Viasat amplia atuação e mira contratos de satélites militares nos EUA

Ciência

Viasat, conhecida pelo serviço de banda larga via satélite, iniciou uma nova frente de negócios ao oferecer espaçonaves personalizadas para comunicações militares dos Estados Unidos. A mudança ocorre em meio ao esforço do Pentágono para integrar soluções comerciais que garantam conexões seguras em órbita.

Contrato PTS-G impulsiona avanço estratégico

A Força Espacial dos EUA selecionou a empresa da Califórnia no contrato Indefinite Delivery/Indefinite Quantity (IDIQ) de US$ 4 bilhões para o programa Protected Tactical Satcom-Global (PTS-G). O acordo, válido por 15 anos, atribuiu a Viasat e a outros quatro concorrentes a tarefa de apresentar, até 2026, arquiteturas de satélite e solo baseadas em linhas comerciais.

Para esta concorrência, a companhia propôs um satélite geoestacionário de porte reduzido com carga útil dupla em banda X e banda Ka. Segundo executivos, o projeto aproveita tecnologias dos satélites ViaSat-3, voltados a comunicações de alta capacidade em órbita geoestacionária. O primeiro ViaSat-3 foi lançado em abril de 2023 e já presta serviço a clientes militares nos Estados Unidos, apesar de uma falha mecânica na antena principal.

O cronograma oficial prevê os primeiros lançamentos da constelação PTS-G em 2028, com lotes adicionais a partir de 2031. De acordo com fontes do setor, o programa atende à exigência de satélites menores e resistentes a interferências, tendência considerada essencial para garantir resiliência em cenários de conflito.

Pequenos GEOs e novos mercados internacionais

Além do PTS-G, Viasat desenvolve a linha Ultra-GEO, voltada a nações que buscam constelações completas — desde a fabricação até a operação em solo. Reino Unido e Austrália já demonstraram interesse em capacidades compatíveis com as dos Estados Unidos, e outros parceiros internacionais solicitaram ofertas semelhantes, segundo a empresa.

Relatórios do setor indicam que a estratégia de “mini GEOs” pode reduzir custos de lançamento e acelerar o fornecimento de capacidade militar sob demanda. Ao hospedar cargas em banda X e banda Ka em uma única plataforma, Viasat afirma evitar a necessidade de dois satélites dedicados, o que, segundo especialistas, amplia a flexibilidade tática.

A companhia também pretende disputar o futuro programa Maneuverable Geosynchronous Orbit Commercial Satellite-Based Services (MGEO). A iniciativa da Força Espacial busca satélites comerciais capazes de mudar de posição rapidamente para cobrir diferentes teatros de operações. Fontes envolvidas no projeto apontam modelos de negócios híbridos, como “condosats”, em que cargas comerciais e de defesa compartilham a mesma estrutura para diluir custos.

Fusão com Inmarsat e foco em defesa

A aquisição da britânica Inmarsat, concluída em 2023, expandiu a frota e redirecionou a estratégia da Viasat para mercados de mobilidade e governo. Como consequência, o plano original de um satélite ViaSat-4 foi substituído por soluções menores e mais ágeis, alinhadas às demandas militares.

De acordo com dados oficiais, a abordagem “órbita-agnóstica” dos ViaSat-3 permite deslocar a cobertura conforme a necessidade operacional. Após um problema no primeiro ViaSat-3, a empresa realocou o feixe de serviço mais a oeste do que o previsto. O segundo satélite, com lançamento programado para outubro, assume a posição destinada inicialmente ao primeiro, enquanto o terceiro cobrirá a região Ásia-Pacífico.

Visão para o programa Golden Dome

O próximo alvo da empresa é o Golden Dome, iniciativa norte-americana de defesa antimíssil que inclui sensores e interceptores baseados no espaço. A expectativa é que a demanda por largura de banda seja elevada, exigindo comunicação de baixa latência entre múltiplos nós. Segundo executivos da companhia, a experiência adquirida no Communications Services Project da NASA — que envolve arquitetura multibanda para zonas polares, oceânicas e remotas — fornece base tecnológica compatível com as especificações do Golden Dome.

A Força Espacial planeja uma demonstração em que rádio-terminais estabelecerão links entre satélites de comunicação e um interceptador simulado em órbita. As especificações incluem operação em bandas L e S e adoção do padrão Link-182. Viasat afirma ter infraestrutura terrestre pronta e soluções de carga útil compatíveis com o protocolo.

Impacto para o mercado e para o usuário final

O reposicionamento da Viasat confirma a tendência de convergência entre setores comercial e militar. Para o mercado, a oferta de satélites menores, reconfiguráveis e baseados em plataformas existentes pode acelerar contratos governamentais e abrir espaço para operadoras de médio porte. Para o usuário final — seja ele governo, empresa ou consumidor civil que se beneficie de redes mais resilientes — isso significa potencial de serviços com maior cobertura e menor risco de interrupção, principalmente em cenários críticos.

Curiosidade

Os satélites geoestacionários convencionais costumam pesar mais de 5 toneladas e operar por 15 anos no mesmo ponto orbital. Já os “mini GEOs” propostos para o PTS-G têm massa significativamente menor e podem ser reposicionados em poucas semanas, algo impensável há uma década. Esse avanço resulta do uso de propulsão elétrica, que economiza combustível e libera espaço para cargas úteis mais versáteis — tecnologia que agora migra do setor comercial para aplicações de defesa.

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