Cometa C/2025 A6 (Lemmon) acelera em direção ao interior do Sistema Solar e deve alcançar o maior brilho por volta de 21 de outubro, quando estará a cerca de 89 milhões de quilômetros da Terra. A aproximação, somada ao ganho de luminosidade registrado nas últimas semanas, alimenta a expectativa de observação sem instrumentos ópticos em céus escuros.
Descoberta e trajetória confirmadas pelos observatórios
O objeto foi detectado em 3 de janeiro por astrônomos que operavam o telescópio de 60 polegadas do Observatório Mount Lemmon, no Arizona (EUA). Dados orbitais calculados pelo Minor Planet Center indicam que o Lemmon atinge o perigeu — ponto mais próximo do nosso planeta — em 21 de outubro, antes de seguir para o periélio em 8 de novembro. Após essa passagem, o corpo inicia uma órbita elíptica estimada em 1.351 anos, afastando-se até 243 vezes a distância média entre a Terra e o Sol.
Desde a descoberta, medições fotométricas confirmam um salto de magnitude de +21,5 para valores próximos de +7. Segundo especialistas, a tendência de aumento, se mantida, colocaria o cometa no limite da visibilidade a olho nu (+6,5) em áreas livres de poluição luminosa. Entretanto, relatórios lembram que “cometas são notoriamente imprevisíveis” e que o surto recente pode representar apenas um fenômeno passageiro.
Registros impressionam comunidade de astrofotografia
Mesmo antes de atingir o brilho máximo, o Lemmon já rende imagens detalhadas. Astrofotógrafos utilizaram câmeras especializadas acopladas a telescópios de quintal para capturar o núcleo brilhante e as caudas de poeira e íons. Entre 22 e 30 de setembro, a coloração esverdeada — gerada pela fluorescência do carbono diatômico (C2) — ficou evidente em fotografias de longa exposição.
Em 22 de setembro, Aleix Roig registrou o cometa sob o céu sem lua da Catalunha, Espanha, destacando a formação da cauda iônica. Três dias depois, Jānis Šatrovskis produziu um timelapse na Letônia que exibe o deslocamento do Lemmon em relação ao fundo estelar. Já Dan Bartlett, da Califórnia, monitorou a evolução da cauda entre 25 de agosto e 26 de setembro, revelando torções causadas pelo vento solar.
No Arizona, Chris Schur integrou exposições durante uma hora, em 30 de setembro, evidenciando duas caudas distintas: uma dourada, composta de poeira, e outra azulada, rica em gás. Registros mais recentes, de Bray Falls (Austin, Texas) e do observatório de Chuck’s Astrophotography, mostram perturbações sutis no fluxo de partículas, compatíveis com variações do campo magnético solar.
Melhor janela de observação começa agora
De acordo com dados oficiais de efemérides, o Lemmon pode ser localizado nas horas que antecedem o amanhecer, entre as constelações Ursa Major e Leo Minor. Binóculos de 10×50 já revelam um “emaranhado difuso” sob céus rurais, e telescópios amadores de abertura modesta permitem distinguir a cauda principal. Especialistas recomendam evitar luzes artificiais, ajustar a visão por pelo menos 20 minutos e utilizar aplicativos de carta celeste para identificar a posição exata.
Para entusiastas que planejam fotografar o fenômeno, filtros de banda larga ajudam a ressaltar a tonalidade da coma, enquanto rastreadores automatizados compensam a rotação da Terra em exposições prolongadas. Modelos populares, como o Celestron NexStar 8SE, garantem estabilidade para capturar detalhes finos, mas até um tripé motorizado leve já proporciona resultados expressivos.

Imagem: Anthy Wood published
Expectativas e incertezas sobre o brilho final
Relatórios da comunidade astronômica apontam que o ganho de luminosidade observado pode derivar de um “outburst” — liberação repentina de gases e poeira —, não necessariamente de um aumento linear típico. Caso o ritmo de clarificação desacelere, o Lemmon ficaria restrito a instrumentos óticos modestos, repetindo o comportamento de cometas que decepcionaram astrônomos amadores no passado. Por outro lado, se a atividade continuar, existe possibilidade de coloração esverdeada perceptível sem auxílio ótico em regiões de céu muito escuro, cenário semelhante ao da passagem do cometa NEOWISE em 2020.
Impacto para o leitor: além do espetáculo celeste, a passagem do Lemmon reforça o interesse popular pela astronomia observacional, estimula a compra de equipamentos e impulsiona iniciativas de ciência cidadã que ajudam instituições a monitorar objetos de longo período.
Curiosidade
O monte que batiza o cometa é o mesmo que abriga uma rede de telescópios responsável por identificar centenas de asteroides próximos da Terra. Segundo dados do Center for Near Earth Object Studies, mais de 30% das descobertas de objetos potencialmente perigosos nos últimos dez anos partiram do programa Mount Lemmon Survey, o que confirma a importância desse observatório para a vigilância do espaço próximo.
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