São Paulo, 12 de junho de 2024 — A Apple estuda firmar um contrato anual de aproximadamente US$ 1 bilhão com o Google para utilizar o modelo de inteligência artificial Gemini em uma próxima atualização da assistente de voz Siri. A informação foi divulgada pela agência Bloomberg e sinaliza uma mudança de rota na estratégia da empresa de Cupertino, que até agora apostava maioritariamente em soluções próprias de IA.
Detalhes do acordo em negociação
Segundo a reportagem, as companhias avaliam um licenciamento que permitiria à Apple integrar um modelo com 1,2 trilhão de parâmetros aos sistemas operacionais do iPhone, iPad e Mac. De acordo com especialistas consultados pela Bloomberg, o número de parâmetros indica a complexidade e a capacidade de processamento de linguagem do algoritmo, superando em muito os modelos internos atualmente testados pela Apple.
Embora o entendimento envolva cifras elevadas, fontes familiarizadas com as tratativas afirmam que o pacto seria temporário, funcionando como “ponte” até que as equipes de engenharia da Apple concluam seu próprio conjunto de modelos generativos. Não há previsão oficial para o encerramento dessa etapa de desenvolvimento, mas a expectativa do mercado é de avanços somente após 2026, conforme relatórios anteriores.
Desempenho da Siri e pressão competitiva
Desde a estreia em 2011, a Siri enfrenta críticas por limitações em requisições mais complexas, sobretudo aquelas que exigem múltiplos passos ou integração profunda com aplicativos de terceiros. Em contrapartida, rivais como Alexa e o Assistente do Google evoluíram com rapidez, principalmente depois da adoção de modelos de linguagem de grande escala (LLMs).
O anúncio de uma possível parceria ocorre em meio à corrida de gigantes de tecnologia para reposicionar suas assistentes de voz como plataformas de IA generativa. O Google incorporou o Gemini ao seu ecossistema móvel no fim de 2023, enquanto a Amazon apresentou, no início deste ano, uma reformulação da Alexa baseada em IA avançada. Analistas do setor avaliam que a Apple pretende evitar perda de relevância no segmento e assegurar que a Siri acompanhe a curva de inovação.
Reorganização interna na Apple
Em março, a Apple adiou publicamente recursos de IA previstos para a Siri, citando a necessidade de aprimoramentos. Paralelamente, mudanças na liderança foram anunciadas: Mike Rockwell passou a comandar os esforços em IA após Tim Cook, CEO da companhia, demonstrar insatisfação com o ritmo de entrega anterior. Essa reorganização, segundo dados oficiais, objetiva acelerar pesquisas internas em modelos de linguagem, reconhecimento de fala e integração com o ecossistema de serviços da empresa.
Especialistas veem na eventual adoção do Gemini um movimento pragmático. Ao mesmo tempo em que oferece um salto imediato na experiência do usuário, o acordo evita que a Apple se comprometa com uma solução definitiva de terceiros, preservando tempo para amadurecer suas próprias tecnologias.
O que muda para consumidores e mercado
Se confirmado, o licenciamento deverá resultar em comandos de voz mais naturais, respostas contextualizadas e execução de tarefas em cadeia — recursos que hoje já aparecem em assistentes concorrentes. Para consumidores, isso pode significar interações mais ágeis na configuração de lembretes, controle de aparelhos domésticos inteligentes e busca de informações na web.
No âmbito corporativo, o movimento reforça a tendência de colaborações entre empresas que antes atuavam em frentes concorrentes. Ao disponibilizar o Gemini para a Apple, o Google garante receita recorrente expressiva e amplia a base de utilização de seu modelo, o que pode contribuir para treinamento adicional por meio de feedback de usuários da Apple.

Imagem: REUTERS
Por outro lado, reguladores antitruste deverão acompanhar o acordo com atenção. Autoridades dos Estados Unidos e da União Europeia já investigam práticas de exclusividade em buscas e publicidade digital; a adição de um grande contrato de IA generativa à relação Apple–Google pode atrair novos questionamentos sobre concentração de mercado.
Próximos passos e possíveis desdobramentos
Até o momento, nenhuma das empresas comentou oficialmente o conteúdo do relatório. De acordo com analistas de mercado, um anúncio formal poderia ocorrer na Worldwide Developers Conference (WWDC) ou em outro evento dedicado a novidades de software. Caso a parceria avance, desenvolvedores terão de adaptar aplicativos para explorar as novas capacidades da Siri, enquanto fornecedores de hardware deverão observar eventual impacto sobre processamento local e consumo de bateria.
Para o usuário final, a principal expectativa é que a assistente da Apple finalmente alcance paridade — ou até supere — soluções rivais em cenários cotidianos. A médio prazo, porém, a companhia pretende retomar o controle completo da tecnologia, reduzindo dependência externa e reforçando seu posicionamento em privacidade e segurança de dados, pontos frequentemente citados pela própria Apple como diferenciais de marca.
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Curiosidade
Embora a Siri tenha sido a primeira assistente virtual popular em smartphones, a sua base original remonta a um projeto iniciado pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos em 2003. A iniciativa, chamada CALO, buscava criar um “assistente que aprende e organiza” para militares. Mais de 20 anos depois, o legado do programa continua impulsionando avanços que agora podem integrar o modelo Gemini, evidenciando como pesquisas governamentais podem transbordar para produtos de consumo.
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