O primeiro voo do Ariane 64, versão mais potente do novo foguete europeu Ariane 6, foi adiado para 2025. A Arianespace confirmou a mudança de planos e divulgou um cronograma revisto que reduz o número total de decolagens previstas para o próximo ano.
Reprogramação afeta missão com satélites Galileo
De acordo com a operadora, a missão VA266 — agora definida como o último lançamento de 2025 — levará ao espaço dois satélites do sistema de navegação europeu Galileo. O voo utilizará a configuração Ariane 62, equipada com dois propulsores de combustível sólido e empregada em todas as decolagens realizadas neste ano.
A empresa não informou a data exata da VA266, mas comprometeu-se a publicar o calendário com pelo menos um mês de antecedência. Nos meses anteriores, o Ariane 6 ainda tem a missão do satélite Sentinel-1D, parte do programa europeu Copernicus, marcada para 4 de novembro, também com a versão Ariane 62.
Voo inaugural do Ariane 64 fica para 2025
A primeira decolagem da configuração Ariane 64, identificada como VA267, transportará um lote de satélites do Projeto Kuiper, iniciativa da Amazon para criar uma rede global de internet de banda larga. O contrato é apontado como o maior compromisso comercial da Arianespace e tornou a estreia do Ariane 64 estratégica para a empresa.
Inicialmente, o plano era realizar cinco lançamentos do Ariane 6 em 2025, incluindo o voo inaugural da versão com quatro propulsores. Durante a World Space Business Week, em setembro, o presidente-executivo David Cavaillolès informou que o número de decolagens cairá para quatro. Segundo ele, a prioridade é assegurar a confiabilidade do sistema antes de ampliar o ritmo de missões.
Perspectivas para 2026 apontam oito voos do Ariane 64
Cavaillolès afirmou que o desenvolvimento do Ariane 64 se encontra na fase final de testes e “segue na direção correta”. A expectativa é equilibrar, em 2025, as operações entre as versões 62 e 64 para consolidar a cadência de lançamentos. O executivo projeta oito decolagens com a configuração Ariane 64 em 2026, o que representaria, segundo ele, “o avanço mais rápido já observado para um grande lançador europeu”.
Especialistas lembram que o sucesso dessa meta é decisivo para garantir a autonomia europeia de acesso ao espaço, abalada desde a aposentadoria do Ariane 5 e pela dependência ocasional de serviços da SpaceX. O aumento da oferta de voos também é visto como essencial para cumprir contratos institucionais com a Agência Espacial Europeia (ESA) e compromissos comerciais como o firmado com a Amazon.
Impacto da redução temporária de lançamentos
Relatórios do setor indicam que cada adiamento no cronograma reforça a disputa por capacidade de carga entre empresas de satélites, que buscam janelas de lançamento no mercado global. Para a Arianespace, ajustar o cronograma agora pode evitar imprevistos técnicos mais adiante, mas também pressiona a companhia a demonstrar, em 2025, a confiabilidade do Ariane 64.

Imagem: Arianespace
Segundo analistas ouvidos por publicações especializadas, a consolidação do novo foguete permitirá à Europa competir em preço e frequência de voos com empresas norte-americanas. Caso o plano de oito decolagens em 2026 seja cumprido, o Ariane 64 poderá reduzir o gargalo logístico enfrentado por constelações de internet por satélite e programas de observação da Terra.
No curto prazo, a alteração do calendário não deve afetar o envio do Sentinel-1D nem as demais missões programadas com o Ariane 62, mas aumenta a atenção sobre a VA267. O desempenho desse voo inaugural será observado de perto por governos e clientes comerciais, pois servirá de referência para futuras contratações.
O que muda para o leitor e para o mercado
Para quem acompanha o setor aeroespacial, o novo cronograma sinaliza que 2025 será um ano de transição. A Arianespace concentrará esforços na certificação plena do Ariane 64, enquanto clientes que aguardam lugar em fila de lançamento podem optar por alternativas temporárias. Caso a empresa cumpra o objetivo de acelerar o ritmo em 2026, usuários finais poderão perceber redução nos custos de serviços baseados em satélite, como internet de alta velocidade e monitoramento ambiental.
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Curiosidade
O Ariane 64 utilizará quatro propulsores laterais de combustível sólido, cada um com cerca de 27 metros de altura — dimensão equivalente a um prédio de nove andares. Ainda assim, esses estágios serão descartados após pouco mais de dois minutos de voo, ilustrando a escala de recursos empregados para colocar satélites de algumas centenas de quilos em órbita.
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