O drama histórico “Reds”, dirigido e protagonizado por Warren Beatty, alcança 40 anos de lançamento com um legado expressivo: 12 indicações ao Oscar e três estatuetas. Mesmo com esse desempenho, o épico de 195 minutos permanece pouco lembrado pelo grande público, contrastando com o impacto crítico que obteve em 1981.
Enredo foca em idealismo, jornalismo e um romance conturbado
Ambientado a partir de 1915, o longa-metragem acompanha o jornalista norte-americano John Reed (Beatty) após a conclusão de seus estudos em Harvard. Fascinado por transformações sociais, Reed cobre greves trabalhistas nos Estados Unidos, a Revolução Mexicana e, mais tarde, a Primeira Guerra Mundial como correspondente na Europa.
O ponto de partida da narrativa é o encontro de Reed com a jornalista e sufragista Louise Bryant (Diane Keaton) em Portland. Envolvida pelo engajamento político do repórter, Bryant abandona o marido para viver ao seu lado. O relacionamento, porém, passa por sucessivos conflitos, inclusive uma breve relação da protagonista com o dramaturgo Eugene O’Neill (Jack Nicholson).
Fortalecidos pela convergência de ideais, Reed e Bryant viajam à Rússia para cobrir a Revolução de Outubro. De volta aos Estados Unidos, o jornalista ajuda a fundar o Partido Comunista Trabalhista da América, iniciativa que gera disputas internas e coloca em risco a liberdade do casal. Além da trama clássica, Reds incorpora trechos documentais: depoimentos de contemporâneos que conheceram Reed complementam as cenas ficcionais e ampliam o contexto histórico.
Filmagem extensa e custos altos desafiaram a Paramount
A concretização do projeto exigiu um cronograma de 12 meses de filmagem em cinco países, prazo bem superior ao planejado inicialmente. A logística complexa foi agravada pela prática de Beatty de gravar até 70 tomadas por cena, medida que testou a paciência de elenco e equipa técnica, incluindo Diane Keaton, à época em relacionamento com o diretor.
O orçamento oficial chegou a aproximadamente US$ 32 milhões, equivalente a cerca de US$ 113 milhões em valores atuais. Convencer a Paramount a bancar uma produção centrada em um comunista norte-americano durante a Guerra Fria foi um feito notável, considerando o clima político do período.
Apesar das dificuldades, a recepção foi positiva. A obra venceu as categorias de Melhor Diretor, Melhor Ator Coadjuvante (para Jack Nicholson) e Melhor Fotografia (assinada por Vittorio Storaro). O conjunto rendeu comparações a clássicos como Lawrence da Arábia, em virtude da escala épica e do enfoque em personagens históricos.

Imagem: filmes e séries
Por que o filme caiu no esquecimento?
Entre os fatores que limitam a memória coletiva sobre Reds estão a duração de três horas e os temas políticos densos, considerados pouco atraentes para parte do público contemporâneo. Ainda assim, críticos ressaltam que o roteiro cuidadoso, o elenco de alto nível e a fotografia premiada conferem relevância duradoura ao título.
Quatro décadas depois, a produção segue como referência para retratos cinematográficos de movimentos sociais e revoluções. Sua combinação de narrativa ficcional, depoimentos reais e amplitude histórica continua a ser objeto de estudo em cursos de cinema e jornalismo.
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O aniversário de 40 anos de Reds reabre o debate sobre sua importância como documento cinematográfico e histórico. Se ainda não assistiu, o épico oferece uma visão detalhada sobre idealismo, paixão e conflito político — motivos suficientes para adicioná-lo à lista de filmes a conferir.