Kyivstar inicia expansão dos testes do Starlink Direct to Cell em quase toda a Ucrânia

Ciência

A operadora ucraniana Kyivstar anunciou que está pronta para ampliar os testes do serviço Starlink Direct to Cell em grande parte do território nacional, excluindo somente áreas de fronteira, zonas de conflito ativo e regiões atualmente ocupadas por forças russas. A iniciativa utiliza satélites da SpaceX para conectar telefones convencionais diretamente à rede espacial, sem necessidade de adaptadores ou equipamentos adicionais.

Testes avançam após aval regulatório

O projeto ganhou impulso em agosto, quando a VEON, controladora da Kyivstar sediada em Dubai, revelou o primeiro teste de campo na Europa Oriental. A autorização para operar em solo ucraniano já havia sido concedida pelo órgão regulador de telecomunicações do país. Com o sinal verde, a empresa agora planeja expandir os ensaios para praticamente todas as regiões sob controle governamental.

Segundo a Kyivstar, a fase atual prioriza cenários críticos, como operações de desminagem e atendimentos emergenciais em áreas rurais ou sem infraestrutura terrestre. Nessas localidades, a presença de redes móveis convencionais é limitada ou inexistente, tornando o acesso via satélite decisivo para salvar vidas e agilizar serviços públicos.

Cronograma prevê cobertura nacional até 2025

De acordo com o plano divulgado, a Kyivstar pretende disponibilizar o Starlink Direct to Cell a todos os seus assinantes até o fim de 2025. A primeira etapa contemplará apenas envio e recebimento de mensagens de texto, sem custo adicional. Nas fases seguintes, deverão ser liberados chamadas de voz e banda larga móvel, ampliando o leque de serviços acessíveis diretamente pelo satélite.

A estratégia depende da utilização de espectro celular pertencente à operadora, requisito técnico para que os satélites da SpaceX se comuniquem com os aparelhos sem qualquer modificação. Para fortalecer essa capacidade, a empresa de Elon Musk anunciou em setembro um investimento superior a US$ 17 bilhões na compra de faixas de frequência da EchoStar, mirando aplicações de maior largura de banda no futuro.

Cenário internacional reforça viabilidade

Enquanto a Ucrânia avança nos testes, o Starlink Direct to Cell já opera comercialmente em Estados Unidos, Nova Zelândia e Japão, oferecendo serviços de SMS, alertas de emergência e conectividade limitada a aplicativos. No Reino Unido, a operadora Virgin Media O2 declarou que levará a solução a seus clientes no início de 2024.

Em casos de desastre natural, a SpaceX também vem ativando a tecnologia para garantir comunicações temporárias. Em 28 de outubro, a empresa informou ter habilitado o serviço na Jamaica para usuários da Liberty Caribbean durante a passagem do furacão Melissa, demonstrando a utilidade da conexão direta em situações de crise.

Impacto esperado para a rede ucraniana

Especialistas do setor avaliam que a iniciativa da Kyivstar pode criar um modelo de referência para países com infraestrutura danificada por conflitos ou desastres. A conectividade via satélite, integrada ao espectro móvel local, tende a acelerar a restauração de serviços essenciais, reduzir os custos de implantação de antenas e oferecer redundância em eventos de falha na rede terrestre.

Relatórios apontam ainda que a adoção do Direct to Cell ajuda a descentralizar pontos críticos de infraestrutura, tornando a comunicação menos vulnerável a ataques físicos ou cibernéticos. Na prática, isso significa maior resiliência para órgãos de segurança, socorristas e população civil.

Para o usuário final, a expansão do Direct to Cell promete transformar a disponibilidade de sinal em regiões agrícolas, montanhosas e de baixa densidade populacional. Com a cobertura satelital, tarefas simples como enviar um SMS de emergência ou acessar mapas online deixam de depender da proximidade de torres de telecomunicações.

O que muda para o mercado e para o usuário

O avanço da Kyivstar sinaliza uma tendência de convergência entre redes móveis e satélites, cenário que pode alterar a dinâmica competitiva do setor de telecom. Operadoras tradicionais passam a considerar parcerias com provedores orbitais para manter relevância em áreas fora de sua malha terrestre, enquanto fabricantes de dispositivos observam a necessidade de otimizar antenas para recepção direta.

No dia a dia, consumidores ucranianos poderão contar com cobertura ininterrupta em deslocamentos longos, atividades de campo e emergências, sem depender de hotspots Wi-Fi ou repetidores. Conforme o serviço evoluir para chamadas de voz e dados, serviços bancários, sistemas de pagamento e ensino a distância tendem a ganhar maior continuidade em todo o país.

Curiosidade

A primeira transmissão de voz via satélite para um telefone padrão ocorreu em 1993, usando tecnologia experimental que exigia antenas externas. Trinta anos depois, o Starlink Direct to Cell permite a mesma façanha sem acessórios adicionais, evidenciando o rápido avanço na miniaturização de receptores e no gerenciamento de espectro orbital.

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