Nem todos os seres vivos são visíveis a olho nu. Em praticamente todos os ecossistemas há criaturas milimétricas que passam despercebidas, mas exercem funções ecológicas importantes. Entre esses organismos estão oito grupos de animais microscópicos que chamam a atenção pelo tamanho diminuto e pelas estratégias de sobrevivência em condições adversas.
Organismos presentes em casas, florestas e corpos d’água
Ácaros da poeira pertencem ao gênero Dermatophagoides e medem de 0,2 a 0,3 milímetro. Eles ocupam colchões, cortinas e travesseiros, onde se alimentam de fragmentos de pele humana. Apesar de não picarem, resíduos corporais desses artrópodes podem desencadear alergias respiratórias, segundo especialistas.
Tardígrados, popularmente chamados de “ursos-d’água”, variam entre 0,1 e 1,5 milímetro. Espécies terrestres vivem em musgos e líquens, enquanto outras habitam ambientes aquáticos. Quando o entorno seca, entram em criptobiose, estado em que o metabolismo quase zera. Nessa forma, resistem ao congelamento, à radiação e até ao vácuo espacial, característica que continua a intrigar a comunidade científica.
Rotíferos têm entre 0,1 e 0,5 milímetro e ocupam poças, lagoas e musgos úmidos. Ao redor da cabeça, uma coroa de cílios cria movimentos ondulatórios que direcionam partículas de alimento para a boca e auxiliam na locomoção. Esses animais também recorrem à criptobiose para suportar períodos prolongados de seca.
Habitantes de zonas profundas e sedimentos marinhos
Loricíferos medem de 0,1 a 0,5 milímetro e vivem fixos entre grãos de areia no fundo do mar. O corpo é protegido por uma lorica rígida que funciona como armadura. Mesmo em regiões sem oxigênio, esses animais permanecem ativos, o que os mantém entre os grupos menos compreendidos pela ciência.
Halicephalobus mephisto alcança até 0,56 milímetro e é o animal multicelular mais profundo já encontrado. Esse nematódeo suporta temperaturas de 37 °C, pressões elevadas e baixos teores de oxigênio. A descoberta da espécie em camadas subterrâneas reforçou a possibilidade de vida complexa em ambientes antes considerados exclusivos de microrganismos unicelulares.
Limnognathia reúne duas espécies de água doce: L. maerski, descrita na Groenlândia e Espanha, e L. desmeti, registrada nas Ilhas Crozet. Com apenas 0,1 a 0,15 milímetro, apresentam corpo transparente coberto por fileiras de cílios. Mandíbulas internas formadas por múltiplas peças microscópicas projetam-se para capturar partículas alimentares.
Quinorrincos, também chamados de dragões-de-lodo, atingem entre 0,1 e 1 milímetro e vivem enterrados em sedimentos marinhos. O corpo alongado possui onze segmentos recobertos por cutícula resistente. A cabeça retrátil, equipada com espinhos quitinosos, ajuda na escavação e no deslocamento pelo substrato.
Gastrotríquios variam de 0,06 a 3 milímetros e habitam sedimentos em ambientes marinhos e de água doce. O corpo achatado ventralmente é recoberto por cílios que facilitam a locomoção. Na extremidade posterior, glândulas adesivas permitem fixação temporária ao substrato, contribuindo para o equilíbrio de ecossistemas aquáticos ao reciclar matéria orgânica.

Imagem: Shutterstock
Impacto científico e ambiental
Relatórios indicam que a resistência desses animais a condições extremas inspira pesquisas em biotecnologia, criopreservação e astrobiologia. O estudo dos tardígrados, por exemplo, ajuda a compreender como proteínas especiais protegem células contra radiação. Já a descoberta de H. mephisto amplia o debate sobre possíveis formas de vida em ambientes subterrâneos de outros planetas.
No âmbito ambiental, ácaros da poeira influenciam a qualidade do ar doméstico, enquanto rotíferos e gastrotríquios favorecem a ciclagem de nutrientes em corpos d’água. O conhecimento sobre essas funções pode orientar estratégias de saúde pública e conservação.
Para o leitor, entender a presença e a importância desses organismos torna mais claro como fatores invisíveis podem impactar o cotidiano, desde alergias respiratórias até a manutenção de ecossistemas que garantem qualidade da água.
Curiosidade
Entre todos os animais listados, o tardígrado é o único que já foi enviado ao espaço em experimentos de microgravidade. Pesquisadores observaram que, mesmo expostos ao vácuo e à radiação solar direta, alguns indivíduos sobreviveram ao retorno à Terra. Esse feito reforça a capacidade de adaptação extrema do grupo e motiva estudos sobre os limites da vida fora do planeta.
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