Uma pesquisa publicada na revista científica Monthly Notices of the Royal Astronomical Society indica a possível existência de um planeta ainda não observado nos limites externos do Sistema Solar. Batizado provisoriamente de Planeta Y, o objeto seria rochoso, com massa situada entre a de Mercúrio e a da Terra, e orbitaria o Sol a uma distância de 100 a 200 unidades astronômicas (UA). Caso confirmado, o achado poderá redefinir o mapa dos confins solares e mudar a forma como astrônomos explicam o comportamento gravitacional de corpos além de Netuno.
Órbitas anômalas no Cinturão de Kuiper levantam suspeitas
A equipe liderada pelo astrofísico Amir Siraj, da Universidade de Princeton, analisou trajetórias de cerca de 50 Objetos do Cinturão de Kuiper (KBOs, na sigla em inglês). Esses corpos exibem uma inclinação média de 15 graus em relação ao plano orbital dos demais planetas, valor considerado fora do padrão.
Segundo os autores, simulações computacionais apontam que um corpo planetário de até uma massa terrestre seria a explicação mais consistente para essa perturbação. “Quando eliminamos as demais hipóteses, restou a presença de um planeta não detectado”, declarou Siraj em entrevista à CNN.
O estudo diferencia o Planeta Y do chamado Planeta 9 (ou Planeta X), hipotético gigante gasoso proposto em 2016. Enquanto o Planeta 9 teria dezenas de massas terrestres e órbita extremamente alongada, o Planeta Y seria mais compacto e relativamente próximo, configurando uma provável “super-Terra” gelada.
Comunidade científica mantém cautela
A proposta recebeu respaldo moderado, mas distante de consenso. Samantha Lawler, astrônoma da Universidade de Regina (Canadá), considera o conjunto de evidências “ainda limitado” devido ao número reduzido de KBOs avaliados. Já o pesquisador Patryk Sofia Lykawka, da Universidade Kindai (Japão), classifica a hipótese como “plausível”, porém depende de observações adicionais.
Relatórios indicam que a detecção direta do objeto poderia ocorrer nos próximos dois a três anos, com auxílio do Observatório Vera C. Rubin, no Chile. O telescópio, recém equipado com a maior câmera digital do mundo, iniciará varreduras de campo amplo que cobrem justamente a região em que o Planeta Y estaria localizado. Se o corpo existir, especialistas estimam que sua luminosidade no visível seja detectável pelos sensores de 3,2 gigapixels do equipamento.
Por que encontrar o Planeta Y importa?
Localizar um novo planeta traria respostas sobre a distribuição de massa nos arredores do Sistema Solar, questão aberta desde a descoberta de Netuno em 1846. A partir de 2006, o rebaixamento de Plutão a planeta anão intensificou a busca por corpos que preencham lacunas gravitacionais observadas no Cinturão de Kuiper.
Segundo especialistas, confirmar um planeta rochoso nos arredores de 150 UA ajudaria a explicar as inclinações orbitais de KBOs e o número crescente de objetos transnetunianos descobertos por sondas e telescópios de varredura profunda. Além disso, modelos de formação planetária passariam a considerar a retenção de super-Terras em áreas teoricamente instáveis, oferecendo paralelo com sistemas estelares onde exoplanetas de massa semelhante são comuns.
Expectativas, prazos e próximos passos
O Observatório Vera C. Rubin inicia operações científicas plenas em 2025. Caso o Planeta Y esteja em sua zona de alcance, imagens sequenciais permitirão detectar movimento próprio contra o fundo estelar em poucas semanas. Paralelamente, estudos de dinâmica orbital continuarão refinando a região provável do céu onde o planeta se encontra, otimizando tempo de observação.

Imagem: Rawpixel.com Shutterstock
A busca também envolverá espectroscopia infravermelha, útil para confirmar a composição rochosa sugerida pelos cálculos. Observatórios espaciais como o James Webb poderão auxiliar após a localização inicial, investigando temperatura de superfície e conteúdo atmosférico, se existente.
De acordo com dados oficiais da União Astronômica Internacional, entre 1992 e 2023 o número de KBOs confirmados saltou de 1 para mais de 3 mil. Especialistas destacam que cada novo lote de descobertas amplia a base estatística e pode fortalecer ou descartar a necessidade de um planeta adicional.
Para o público em geral, a confirmação do Planeta Y significaria a expansão imediata do Sistema Solar conhecido e a reavaliação de livros didáticos, mapas astronômicos e aplicativos de observação. Industrias de educação e divulgação científica veriam demanda por materiais atualizados, enquanto missões espaciais futuras poderiam considerar sondas dedicadas a estudar o novo vizinho.
Curiosidade
Em 1930, a descoberta de Plutão também foi motivada por perturbações orbitais percebidas em Netuno; décadas depois, cálculos revelaram que esses desvios eram menores que o estimado, colocando em dúvida a “caça gravitacional”. O caso do Planeta Y repete o método, mas com tecnologias de análise muito mais precisas, mostrando como a história da astronomia evolui, mas continua guiada por pistas sutis traçadas nos céus.
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