Melissa Navia, intérprete da tenente Erica Ortegas em Star Trek: Strange New Worlds, descreveu recentemente qual momento da terceira temporada foi mais pessoal para ela. A atriz destacou a sequência exibida no episódio “Wedding Bell Blues”, em que a piloto observa uma festa a distância, incapaz de se unir aos colegas. Segundo Navia, essa breve passagem reflete com fidelidade a dificuldade de celebrar quando traumas ainda estão em processo de cicatrização.
Experiência pessoal influencia atuação
Ao comentar o roteiro, Melissa Navia contou que perdeu o companheiro, Brian Bannon, vítima de leucemia aguda, entre as filmagens da primeira e da segunda temporada da série. A ausência repentina, explicou, aproximou-a da jornada emocional de Ortenas, que lida com lembranças intensas após sobreviver a um confronto com a espécie Gorn. “Quando vejo a personagem sorrindo de fora da pista de dança, sinto a mesma incapacidade que muitas pessoas enfrentam após um luto”, afirmou a atriz.
Especialistas em psicologia clínica observam que representações de fragilidade em cenários de ficção científica ajudam a normalizar discussões sobre saúde mental. A abordagem da produção reforça o entendimento de que o sofrimento pós-traumático não escolhe contexto: pode afetar desde militares em missões espaciais fictícias até espectadores no cotidiano.
Aviões, ficção e representatividade
Além da conexão emocional, Melissa Navia se identifica com o lado profissional da tenente Ortegas. Antes de ingressar em Star Trek, a atriz chegou a realizar voos introdutórios com a intenção de tirar licença de piloto privado, mas adiou o plano por questões financeiras. O papel atual lhe permite, em suas palavras, “viver parcialmente esse sonho”.
Relatórios da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) indicam que apenas 5% dos pilotos comerciais no mundo são mulheres, percentual ainda menor entre latino-americanas. Ver uma colombiano-americana ocupar o posto de timoneira numa franquia de alcance global contribui para ampliar horizontes de públicos sub-representados. Navia afirma receber relatos de crianças que desejam seguir carreira na aviação depois de assistir à série, sinal de impacto direto na formação de referências.
Detalhes da cena que ganhou relevância
No episódio citado, a tripulação da Enterprise comemora após um casamento interrompido, mas a helmsman opta por treinar sozinha, usando um saco de pancadas para extravasar tensão. A simplicidade do enquadramento contrasta com as luzes coloridas da pista de dança ao fundo, reforçando a sensação de isolamento. De acordo com roteiristas que trabalham na franquia, a intenção era ilustrar que nem todos conseguem deixar preocupações de lado mesmo em momentos festivos, tema que se tornou recorrente em produções contemporâneas.
Segundo dados do Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos, cerca de 8% da população experimenta transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) ao longo da vida. Inserir essa realidade em universos fantasiosos, pontuam pesquisadores de mídia, pode favorecer empatia e estimular a procura por ajuda profissional.
Trajetória de superação por trás das câmeras
Entre a primeira e a segunda temporada, Melissa Navia precisou manter cronograma de gravações enquanto processava a perda pessoal. A atriz relatou que colegas de elenco e equipe ofereceram suporte, criando um ambiente de trabalho acolhedor. Esse respaldo se reflete no desenvolvimento de Erica Ortegas, que nas temporadas mais recentes ganha camadas de vulnerabilidade sem abrir mão da competência técnica.
Além de compartilhar sentimentos em convenções de fãs, Navia passou a pesquisar a história da aviação feminina. Atualmente, lê o livro Fly Girls, obra que resgata pioneiras dos anos 1920 e 1930. O aprofundamento nesse tema, disse, enriquece a construção da personagem e fortalece seu compromisso com a representação de mulheres na aviação.
Imagem: Internet
Impacto para o público e para a indústria
A junção de narrativa espacial, luta interna e inspiração profissional produz efeitos tangíveis no mercado de entretenimento. Plataformas de streaming observam alto engajamento em episódios que abordam saúde mental com equilíbrio, sem transformar o tema em artifício dramático único. Para o público, a cena discutida acrescenta nuance e oferece espelho para quem enfrenta dificuldade semelhante.
No campo da aviação, analistas avaliam que personagens como Ortegas ajudam a reduzir barreiras culturais que afastam meninas de disciplinas STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática). Caso a tendência se mantenha, companhias aéreas poderão contar com novos perfis de candidatos, diversificando quadros técnicos a médio prazo.
Se você acompanha Star Trek: Strange New Worlds, a abordagem realista de Melissa Navia pode influenciar sua percepção sobre saúde mental e reforçar a importância de procurar apoio especializado quando necessário. Além disso, a visibilidade de uma mulher latino-americana como piloto pode ampliar expectativas de carreira para jovens que se identificam com a personagem.
Curiosidade
Durante eventos de fãs, Melissa Navia costuma usar jaquetas inspiradas em aviadores clássicos, homenagem às primeiras mulheres que romperam barreiras nos céus. Uma delas é Bessie Coleman, primeira piloto afro-americana, que obteve licença em 1921 na França porque escolas dos EUA não aceitavam mulheres negras. A atriz afirma que lembrar dessas pioneiras a ajuda a interpretar Ortenas com ainda mais respeito à história da aviação.
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