“Xena: A Princesa Guerreira”, um dos maiores ícones da televisão dos anos 1990, só encontrou espaço para existir graças ao insucesso de outro projeto do mesmo estúdio. A confirmação partiu do produtor Robert Tapert, que relembrou como o tropeço de “Vanishing Son” abriu caminho para a heroína protagonizada por Lucy Lawless.
O bloco Action Pack e a aposta em telefilmes
Em 1994, a Universal Television lançou o “Action Pack”, bloco de programação sindicalizada dedicado a longas-metragem feitos para TV. O formato, conhecido como “wheel series”, previa a exibição rotativa de filmes de ação, fantasia ou ficção científica que pudessem, depois, transformar-se em séries semanais.
Entre os títulos iniciais estavam “TekWar”, baseado nos romances de William Shatner, “Smokey and the Bandit”, “Midnight Run”, “Fastlane”, “Vanishing Son” e “Hercules and the Amazon Women”. Cada franquia receberia, no mínimo, quatro telefilmes. A estratégia misturava gêneros e testava a receptividade do público sem o custo de uma temporada convencional.
Segundo dados da própria Universal, “TekWar” acabou remontado como a primeira temporada de 18 episódios de uma série homônima, enquanto “Bandit” permaneceu apenas no formato de filme. O maior êxito, contudo, veio com “Hercules”, que rendeu quatro telefilmes e, em 1995, originou “Hercules: The Legendary Journeys”, estrelada por Kevin Sorbo e exibida por 111 episódios.
“Vanishing Son” perde fôlego e cede lugar a Xena
Lançado também sob o guarda-chuva do Action Pack, “Vanishing Son” apresentou quatro filmes que narravam a vida de Jiang-Wa Chang (Russell Wong) e seu irmão Wago (Chi Muoi Lo), refugiados chineses nos Estados Unidos. A trama, mais voltada para drama criminal que para fantasia, obteve índices considerados “razoáveis” pelos executivos, mas não sustentou o mesmo apelo de “Hercules”.
Ainda assim, o estúdio aprovou uma série derivada com 13 episódios em 1995. Os resultados ficaram abaixo das expectativas e, de acordo com Tapert, “Vanishing Son” logo “desapareceu da grade”, expressão que inspirou trocadilhos entre críticos da época. Com a faixa horária livre, surgia a necessidade de um programa capaz de complementar o sucesso de Hércules e manter a audiência em duas horas consecutivas de ação.
Nesse momento, Tapert já havia introduzido a personagem Xena em um episódio de “Hercules: The Legendary Journeys”. Executivos que assistiram a um corte bruto do capítulo enxergaram ali uma oportunidade: “Devemos nos copiar antes que alguém nos copie”, relatou o produtor sobre a conversa interna. A ideia era simples: substituir o desempenho morno de “Vanishing Son” por um spin-off protagonizado pela guerreira.
Ascensão de Xena e impacto na TV dos anos 1990
Com luz verde concedida, “Xena: A Princesa Guerreira” estreou em setembro de 1995. A série combinava mitologia greco-romana, humor e coreografias de luta, fórmula que resultou em 135 episódios distribuídos por seis temporadas até 2001. Relatórios de audiência divulgados na época mostram que o programa superou, em diversos mercados, o desempenho do próprio “Hercules”.
Analistas de mídia apontam três fatores para o êxito: protagonista feminina forte, enredo autossuficiente e distribuição em syndication, que permitia horários flexíveis em afiliadas de todo os Estados Unidos. De acordo com estudos de mercado, a presença de uma heroína central impulsionou a representação feminina em produções de ação, influenciando séries posteriores como “Buffy, a Caça-Vampiros” e “Alias”.

Imagem: Internet
Enquanto isso, o selo Action Pack continuou ativo até 2001, lançando títulos como “Cleopatra 2525”, “Knight Rider 2010” e “Jack of All Trades”. Nenhum, porém, alcançou o reconhecimento cultural de Xena, que permanece em exibição em serviços de streaming e coleções em home video.
O que essa virada significa para o público e para a indústria
A troca de “Vanishing Son” por Xena demonstra como decisões rápidas, baseadas em métricas de audiência, podem moldar a paisagem televisiva. Para o espectador, o resultado foi o surgimento de uma figura que se tornou referência de empoderamento e diversidade. Para os estúdios, a lição está na importância de avaliar o alinhamento de tom e público-alvo quando programas dividem o mesmo bloco.
Especialistas lembram que a estratégia de testar personagens em participações especiais — como Xena em “Hercules” — segue prática comum. Plataformas de streaming aplicam método semelhante ao criar séries derivadas a partir de episódios-piloto inseridos dentro de produções consolidadas.
Curiosidade
Na mitologia grega, Xena não existe; sua criação foi totalmente original dos roteiristas. Mesmo assim, o nome passou a figurar em listas de bebês nos Estados Unidos a partir de 1996, segundo dados oficiais de registro civil. O fenômeno ilustra como a influência da televisão pode ultrapassar a tela e chegar a escolhas pessoais de milhares de famílias.
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