A startup norte-americana Stoke Space anunciou um novo aporte de US$ 510 milhões em rodada Série D liderada pelo U.S. Innovative Technology Fund (USIT). O valor, somado a uma linha de crédito de US$ 100 milhões junto ao Silicon Valley Bank, eleva o capital total captado pela companhia para US$ 990 milhões. O objetivo é financiar o desenvolvimento do foguete Nova, veículo de médio porte projetado para ser totalmente reutilizável.
Financiamento viabiliza primeiros voos do Nova
De acordo com a empresa, o montante recém-levantado garante recursos suficientes para concluir a fase de testes e realizar os primeiros lançamentos experimentais do Nova. Desde a Série C, fechada em janeiro deste ano, a Stoke avançou em ensaios de duração completa dos motores de ambos os estágios e iniciou a adaptação do Launch Complex 14, na Estação da Força Espacial em Cabo Canaveral, Flórida. A obra deve ser finalizada no início de 2025, mas a data exata do voo inaugural ainda não foi divulgada.
Projetado para colocar 3.000 kg em órbita baixa com ambos os estágios recuperáveis — e até 7.000 kg caso sejam descartados —, o Nova se posiciona entre pequenos lançadores de até 1 t e modelos de maior capacidade, como Falcon 9 e Vulcan Centaur. A proposta tenta suprir uma lacuna identificada por operadoras comerciais e por órgãos de defesa dos Estados Unidos.
Contrato militar reforça relevância estratégica
Em março, a Força Espacial dos EUA selecionou o Nova, ao lado do Neutron, da Rocket Lab, para o programa National Security Space Launch (NSSL) Fase 3 Lane 1. Essa categoria contempla missões com requisitos menos exigentes que o Lane 2, normalmente atendido por SpaceX, Blue Origin e United Launch Alliance. Segundo o CEO Andy Lapsa, a inclusão no NSSL confirma que o mercado nacional vê valor na capacidade de reuso rápido proposta pela Stoke.
Especialistas do setor apontam que a frequência de lançamentos já se tornou um fator competitivo crucial. Relatórios da Federação Internacional de Astronáutica indicam que a demanda por transporte orbital deve ultrapassar 40 mil satélites ativos até 2030, impulsionada por constelações de banda larga e observação da Terra. Nesse cenário, soluções reutilizáveis reduzem custos, aceleram cronogramas e diminuem o volume de detritos espaciais.
Participação de investidores reforça confiança no modelo
Além do USIT, a rodada incluiu novos aportes de Washington Harbour Partners e General Innovation Capital Partners. Investidores já presentes, como 776, Breakthrough Energy e Toyota Ventures, acompanharam a operação. O USIT caracteriza-se por direcionar recursos a “tecnologias críticas para o interesse nacional”, o que, na visão do fundo, se aplica diretamente à proposta de um sistema de lançamento 100% reutilizável.
Para Thomas Tull, presidente do USIT, “a capacidade de acesso ao espaço se tornou determinante para a liderança dos Estados Unidos na economia espacial”. Ele afirma que a abordagem modular e resiliente da Stoke “é o tipo de inovação essencial para garantir competitividade industrial”.
Como funciona o foguete Nova
O Nova emprega dois estágios concebidos para pouso vertical e rápida recondição, conceito semelhante ao popularizado pela SpaceX, mas com enfoque específico em estágios superiores reutilizáveis. A empresa realizou, ainda em 2023, testes bem-sucedidos de motor com ciclo de combustão total, atingindo o perfil de missão completo em bancada. Essa arquitetura pretende reduzir o intervalo entre voos para menos de 24 horas, objetivo considerado ambicioso por analistas.

Imagem: Stoke Space
Segundo documentos oficiais, a fuselagem utiliza ligas de alumínio-lítio e materiais compósitos, tornando o veículo mais leve sem comprometer resistência térmica. A compatibilidade com propelentes criogênicos de baixo custo também integra a estratégia de redução de gastos operacionais.
Impacto potencial para a indústria
Com a nova injeção de capital, a Stoke pretende ampliar a linha de produção e contratar equipes técnicas adicionais. Caso cumpra o cronograma de voar ainda em meados de 2025, a empresa poderá disputar contratos de lançamento atualmente concentrados em poucos fornecedores. Para operadoras de satélite e clientes governamentais, isso significa maior oferta de janelas orbitais e, possivelmente, preços mais competitivos.
Para o leitor, a expansão de alternativas no mercado de lançamentos tende a acelerar serviços baseados em satélite, como internet de baixa latência e monitoramento climático em tempo real. Quanto mais empresas competirem com soluções reutilizáveis, maior será a pressão por inovações que reduzam custos e ampliem a acessibilidade ao espaço.
Curiosidade
O Launch Complex 14, que agora será usado pela Stoke, foi palco de missões históricas do programa Mercury, incluindo o voo de John Glenn em 1962. Sessenta anos depois, a mesma plataforma abrigará um veículo projetado para pousar intacto após cada missão, simbolizando a transição da exploração pioneira para a era da reutilização sistemática.
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