A Intuitive Machines anunciou a aquisição da fabricante de satélites Lanteris Space Systems por US$ 800 milhões em dinheiro e ações. O acordo, revelado em 4 de novembro, foi fechado com a Advent International, gestora de private equity que detinha o controle da Lanteris (anteriormente conhecida como Maxar Space Systems). Segundo a empresa texana, a operação transforma o grupo em um fornecedor espacial integrado, capaz de atender simultaneamente aos segmentos de segurança nacional, exploração civil e mercado comercial.
Nova etapa para se tornar “space prime”
Durante teleconferência com investidores, o diretor-executivo Steve Altemus afirmou que a compra amplia o escopo da Intuitive Machines muito além de suas iniciativas lunares, como os pousadores e satélites de retransmissão já contratados pela NASA. “Estamos posicionados para virar a próxima ‘space prime’, combinando nossa agilidade com a escala de produção da Lanteris”, declarou o executivo.
Analistas do setor destacam que o movimento replica a estratégia de grandes integradoras aeroespaciais, que vêm buscando controle de toda a cadeia de fornecimento para reduzir custos e acelerar cronogramas. Dados de mercado citados pela empresa apontam um potencial de contratos governamentais na casa de US$ 180 bilhões nos próximos dez anos para constelações de segurança e serviços em órbita cislunar.
Porta aberta para o programa Golden Dome
Um dos ganhos imediatos ocorre no projeto Golden Dome, iniciativa da Agência de Desenvolvimento Espacial dos Estados Unidos (SDA) voltada à construção de redes de alerta de mísseis. A Lanteris fornece seus satélites da série 300 à L3Harris, contratada para as frotas Tracking Layer Tranche 1 e 2. Segundo Altemus, a união das duas empresas “reforça a posição de fornecedor confiável” e pode ampliar a participação em novos lotes.
Especialistas ouvidos pela imprensa norte-americana avaliam que, ao dominar o design do ônibus (plataforma) e os sistemas de navegação, a Intuitive Machines ganha peso competitivo frente a nomes tradicionais como Lockheed Martin e Northrop Grumman. Além disso, relatórios indicam que o Pentágono pretende acelerar a implementação de satélites de órbita média, área em que a Lanteris já possui certificações de voo.
Planos para um pousador tripulado
No campo lunar, a companhia pretende alavancar a infraestrutura recém-adquirida para desenvolver um pousador maior, possivelmente apto a transportar astronautas. Embora a NASA tenha aberto consulta ao mercado para acelerar o cronograma do Artemis 3, ainda não há garantia de licitação ampla. Mesmo assim, Altemus confirmou que “vai colocar o nome da Intuitive Machines na disputa, com a Lanteris ao nosso lado”.
Outro uso previsto para as plataformas Lanteris é a futura constelação de comunicação cislunar da empresa. Os três primeiros satélites, já em produção pela Intuitive Machines, deverão ser sucedidos por modelos de maior capacidade fabricados na planta da Lanteris. De acordo com executivos, esse upgrade permitirá integrar recursos de vigilância espacial e servirá de prova de conceito para relés de dados em Marte.
Financiamento e estratégia de aquisições
A transação foi viabilizada por uma oferta de notas conversíveis de US$ 345 milhões, emitida em agosto. Na ocasião, o diretor financeiro Pete McGrath afirmara que os recursos seriam usados para “transformar a companhia em uma space prime de próxima geração”. O primeiro movimento ocorreu com a compra da KinetX, especializada em navegação profunda, por US$ 30 milhões. A Lanteris, agora, completa essa fase de expansão.

Imagem: Intuitive Machines
Segundo documentos remetidos à SEC, a Intuitive Machines manterá as instalações da Lanteris e aproximadamente 1 600 funcionários. O cronograma prevê o encerramento da operação até o primeiro trimestre de 2024, sujeito a aprovações regulatórias. Não foram divulgados planos de reestruturação ou sinergias financeiras detalhadas.
Impacto para o mercado e para o público
Para investidores, a integração amplia o portfólio de receitas recorrentes em contratos governamentais, considerado menos volátil que missões comerciais pontuais. Para o setor, pode significar maior concorrência em programas de defesa e exploração, pressionando prazos e preços. Já o público em geral tende a ver reflexos na forma como dados de comunicação e navegação serão transmitidos da Lua e, futuramente, de Marte, encurtando o tempo de resposta em operações científicas e de segurança.
Se você acompanha avanços espaciais, vale seguir as próximas etapas dessa aquisição e seus desdobramentos sobre o programa Artemis. Outros conteúdos sobre inovação tecnológica podem ser conferidos na seção dedicada a ciência e espaço em nosso portal.
Curiosidade
A Lanteris 300, plataforma que despertou o interesse da Intuitive Machines, é derivada de um satélite originalmente projetado para monitorar florestas e mudanças climáticas. Adaptada para defesa, a mesma estrutura carregará sensores de rastreio de mísseis em órbita média — um exemplo de como tecnologias pensadas para a Terra acabam impulsionando missões além dela.
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