Novos minerais em Marte reforçam indícios de ambientes propícios à vida

Tecnologia

Pesquisadores identificaram três fases distintas de interação entre rochas vulcânicas e água na Cratera Jezero, em Marte, a mesma região explorada pelo rover Perseverance desde 2021. O estudo, publicado no Journal of Geophysical Research, avaliou dados coletados pelo Instrumento Planetário para Litoquímica de Raios X (PIXL) e sugere que o local reuniu condições favoráveis à vida em diferentes períodos da história marciana.

Análise mineral revela mudanças no ambiente marciano

A investigação examinou 24 minerais presentes em amostras examinadas pelo Perseverance ao longo de três anos. Segundo os autores, as rochas registram pelo menos três episódios de circulação de água, cada um marcado por temperaturas e níveis de acidez distintos:

  • Estágio 1: fluidos quentes e ácidos originaram minerais como greenalita, hisingerita e ferroaluminoceladonita, cenário considerado menos favorável a organismos vivos.
  • Estágio 2: águas mais frias e de pH neutro formaram minnesotaíta e clinoptilolita, indicando um ambiente potencialmente habitável para microrganismos.
  • Estágio 3: presença de sepiolita, mineral associado a águas alcalinas e frias, ampliou ainda mais a perspectiva de habitabilidade.

Conforme explicou Eleanor Moreland, doutoranda da Universidade Rice e autora principal, “houve várias ocasiões em que essas rochas interagiram com água líquida, criando cenários compatíveis com a vida em mais de um momento da história de Jezero”.

Ferramentas de bordo e algoritmos ampliam precisão

Os dados do estudo foram processados pelo algoritmo MIST (Identificação Mineral por Estequiometria), desenvolvido na Universidade Rice. A ferramenta atribui níveis de confiança estatística a cada mineral identificado, auxiliando o planejamento das próximas coletas de amostras.

De acordo com integrantes da equipe do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL/NASA), conhecer com antecedência a composição mineral facilita a escolha dos tubos que serão enviados futuramente à Terra pelo programa Mars Sample Return (MSR). Essa triagem é crucial porque o Perseverance pode transportar apenas um número limitado de amostras seladas.

Convergência com bioassinaturas registradas em 2024

Há dez meses, a NASA anunciou detectar possíveis bioassinaturas numa rocha batizada de Cânion Safira, também no interior da Cratera Jezero. Embora o artigo atual não tenha analisado diretamente essa formação, os pesquisadores afirmam que o contexto mineralógico fortalece a hipótese de habitabilidade em toda a região.

Segundo especialistas, quanto mais pontos distintos apresentarem sinais de interação água–rocha, maiores são as chances de encontrar compostos orgânicos preservados. Relatórios da agência norte-americana indicam que a missão solicitou priorizar amostras de rochas alteradas por água neutra ou alcalina, justamente por oferecerem melhor proteção a moléculas biológicas.

Implicações para missões futuras

O traçado cronológico das transformações hidrotermais de Jezero fornece um roteiro valioso para missões de retorno de amostras. A NASA estuda alternativas para reduzir custos e prazos do projeto MSR, cuja data estimada de chegada de material à Terra foi adiada para além de 2035 por restrições orçamentárias.

Enquanto isso, a China planeja a missão Tianwen-3, com objetivo de recolher cerca de 500 gramas de solo marciano e trazê-los ao planeta até 2031. Se concretizada, será a primeira entrega de material marciano à Terra, fato que pode acelerar a análise de evidências de vida e ampliar a competição internacional na área de exploração planetária.

Efeitos para a pesquisa e para o público

Para o leitor, o avanço no entendimento da história hídrica de Marte indica que a busca por vida fora da Terra caminha em ritmo constante. A possibilidade de múltiplos episódios de águas neutras e alcalinas aumenta a probabilidade de que traços de organismos possam ter sido preservados e, futuramente, confirmados em laboratório.

Curiosidade

O mineral sepiolita, identificado na terceira fase de alteração, já foi usado na Terra como material para filtros de cigarro devido à sua elevada porosidade. Em Marte, essa mesma característica pode ter favorecido a proteção de moléculas orgânicas contra radiação, preservando sinais de vida durante milhões de anos.

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