Em outubro de 2005, chegava aos cinemas “Doom”, adaptação do jogo homônimo lançado em 1993. Vinte anos depois, a produção continua sendo citada como exemplo das dificuldades de converter a experiência interativa dos videogames em narrativa audiovisual. O longa, dirigido por Andrzej Bartkowiak e distribuído pela Universal Pictures, reuniu um elenco formado por Dwayne Johnson, Karl Urban e Rosamund Pike, mas terminou recebendo críticas negativas e arrecadação inferior aos custos de produção.
Adaptação de um clássico dos games
“Doom” foi baseado no popular jogo em primeira pessoa criado pela id Software, título que marcou o gênero shooter ao introduzir gráficos avançados e atmosfera de terror. O material de origem, porém, oferecia enredo mínimo e protagonista sem nome, conhecido apenas como “Doomguy”. Para o cinema, os roteiristas imaginaram uma força militar chamada Rapid Response Tactical Squad (RRTS), enviada a uma base de pesquisa em Marte após a interrupção das comunicações.
No game, os antagonistas são criaturas demoníacas oriundas do inferno. No filme, a ameaça ganhou explicação científica: pesquisadores teriam descoberto um par adicional de cromossomos — o 24º — capaz de transformar humanos em seres sobre-humanos ou em monstros. Segundo especialistas em cultura pop, essa mudança buscou evitar controvérsias religiosas e tornar a trama mais palatável ao grande público.
Alterações de enredo e referências de ficção científica
Análises acadêmicas apontam que a narrativa cinematográfica incorporou elementos de obras como “Stargate”, “Aliens” e “Total Recall”. A ideia de um portal interplanetário, os corredores claustrofóbicos da base marciana e a estrutura da equipe militar remetem a essas produções, estratégia considerada comum em Hollywood quando o objetivo é oferecer contexto rápido ao espectador.
A ambientação, entretanto, manteve conexões visuais com o jogo original: armas de grande porte, laboratórios de alta tecnologia e corredores metálicos dominam a fotografia. O famoso Big Force Gun, chamado pelos fãs de “BFG”, aparece em cena como uma das armas mais poderosas do arsenal militar, respeitando o imaginário dos jogadores.
Elenco e sequência em primeira pessoa
Dwayne Johnson, ainda creditado como The Rock, interpretou o sargento Asher “Sarge” Mahonin, comandante da missão marciana. Karl Urban viveu o fuzileiro John “Reaper” Grimm, enquanto Rosamund Pike assumiu o papel da cientista Samantha Grimm, responsável pelos estudos genéticos que desencadeiam o conflito. Durante a divulgação, Johnson afirmou ter escolhido o personagem antagonista para “explorar possibilidades diferentes dos tradicionais heróis de ação”.
O longa inclui uma sequência de aproximadamente quatro minutos filmada em primeira pessoa, reprodução direta da perspectiva do jogo. Na época, a decisão foi destacada como tentativa de aproximar público gamer e espectador de cinema. De acordo com relatórios de produção, a cena exigiu câmeras especiais montadas no uniforme do ator Karl Urban, combinando ensaios coreografados e efeitos visuais em pós-produção.
Recepção, legado e impacto no gênero
Dados do portal Box Office Mojo mostram que “Doom” arrecadou cerca de US$ 58 milhões mundialmente, valor inferior ao orçamento estimado em US$ 60 milhões. No agregador Rotten Tomatoes, o filme registra 18% de aprovação da crítica profissional. Especialistas em mercado cinematográfico atribuem o desempenho às mudanças de roteiro, ao foco limitado no desenvolvimento de personagens e à dificuldade de conciliar expectativa dos fãs com a linguagem do cinema.

Imagem: Richard Edwards published
Apesar dos resultados, a carreira dos principais atores não foi afetada. Dwayne Johnson consolidou-se como um dos nomes mais rentáveis de Hollywood, Karl Urban protagoniza a série “The Boys” desde 2019, e Rosamund Pike recebeu indicação ao Oscar por “Garota Exemplar” em 2015. A própria franquia “Doom” retornou diretamente em vídeo com “Doom: Annihilation” (2019), demonstrando que o interesse em adaptações de games persiste.
Para o espectador contemporâneo, a experiência de rever “Doom” ilustra a evolução das adaptações de jogos ao longo das últimas duas décadas. Hoje, produções como “The Last of Us” e “Arcane” mostram que a indústria aprendeu a equilibrar fidelidade à obra original e narrativa cinematográfica. Caso esteja planejando maratona temática, o filme segue disponível para aluguel e compra em plataformas digitais, oferecendo registro histórico de um período em que Hollywood ainda buscava a fórmula ideal para esse tipo de conteúdo.
Curiosidade
No universo dos jogos, a sigla “BFG” tornou-se tão icônica que aparece em diversas produções como referência a armamento de poder extremo. Em “Doom”, fãs debatem há anos o significado exato: “Big F***ing Gun” é a versão informal mais citada, enquanto documentos oficiais da id Software preferem “Big Fragging Gun” ou simplesmente “Big Force Gun”. A popularidade do termo é tamanha que ele já foi incluído em dicionários de cultura pop.
Se você quer se manter atualizado sobre lançamentos de filmes, séries e tecnologia, vale conferir outros conteúdos em nosso portal. Recentemente publicamos uma análise sobre adaptações de jogos que chegaram ao streaming, disponível em Entretenimento.
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