Animação chinesa recordista falha em conquistar público dos EUA mesmo com elenco de peso

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“Ne Zha 2”, maior bilheteria da história da animação, estreou nos Estados Unidos com uma versão dublada em inglês, distribuída pela A24, mas não conseguiu repetir no país o êxito alcançado na China. Mesmo com a inclusão de nomes como Michelle Yeoh no elenco de voz e sessões em salas IMAX, o longa arrecadou apenas US$ 1,5 milhão no fim de semana de estreia, ocupando a 13.ª posição no ranking doméstico.

Bilheteria global impressiona, mas dependente do mercado chinês

Dirigido por Zi Jiao, o filme acumulou US$ 2,15 bilhões em todo o mundo, ultrapassando “Inside Out 2” e tornando-se a animação mais lucrativa de todos os tempos. Desse montante, quase US$ 2 bilhões foram obtidos apenas na China, evidenciando forte concentração de público no mercado de origem. O total global coloca a produção como a quinta maior bilheteria da história do cinema, atrás de “Titanic”, “Avatar: O Caminho da Água”, “Vingadores: Ultimato” e “Avatar”.

Para efeito de comparação, “Star Wars: O Despertar da Força” detinha o recorde anterior de maior arrecadação em um único país, com US$ 936,6 milhões nos Estados Unidos. “Ne Zha 2” superou esse valor em cerca de US$ 1 bilhão dentro da China, cenário que evidencia a crescente preferência do público chinês por produções locais.

Fatores que limitaram o desempenho norte-americano

A estratégia da A24 incluiu o lançamento de uma dublagem em inglês, sessão em formato IMAX e campanha de divulgação focada na presença de atores conhecidos, entre eles Crystal Lee, Vincent Rodriguez III, Aleks Le e Damien Haas. Ainda assim, vários elementos contribuíram para o resultado modesto:

Sequência pouco familiar: grande parte dos espectadores dos EUA não assistiu ao primeiro “Ne Zha”, disponível no serviço de streaming Peacock, reduzindo o engajamento natural com a continuação.

Recursos de marketing limitados: com orçamento menor que o de grandes estúdios, a A24 teve alcance restrito em mídias tradicionais e digitais.

Competição de nicho: no mesmo fim de semana, “KPop Demon Hunters”, distribuído pela Netflix em um evento de dois dias, liderou as bilheterias com US$ 18 milhões e possivelmente disputou o mesmo público-alvo interessado em animações asiáticas.

Agenda de lançamentos reduzida: embora o período não apresentasse grandes estreias, filmes como “Honey Don’t!” (US$ 3 milhões) e “Eden”, de Ron Howard (US$ 1 milhão), dividiram a atenção de um circuito já fragmentado.

Enredo e elenco da nova versão

A trama acompanha Ne Zha, garoto dotado de poderes temidos pelos deuses, que precisa enfrentar uma força ancestral disposta a destruir a humanidade. A versão dublada em inglês traz Michelle Yeoh no papel central, ao lado de um elenco que inclui vozes reconhecidas no cenário da animação e dos games. O objetivo era facilitar a recepção entre falantes de inglês e ampliar o alcance além das sessões legendadas, exibidas no início do ano.

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Imagem: Internet

Impacto no cenário global do cinema

A discrepância entre os desempenhos chinês e norte-americano ilustra a mudança recente no mercado cinematográfico. Produções locais gigantescas, impulsionadas por campanhas internas robustas e preferência do público doméstico, podem atingir cifras bilionárias sem depender de bilheteria internacional. Especialistas veem nesse movimento um possível ponto de inflexão, em que blockbusters regionais ocupam posições de destaque entre os filmes mais rentáveis da história, mesmo com recepção limitada em outros territórios.

O desempenho norte-americano de “Ne Zha 2” indica, ainda, os desafios para que títulos estrangeiros alcancem plateias mais amplas nos Estados Unidos. Diferenças culturais, continuidade de franquias pouco conhecidas e investimentos publicitários restritos seguem como barreiras relevantes.

Para quem acompanha tendências de mercado e a evolução da animação mundial, permanecem dúvidas sobre os próximos passos da A24 e de outros distribuidores ao trabalharem franquias de enorme sucesso regional. A possibilidade de “Ne Zha 2” ultrapassar “Titanic” globalmente persiste, precisando de pouco menos de US$ 15 milhões adicionais, mas o público internacional terá papel limitado nesse avanço.

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Em síntese, “Ne Zha 2” registra números excepcionais no mercado chinês, porém encontra dificuldades para repetir o sucesso fora de casa, reforçando a tendência de blockbusters cada vez mais segmentados. Acompanhe a evolução das bilheterias e fique atento às próximas manobras dos estúdios.

Curiosidade

Embora “Ne Zha 2” tenha dominado as telas chinesas, o folklore que inspira o personagem é milenar e comum em óperas, quadrinhos e séries do país. A lenda original descreve Ne Zha como um protetor das crianças, ideia que se mantém na adaptação moderna. Na China, escolas utilizam a história em aulas de literatura. A primeira versão animada data de 1979, ainda em plena abertura cultural. O protagonista ganhou popularidade internacional apenas após o filme de 2019, que preparou o terreno para a atual continuação.

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