China lança satélite experimental TJS-20 com foguete Long March 5 e amplia constelação sigilosa

Ciência

A China colocou em órbita, na madrugada de quinta-feira (23 de outubro), o satélite Tongxin Jishu Shiyan-20 (TJS-20), reforçando uma série de missões classificadas em órbita geoestacionária. O lançamento, conduzido a partir do Wenchang Satellite Launch Center, na ilha de Hainan, utilizou o foguete Long March 5, atualmente o veículo mais potente do país. De acordo com a China Aerospace Science and Technology Corporation (CASC), o equipamento servirá para “testes de validação em comunicações multibanda e de alta velocidade”. Nenhum detalhe adicional sobre a carga útil foi divulgado.

Detalhes do voo e da plataforma lançadora

O Long March 5 decolou às 10h30 no horário da costa leste dos Estados Unidos (14h30 UTC), atravessando a camada de nuvens sobre o porto espacial costeiro. Cerca de uma hora depois, a CASC confirmou a inserção do satélite em geosynchronous transfer orbit (GTO). A partir daí, o TJS-20 deverá manobrar até atingir posição definitiva em órbita geoestacionária, onde se posicionará a aproximadamente 36 mil quilômetros de altitude.

Capaz de transportar até 14 toneladas para GTO, o Long March 5 é o único lançador chinês apto a levar satélites baseados na plataforma DFH-5, a mais avançada fabricada pela CASC. O emprego desse foguete sinaliza cargas mais pesadas e sofisticadas em comparação com as missões anteriores da série, lançadas majoritariamente pelos modelos Long March 3, cujo limite de carga é de 5,5 toneladas, e Long March 7A, com 7 toneladas.

Série TJS: objetivos e histórico

Com o TJS-20, a China soma 18 satélites principais na constelação Tongxin Jishu Shiyan, embora não existam registros de unidades numeradas como TJS-8 ou TJS-18. Na ausência de dados oficiais detalhados, analistas ocidentais avaliam que os TJS cumprem papéis ligados a inteligência de sinais, alerta precoce e inspeção orbital, prestando suporte às Forças Armadas chinesas. Alguns voos anteriores, como o TJS-3 lançado em 2018, liberaram sub-satélites de propósito ainda desconhecido, indicando experimentos adicionais em órbita.

Em 2025, a China realizou três lançamentos TJS entre março e maio, cada um exibindo nos patches de missão uma das divindades conhecidas como os “Quatro Reis Celestiais” do budismo, sugerindo um sub-grupo temático dentro da série. O TJS-20 representa o segundo satélite desse conjunto inscrito em um Long March 5, ressaltando a evolução recente do programa em direção a cargas maiores.

Volume de lançamentos e próximos passos

O novo sucesso elevou para 65 o número de tentativas orbitais chinesas em 2025, colocando o país próximo do recorde de 68 lançamentos alcançado em 2024. Segundo a agenda preliminar, um Long March 3C deverá partir de Xichang em 26 de outubro, seguido pela missão tripulada Shenzhou-21 rumo à estação espacial Tiangong, prevista para 31 de outubro.

No setor privado, as empresas Landspace e Galactic Energy preparam seus primeiros voos dos foguetes reutilizáveis Zhuque-3 e Ceres-2, respectivamente. Caso o cronograma se confirme, o país poderá realizar a primeira tentativa de pouso de estágio orbital na história chinesa, marcando um novo passo rumo à reutilização de veículos lançadores.

Por que o TJS-20 é relevante

Especialistas em defesa destacam que sistemas de comunicação seguros e de alta capacidade são cruciais para integração de comando e controle em larga escala. A presença de satélites experimentais dedicados a “validação multibanda” indica que a China busca ampliar a largura de banda militar e desenvolver tecnologias resistentes a interferência. Para a indústria espacial, o uso reiterado do Long March 5 impulsiona a demanda por foguetes com maior capacidade, criando mercado para novas versões e estimulando avanços em propulsores de metano ou querosene oxigenado.

China lança satélite experimental TJS-20 com foguete Long March 5 e amplia constelação sigilosa - Imagem do artigo original

Imagem: Ourspace

Do ponto de vista global, a crescente frequência de lançamentos geoestacionários reforça a disputa por posições orbitais e espectro de frequência. Agências reguladoras internacionais acompanham o movimento para garantir que os corredores de órbita sejam utilizados de forma segura, evitando colisões ou interferências entre satélites.

Impacto para o leitor

A expansão da constelação TJS mostra como a infraestrutura espacial vem se tornando elemento-chave de soberania tecnológica. Embora o satélite seja militar e classificado, avanços em comunicação orbital tendem a repercutir em segmentos civis, como Internet de alta velocidade e serviços de monitoramento remoto. Para o consumidor, isso pode significar acesso futuro a redes mais estáveis e rápidas, inclusive em áreas remotas, além de estimular o desenvolvimento de novas startups focadas em aplicações satelitais.

Curiosidade

O foguete Long March 5 utiliza uma coifa alongada de 5,2 metros de diâmetro, necessária para acomodar cargas volumosas como o TJS-20. Essa coifa é transportada do continente até o porto espacial em Hainan por navios dedicados, já que suas dimensões excedem a capacidade de transporte terrestre. O trajeto marítimo, que dura cerca de uma semana, tornou-se logístico essencial para missões de grande porte chinesas.

Para mais informações e atualizações sobre tecnologia e ciência, consulte também:

Se você deseja acompanhar outras inovações do setor espacial, confira também as últimas notícias na seção de tecnologia do site Remanso Notícias. Fique por dentro dos lançamentos, análises e tendências que moldam o futuro da ciência e da indústria aeroespacial.

Quando você efetua suas compras por meio dos links disponíveis aqui no RN Tecnologia, podemos receber uma comissão de afiliado, sem que isso acarrete nenhum custo adicional para você!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *