Uma montagem de poucos segundos no curta-metragem “Citizen Steve” — produzido em 1987 para celebrar o aniversário de 40 anos de Steven Spielberg — tornou-se a única forma pública de assistir a trechos de “Slipstream”, filme iniciado pelo diretor no fim dos anos 1960 e jamais concluído. A descoberta reforça o interesse de colecionadores e historiadores por obras inacabadas de grandes cineastas.
Curta de aniversário revela material guardado há décadas
“Citizen Steve” foi idealizado pela então esposa de Spielberg, a atriz Amy Irving, com apoio de amigos próximos. O vídeo, paródia direta de “Cidadão Kane”, reúne depoimentos de familiares e participações de Dan Aykroyd e John Candy como repórteres fictícios. Entre lembranças sobre a infância do cineasta e episódios pitorescos, o curta exibe, no marcador de 15 minutos e 14 segundos, um pequeno rolo de imagens de “Slipstream”. Segundo especialistas em preservação, esse é o único registro disponível fora dos arquivos pessoais do diretor.
No curto trecho, é possível ver ciclistas descendo uma ladeira íngreme, cenas compatíveis com o enredo descrito em biografias do realizador. A sequência confirma a qualidade técnica da produção, apesar do orçamento restrito de poucos milhares de dólares.
O que era “Slipstream” e por que nunca foi finalizado?
De acordo com o biógrafo Joseph McBride, Spielberg começou “Slipstream” aos 20 anos, determinado a criar um cartão de visitas para Hollywood. O argumento narrava a rivalidade entre dois competidores de corrida de bicicleta. O protagonista utilizaria o vácuo de um caminhão para ganhar velocidade, enquanto o antagonista — descrito como trapaceiro — terminaria ferido ao colidir com o veículo.
A produção marcou o primeiro contato entre Spielberg e o então iniciante diretor de fotografia Allen Daviau, futuro colaborador em “E.T. – O Extraterrestre”, “A Cor Púrpura” e “Império do Sol”. No entanto, o cronograma dependia de dois dias finais de filmagem em clima aberto. Chuvas inesperadas inviabilizaram o encerramento do trabalho e elevaram custos além do planejado. Sem recursos para prolongar a equipe no set, o projeto foi arquivado.
Relatórios indicam que os negativos permaneceram armazenados em um laboratório de Los Angeles por quase duas décadas. Já consagrado, Spielberg resgatou o material, mas jamais distribuiu oficialmente qualquer cena. Assim, o breve vislumbre em “Citizen Steve” ganhou status de raridade cinematográfica.
Impacto para pesquisadores e mercado de memorabilia
Para acadêmicos de cinema, a aparição de “Slipstream” preenche lacunas sobre a formação estética do diretor. Professores consultados observam que a montagem dinâmica das bicicletas antecipa técnicas de ação vistas depois em “Tubarão” (1975) e “Indiana Jones” (1981). Arquivos de universidades norte-americanas já demonstraram interesse em obter cópias de alta resolução para estudo comparativo.
No mercado de memorabilia, qualquer suporte físico contendo fragmentos do filme poderia atingir valores superiores a US$ 50 mil, segundo casas de leilão especializadas. A raridade também reacende discussões sobre políticas de preservação: muitos jovens cineastas, como Spielberg na época, dependiam de laboratórios externos, e negativos de curta-metragens se perdiam com frequência por falta de recursos para armazenamento.

Imagem: Internet
Perspectivas para o futuro do material
Até o momento, o cineasta não sinalizou intenção de restaurar ou lançar oficialmente “Slipstream”. Contudo, críticos lembram que Spielberg já autorizou, no passado, exibições de curtas de juventude em mostras comemorativas. Caso a obra seja recuperada, poderia integrar coletâneas sobre o início de sua carreira ou servir de exemplo em cursos de cinema sobre projetos interrompidos.
Para o público geral, a principal repercussão reside no acesso a conteúdos que ampliam a compreensão da trajetória de realizadores consagrados. Se novos trechos vierem a público, plataformas de streaming dedicadas a documentários, como Criterion Channel e MUBI, tendem a disputar direitos de exibição, fortalecendo o nicho de filmes raros.
Análise para o leitor: a retomada de material perdido mostra como tecnologias de digitalização e interesse acadêmico podem ressuscitar obras consideradas inalcançáveis. Para fãs, significa a chance de enxergar a evolução criativa de Spielberg e, possivelmente, incentivar a preservação de produções independentes atuais.
Curiosidade
Steven Spielberg não é o único diretor renomado com projetos inacabados: Alfred Hitchcock abandonou “Kaleidoscope” na década de 1960, e Stanley Kubrick deixou extenso material para “Napoleon”, nunca filmado. A diferença é que, no caso de “Slipstream”, alguns segundos realmente chegaram à câmera e, graças a um presente de aniversário, permanecem vivos para apreciação pública.
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