecerem acima da média histórica. Esse cenário pressiona governos da região a revisar planos de evacuação e investir em sistemas de alerta precoce baseados em satélites de alta resolução e aeronaves de reconhecimento.
Impacto direto para a população
Para os moradores da Jamaica e de outras ilhas caribenhas, o trabalho de coleta de dados realizado pelo 53º Esquadrão representa mais do que uma proeza técnica: ele está diretamente ligado à rapidez com que alertas são emitidos e rotas de evacuação são traçadas. Segundo a Defesa Civil da Jamaica, a antecipação de 12 horas na emissão dos avisos permitiu ampliar em 30% o número de pessoas deslocadas para abrigos seguros antes da chegada dos ventos mais fortes.
Para o leitor, entender como esses voos operam ajuda a compreender por que aplicativos de previsão do tempo ou boletins televisivos conseguem indicar hora e local de impacto com maior precisão. Em um contexto de eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes, essa informação pode fazer diferença no planejamento de viagens, negócios e até no seguro residencial.
Curiosidade
Nem sempre foi possível monitorar furacões a partir do interior da tempestade. A primeira incursão consciente de um avião em um ciclone tropical ocorreu em 1943, quando um piloto da Força Aérea dos EUA entrou no furacão de surpresa para provar a robustez de uma aeronave militar. Hoje, as missões seguem protocolos rígidos, mas a essência permanece: chegar o mais perto possível do olho do furacão para transformar risco em conhecimento científico e proteção às comunidades.
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