A Marinha da Alemanha deu um passo importante na modernização de suas defesas ao incorporar uma arma a laser com potência de 20 kW, desenvolvida pelas empresas Rheinmetall e MBDA. O sistema, que já passou por mais de 100 disparos de teste, será instalado em embarcações de superfície e deverá entrar em operação regular até 2029.
Como funciona o laser antimísseis
De acordo com informações oficiais, o equipamento concentra um feixe de alta energia capaz de aquecer rapidamente a superfície de alvos aéreos. Ao atingir drones, foguetes ou projéteis de artilharia, a ação térmica compromete componentes eletrônicos e estruturais, levando à queda ou à desintegração do objeto. A Rheinmetall explica que a saída de 20 kW foi escolhida para garantir eficiência contra ameaças leves e rápidas, mas a plataforma é escalável: versões futuras devem superar 100 kW, ampliando a capacidade contra aeronaves maiores e mísseis de cruzeiro.
O sistema pode ser instalado em caminhões, blindados ou navios, permitindo deslocamento rápido para regiões vulneráveis. Nas embarcações, o laser será integrado ao radar de bordo, que identifica e rastreia o alvo antes do disparo. Em seguida, um espelho orientável direciona o feixe até o ponto crítico, neutralizando o perigo em segundos.
Por que a Alemanha decidiu investir em laser
A invasão russa à Ucrânia evidenciou a efetividade de drones kamikaze e munições vagantes em campos de batalha. O baixo custo dessas aeronaves não tripuladas contrasta com o preço elevado de sistemas tradicionais de interceptação. Nesse contexto, armas de energia dirigida tornam-se economicamente vantajosas: cada disparo consome apenas eletricidade, evitando o gasto recorrente com mísseis interceptores.
Autoridades alemãs também destacam a necessidade de proteger rotas marítimas e instalações navais. Navios escolta, fragatas e futuros porta-helicópteros poderão utilizar o laser para criar uma “cúpula” defensiva contra enxames de drones, morteiros ou foguetes disparados a curta distância. Segundo especialistas em defesa, a rapidez de engajamento garante maior taxa de acerto em comparação com canhões rotativos ou metralhadoras antiaéreas.
Testes e próximos passos
Durante a fase de avaliação, o protótipo realizou mais de 100 disparos em alvos reais e simulados, confirmando precisão e repetibilidade. Relatórios indicam que o feixe manteve estabilidade mesmo em condições de mar agitado, fator determinante para uso naval. O próximo estágio envolve integração completa ao sistema de comando e controle dos navios, além de treinamentos com tripulações.
A Rheinmetall afirma que a arquitetura modular permite a adição de fontes de energia extras para alcançar potências maiores. A meta é disponibilizar unidades acima de 100 kW antes de 2030, capazes de lidar com mísseis hipersônicos e aeronaves de asa fixa. O governo alemão não divulgou o investimento total, mas analistas estimam orçamento na casa de centenas de milhões de euros, distribuídos ao longo da década.
Impacto para as Forças Armadas e para o mercado
Para os militares, o laser representa uma alternativa de baixo custo operacional e alta cadência de disparo. Cada tiro elétrico elimina a necessidade de estoques volumosos de munição física, reduz reabastecimentos e simplifica a logística a bordo. No setor industrial, o projeto impulsiona a cadeia de fornecedores de óptica de precisão, geradores de alta capacidade e sistemas de rastreamento.
Empresas de defesa de outros países acompanham de perto o programa alemão. Estados Unidos, Israel e Austrália testam tecnologias semelhantes, mas poucos sistemas atingiram maturidade suficiente para implantação naval. A competição deve acelerar inovações, inclusive no segmento de contramedidas contra lasers, como revestimentos refletivos ou manobras evasivas automatizadas.

Imagem: Mike Mareen
Para o público civil, a adoção de armas de energia dirigida pode influenciar políticas de exportação e regulamentações de uso de drones recreativos nas proximidades de instalações críticas. Usuários comerciais de veículos aéreos não tripulados, como empresas de entrega e mapeamento, também podem enfrentar zonas de exclusão mais rígidas.
No curto prazo, especialistas ressaltam que o laser não substitui completamente sistemas convencionais. Mísseis de longo alcance, canhões de 76 mm e metralhadoras continuam essenciais para cenários de alta intensidade. Entretanto, a nova tecnologia oferece uma camada adicional de proteção, especialmente contra ameaças saturadas por número.
Curiosidade
Embora pareça futurista, a ideia de usar energia concentrada em combate surgiu ainda nos anos 1960, quando a NASA pesquisava lasers para defesa orbital. Décadas depois, avanços em baterias e fibras ópticas permitem que um “raio da morte” caiba em um contêiner naval. O curioso é que, quanto mais seco o ar e menor a umidade, maior a efetividade do feixe, tornando o clima um “aliado” inesperado dessas armas.
Para quem acompanha evoluções militares, a integração do laser alemão sinaliza que os campos de batalha do futuro devem combinar interceptação eletromagnética e cinética, alterando estratégias de ataque e defesa.
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