China supera próprio recorde e completa 72 lançamentos espaciais em 2025

Ciência

A China estabeleceu um novo marco em seu programa espacial ao atingir 72 lançamentos orbitais em 2025, superando o recorde anterior de 68 missões registrado no ano passado. O número foi alcançado após quatro operações realizadas no último fim de semana, quando foguetes estatais e comerciais colocaram em órbita satélites para comunicações, observação da Terra e testes tecnológicos.

Cinco meses de vantagem e diversidade de veículos

O avanço ocorre faltando quase dois meses para o encerramento do ano, o que indica margem para ampliar ainda mais a marca atual. As duas missões conduzidas pela estatal China Aerospace Science and Technology Corporation (CASC) recorreram a modelos da família Long March. No sábado, 8 de novembro, um Long March 11H decolou de uma plataforma marítima com três satélites Shiyan-32, destinados a validar novas tecnologias em órbita. No dia seguinte, 9 de novembro, um Long March 12 transportou um grupo de satélites de banda larga dedicados à megaconstelação SatNet, prevista para reunir 13 mil unidades em órbita baixa (LEO).

Além das iniciativas estatais, duas companhias privadas participaram do fim de semana de lançamentos. A CAS Space utilizou o foguete Kinetica-1 para enviar dois satélites de observação da Terra. Já a Galactic Energy enfrentou falha no estágio superior do Ceres-1, resultando na perda de três satélites. Apesar desse revés, o envolvimento do setor privado reforça a estratégia chinesa de diversificar fornecedores e acelerar a cadência de voos.

EUA lideram, mas China reduz distância

Mesmo com o recorde, a China permanece atrás dos Estados Unidos em número total de lançamentos. Dados de rastreamento mostram que as empresas norte-americanas somam mais de 150 missões em 2025, impulsionadas principalmente pelo Falcon 9 da SpaceX, responsável por mais de 100 voos este ano, a maioria voltada à expansão da constelação Starlink.

Especialistas em política espacial apontam que a diferença entre os dois países diminuiu nos últimos cinco anos. Em 2020, a China ficou 40 lançamentos atrás dos Estados Unidos; em 2025, a diferença caiu para pouco menos de 80. Analistas de mercado observam que a maior participação de empresas privadas chinesas pode acelerar esse processo, já que veículos comerciais tendem a operar com maior frequência e menor custo.

Objetivos estratégicos e impacto internacional

O volume de missões reflete prioridades estratégicas definidas pelo governo chinês. Entre elas estão a ampliação de constelações próprias de banda larga, o reforço de sistemas de navegação como o BeiDou e a preparação para futuras missões tripuladas à Lua. Documentos oficiais publicados em 2022 já indicavam a meta de atingir de 70 a 80 lançamentos anuais antes de 2030, patamar que agora foi alcançado de forma antecipada.

Para o setor global, o ritmo de voos chineses exerce pressão adicional sobre o mercado de satélites. Fabricantes europeus e norte-americanos acompanham com atenção o aumento da capacidade asiática, enquanto operadores de telecomunicações buscam alternativas para reduzir custos de acesso ao espaço. Relatórios de consultorias internacionais sugerem que a disputa por fatias do mercado de lançamentos de pequeno e médio porte deve crescer até 2028.

Tecnologia Long March evolui para atender novas demandas

A série Long March, base do programa espacial desde os anos 1970, passa por modernizações para atender a requisitos de reutilização parcial e propulsão menos poluente. O Long March 12, utilizado no fim de semana, adota motor de metano líquido e oxigênio, combinação que facilita manutenção e pode reduzir gastos operacionais. Segundo a CASC, outro modelo com pouso vertical está em teste e deve voar até 2027.

Enquanto isso, empresas privadas, como i-Space e LandSpace, desenvolvem foguetes totalmente reutilizáveis inspirados no conceito do Falcon 9. A expectativa é que os primeiros voos comerciais aconteçam nos próximos dois anos. Caso se concretizem, os custos por quilo lançado poderão cair de forma significativa, aumentando a competitividade chinesa em licitações internacionais.

Riscos orbitais e cooperação crescente

O aumento de satélites em LEO também eleva o volume de detritos espaciais e a probabilidade de colisões. Em 2023, uma manobra de emergência envolvendo um satélite chinês e outro norte-americano chamou a atenção para a necessidade de protocolos de coordenação. Desde então, observatórios independentes registram ao menos 180 alertas de proximidade envolvendo objetos chineses. De acordo com agências de rastreamento, a criação de megaconstelações exige investimentos robustos em sistemas de monitoramento e em políticas internacionais que evitem sobreposição de órbitas.

Organizações multilaterais, como a União Internacional de Telecomunicações (UIT), defendem padrões de desorbitação segura e zonas de exclusão. Negociações em curso podem estabelecer limites de densidade orbital por região, medida que, segundo especialistas, beneficiaria todos os operadores ao reduzir riscos e garantindo a sustentabilidade do ambiente espacial.

O que muda para consumidores e empresas

Para o usuário final, a corrida por lançamentos mais frequentes e baratos tende a resultar em serviços de internet via satélite mais acessíveis, especialmente em áreas remotas. Já para startups e universidades, a disponibilidade de veículos de pequeno porte amplia a chance de colocar experimentos em órbita com custos menores. Empresas de agronegócio e de monitoramento climático também podem ser beneficiadas pela maior oferta de dados de observação da Terra.

Dentro desse cenário, especialistas projetam que o preço médio de colocação de carga em LEO na Ásia possa cair até 35% nos próximos três anos, estimulando novos modelos de negócio no segmento de Internet das Coisas (IoT) e sensoriamento remoto.

Curiosidade

Antes da atual fase de expansão, a China levou 37 anos para completar seus primeiros 100 lançamentos, entre 1970 e 2007. Hoje, essa quantidade pode ser alcançada em menos de 18 meses. O salto ilustra não apenas avanços tecnológicos, mas a mudança de visão estratégica que transformou o espaço em vetor de inovação e competitividade para o país.

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