Elon Musk levou aos tribunais a disputa que vinha anunciando nas redes sociais. Na segunda-feira, a sua empresa de inteligência artificial, xAI, abriu um processo contra a Apple e a OpenAI, alegando que as duas companhias mantêm um acordo que restringe a concorrência entre assistentes de IA na App Store e nos dispositivos da fabricante do iPhone.
Principais alegações da ação judicial
No documento protocolado, a xAI descreve Apple e OpenAI como “dois monopolistas” que estariam atuando em conjunto para proteger posições de mercado. Segundo a acusação, a Apple prioriza o ChatGPT nos resultados de busca da App Store, rebaixa apps rivais como o Grok (desenvolvido pela xAI) e prolonga a revisão de softwares concorrentes. A ação sustenta que essa política dificulta a chegada de novas soluções de IA ao topo do ranking da loja.
Outro ponto central do processo é o recente acordo que integra o ChatGPT a recursos de Apple Intelligence no macOS, iOS e iPadOS. A xAI argumenta que a parceria dá ao serviço da OpenAI acesso preferencial a centenas de milhões de iPhones, gerando “bilhões de comandos de usuário” exclusivos para o ChatGPT. Na visão da empresa de Musk, o fluxo de dados e a posição privilegiada tornam quase inviável a escalada de competidores que dependem de volume para treinar modelos generativos.
Contexto do conflito e reações públicas
Antes de formalizar a ação, Musk afirmou na plataforma X que seria “impossível para qualquer empresa de IA além da OpenAI alcançar o primeiro lugar” na App Store. A publicação recebeu uma contestação por meio do recurso Community Notes, que citou casos de aplicativos como DeepSeek e Perplexity alcançando o topo da lista mesmo após o início da colaboração entre Apple e OpenAI.
A disputa também ocorre num cenário de crescente escrutínio antitruste. Em 2023, o Google perdeu um processo envolvendo o pagamento para manter seu motor de busca como padrão nos dispositivos Apple. Para a xAI, essa decisão pode servir de precedente ao demonstrar que acordos exclusivos em plataformas dominantes enfrentam resistência legal.
Apesar de mencionar práticas de ranqueamento e revisão na App Store, a petição vai além e afirma que Apple e OpenAI “fecharam mercados” para assegurar “domínio contínuo” no setor de IA. A empresa de Musk solicita reparações — valores não foram especificados — e mudanças estruturais que permitam a presença equilibrada de outros assistentes generativos nos sistemas da Apple.
Próximos passos no processo
O caso deverá passar por uma primeira audiência nos próximos meses, quando o tribunal decidirá se acolhe a denúncia integralmente ou se solicita ajustes. Apple e OpenAI ainda não se pronunciaram formalmente sobre a ação; historicamente, a fabricante do iPhone defende a necessidade de curadoria rígida para “proteger segurança e privacidade” de usuários, enquanto a OpenAI afirma competir “em condições de mercado abertas”.
Advogados especializados acompanham com atenção, pois o resultado pode afetar não apenas o ambiente da App Store, mas também acordos de exclusividade envolvendo outros ecossistemas, como consoles de jogos e assistentes virtuais para casa inteligente.

Imagem: Internet
Para quem acompanha a evolução da IA, o litígio coloca em pauta a influência que plataformas dominantes exercem sobre quais aplicativos chegam até o público. Se o tribunal concluir que há conduta anticompetitiva, Apple e OpenAI poderão ser obrigadas a revisar contratos e abrir mais espaço a rivais, impactando diretamente a oferta de chatbots nos dispositivos da empresa de Cupertino.
Enquanto a disputa judicial avança, desenvolvedores de IA observam a possibilidade de um precedente que limite parcerias exclusivas e incentive a diversidade de modelos nos principais sistemas operacionais móveis.
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Em resumo, a xAI acusa Apple e OpenAI de usar a estrutura da App Store e integrações nativas para consolidar o ChatGPT como opção dominante, prejudicando o Grok e outros concorrentes. A decisão judicial poderá redefinir como grandes parcerias de IA são firmadas em plataformas móveis e influenciar futuros acordos no segmento.
Curiosidade
O Grok foi lançado em 2023 como resposta direta de Elon Musk ao ChatGPT e apresenta personalidade inspirada no humor da plataforma X. Apesar da popularidade do fundador da Tesla, o aplicativo registra uma base de usuários bem menor do que a solução da OpenAI. Um dos diferenciais do Grok é o acesso em tempo real a publicações na própria rede X, recurso que o ChatGPT só obtém via plugins externos.