A NASA confirmou que a antena de 70 metros DSS-14, localizada no complexo Goldstone, Califórnia, está fora de operação desde 16 de setembro. O equipamento integra a Deep Space Network (DSN) e é essencial para contato com sondas que viajam além da órbita de Marte. A agência informou que a estrutura “sobre-rotacionou”, ocasionando danos em cabos, tubulações e no sistema de combate a incêndio, que chegou a inundar parte da base.
Interrupção sem prazo e investigação em curso
Segundo o Jet Propulsion Laboratory (JPL), responsável pela rede, a antena permanece inativa enquanto um mishap investigation board avalia as causas do incidente. Não há previsão oficial para o retorno das operações. Técnicos inspecionam componentes mecânicos e elétricos, além de definir um plano de reparo. Relatórios internos destacam que o DSS-14 é a maior antena do sítio Goldstone e uma das três estruturas de 70 m da DSN — as outras ficam em Madri, Espanha, e em Canberra, Austrália.
Especialistas lembram que interrupções prolongadas não são inéditas. Em 2020, a antena australiana DSS-43 ficou 11 meses sem transmitir, durante uma modernização que incluiu novos amplificadores de alta potência. O caso atual, porém, foi inesperado e ocorre em um momento de forte demanda sobre a rede.
Pressão crescente sobre a Deep Space Network
A DSN opera 24 h por dia para receber dados e enviar comandos a mais de 40 missões ativas, entre elas Voyager 1, Voyager 2, James Webb Space Telescope e as sondas que orbitam Marte. De acordo com auditoria do Office of Inspector General (OIG) publicada em 2023, a infraestrutura já estava “sobrescrita” antes mesmo da falha em Goldstone. O relatório apontou que o número de solicitações supera a capacidade prevista, cenário que deve se agravar com futuras missões a Lua e a Marte.
Durante a missão Artemis 1, em 2022, a DSN precisou priorizar a cápsula Orion e seus cubesats, reduzindo horários para telescópios e sondas científicas. “Quando o Artemis entra em cena, todos os demais se movem”, afirmou Suzanne Dodd, diretora do Interplanetary Network Directorate do JPL, em reunião de 2023. Ela advertiu que cortes orçamentários complicam a manutenção de antenas já envelhecidas.
Possíveis impactos nas missões em curso
O DSS-14 é classificado como ativo estratégico por sua alta sensibilidade e potência de transmissão. Ele costuma ser reservado para sondas em trajetórias críticas ou distantes, como Voyager 1 e Voyager 2, localizadas na fronteira do espaço interestelar. Embora outras antenas possam suprir parte da demanda, técnicos explicam que a redistribuição de tempo de antena encurta janelas de comunicação, obriga mudanças de cronograma e pode atrasar a recepção de dados científicos.
Segundo engenheiros consultados, missões que exigem alta taxa de dados — como o telescópio James Webb em órbita solar — podem sofrer redução temporária na velocidade de transferência. Já sondas com baixa potência de transmissão, caso das Voyager, dependem fortemente do ganho extra oferecido pelas antenas de 70 m.

Imagem: NASA
Análise: o que muda para o público e para o setor espacial
Para o leitor, a falha evidencia a importância de infraestrutura de apoio a missões que produzem imagens e descobertas amplamente divulgadas. Qualquer atraso no recebimento de dados pode postergar anúncios científicos, afetar cronogramas de atualizações de softwares de bordo e limitar respostas a eventuais emergências com as sondas.
No mercado espacial, a ocorrência reforça debates sobre a necessidade de ampliar a rede ou criar sistemas complementares, como antenas comerciais ou constelações de retransmissão óptica. Empresas privadas que planejam operar naves em órbita lunar, por exemplo, observam com atenção essa limitação, pois dependem do tempo de antena concedido pela NASA ou de acordos comerciais.
Curiosidade
O DSS-14 não é apenas uma peça de engenharia; em 1969, essa mesma antena recebeu os sinais de “Um pequeno passo para o homem” enviados pela Apollo 11. Décadas depois, ela continua ouvindo o “bip” das Voyager, lançadas em 1977. A longevidade do equipamento mostra como componentes do programa espacial, quando mantidos, podem atravessar gerações.
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