James Webb revela galáxias hiperluminosas formadas 400 milhões de anos após o Big Bang

Tecnologia

Um estudo internacional conduzido com o Telescópio Espacial James Webb (JWST) confirmou a existência de galáxias extremamente brilhantes que se formaram quando o Universo tinha menos de 3 % da idade atual. Liderada pelo NOIRLab, a investigação contou com participação do Instituto de Astrofísica de Canarias (IAC) e utilizou o espectrógrafo infravermelho NIRSpec para analisar objetos identificados no programa Cosmic Evolution Early Release Science (CEERS). Os resultados, publicados na revista Nature, reforçam a ideia de que a formação estelar ocorreu de maneira mais precoce e intensa do que apontam os modelos teóricos.

Galáxias surpreendentemente brilhantes nos primórdios cósmicos

Durante os primeiros meses de operação do JWST, em 2022, a equipe do CEERS detectou um número elevado de galáxias localizadas a grandes distâncias. Entre essas descobertas, duas se destacaram: a Galáxia de Maisie e a CEERS2_588. De acordo com medições espectroscópicas obtidas agora pelo NIRSpec, essas estruturas tiveram origem, respectivamente, 390 e 410 milhões de anos após o Big Bang. Mesmo tão jovens em termos cosmológicos, exibem luminosidade muito superior ao previsto para galáxias desse período.

Segundo o pesquisador Pablo Arrabal Haro, do NOIRLab, as observações indicam que as galáxias “são mais luminosas que outras confirmadas para a mesma época”. Essa característica sugere ritmo de formação estelar acelerado, obrigando a comunidade científica a revisar projeções sobre a evolução das primeiras estruturas galácticas. Relatórios recentes apontam que, se fenômeno semelhante for comum, será necessário ajustar parâmetros de densidade de matéria, metalicidade e feedback estelar usados em simulações.

Impostora cósmica desmascarada pela espectroscopia

O mesmo conjunto de dados permitiu reavaliar CEERS-93316, candidata a recorde por ter sido classificada como potencial galáxia com apenas 240 milhões de anos. Ao analisar o espectro de luz, os cientistas concluíram que esse objeto, na verdade, pertence a um estágio posterior: cerca de 1,2 bilhão de anos depois do Big Bang. A combinação entre forte obscurecimento por poeira e padrões de emissão peculiares gerou sinal semelhante ao de uma galáxia ultradistante, iludindo as análises baseadas exclusivamente em imagens.

De acordo com especialistas, o caso ilustra a importância de observações de acompanhamento. “Candidatos extraordinários requerem provas conclusivas”, enfatizou Marc Huertas Company, do IAC. Sem verificação espectroscópica, variações nas cores podem conduzir a interpretações errôneas, comprometendo estatísticas sobre a época de reionização e a distribuição da matéria escura.

O que os novos dados mudam para a astronomia

A confirmação de duas galáxias tão luminosas em uma fase tão precoce reforça hipóteses de que o Universo possuía reservatórios de gás denso capazes de originar estrelas massivas em intervalos curtos. Isso pressiona modelos cosmológicos a considerar mecanismos adicionais de colapso gravitacional ou de resfriamento de gás. Além disso, a descoberta amplia o catálogo de objetos adequados para estudos sobre a formação dos primeiros elementos pesados, fundamentais para a química interestelar.

Relatórios indicam que o NIRSpec já observou mais de mil galáxias tênues dentro do programa CEERS, confirmando 16 delas com idades entre 390 e 640 milhões de anos. Essa amostra permitirá calcular com maior precisão a taxa de formação estelar e estabelecer limites mais estreitos para o fim da chamada “Idade das Trevas” cósmica.

Impacto para o leitor

Para quem acompanha tecnologia e ciência, a pesquisa destaca o avanço dos instrumentos de observação e a rapidez com que conceitos aceitos podem ser revistos. Telescópios de nova geração, como o JWST, oferecem dados que devem resultar em softwares mais sofisticados de análise, investimentos em supercomputação e oportunidades de carreira em áreas de processamento de imagem e espectroscopia. No cotidiano, as tecnologias desenvolvidas para missões espaciais costumam gerar inovações em sensores, óptica e inteligência artificial que, depois, chegam a setores como saúde e comunicações.

Curiosidade

O desvio para o vermelho (redshift), utilizado para datar galáxias distantes, funciona como um “relógio” cósmico: quanto maior o alongamento da luz em direção ao espectro infravermelho, mais antiga — e, portanto, mais distante — é a fonte observada. No caso das galáxias analisadas pelo JWST, redshifts acima de 10 indicam que a luz viajou mais de 13 bilhões de anos antes de alcançar os sensores do telescópio.

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