O padrão Wi-Fi 7, tecnicamente identificado como 802.11be, começa a aparecer em roteadores e dispositivos de última geração com a promessa de multiplicar por quatro a velocidade alcançada pelo Wi-Fi 6, além de reduzir de forma significativa a latência. A novidade foi concebida para lidar com o volume crescente de transmissões ao vivo, videoconferências, jogos em nuvem e aplicações de realidade aumentada que exigem resposta quase instantânea da rede.
Evolução até o novo padrão
Lançado em 2014, o Wi-Fi 5 (802.11ac) popularizou o uso da frequência de 5 GHz, menos congestionada que a faixa de 2,4 GHz. O salto seguinte ocorreu em 2019 com o Wi-Fi 6 (802.11ax), cuja arquitetura foi desenhada para ambientes com muitos dispositivos conectados simultaneamente. Recursos como OFDMA para divisão eficiente do sinal, consumo energético reduzido e melhor desempenho em locais movimentados tornaram-se características centrais dessa geração.
Segundo dados da Wi-Fi Alliance, o Wi-Fi 6E, uma extensão do Wi-Fi 6, abriu a faixa de 6 GHz e ofereceu canais de 160 MHz, dobrando a largura disponível para transferência de dados. No entanto, a demanda por vídeos em 4K, jogos competitivos online e soluções de colaboração remota continuou a crescer, criando a necessidade de um protocolo ainda mais robusto e estável.
Principais avanços do Wi-Fi 7
O Wi-Fi 7 eleva a largura dos canais para 320 MHz, dobrando o espaço em relação ao Wi-Fi 6E. De acordo com especialistas da IEEE, essa ampliação permite transportar pacotes de dados em volume muito maior, alcançando taxas teóricas que superam 40 Gb/s em condições ideais.
Outro salto relevante é o Multi-Link Operation (MLO). A tecnologia possibilita que um único dispositivo se conecte simultaneamente às bandas de 2,4 GHz, 5 GHz e 6 GHz. Com isso, o roteador distribui tráfego de forma dinâmica, reduz interferências e mantém a transmissão mesmo quando um dos canais sofre congestão.
Relatórios técnicos indicam ainda um ganho expressivo em latência. A combinação de modulação 4K-QAM com mecanismos de agendamento mais precisos diminui atrasos na ordem de milissegundos, requisito essencial para aplicações de realidade virtual, automação industrial e telemedicina.
Impacto no cotidiano e no mercado
Para residências conectadas, a nova especificação promete streaming estável em resolução 8K e jogos em nuvem sem interrupções, mesmo com múltiplos dispositivos competindo pelo roteador. Já em ambientes corporativos, a maior largura de banda deve facilitar a adoção de escritórios híbridos, onde videoconferências de alta qualidade e compartilhamento de arquivos em tempo real são rotina.
Empresas de manufatura e logística também podem se beneficiar. Segundo estimativas da ABI Research, a combinação de baixa latência e suporte a centenas de sensores por ponto de acesso pode acelerar projetos de Indústria 4.0 e redes privadas em armazéns automatizados.
Os fabricantes de dispositivos móveis, por sua vez, terão a oportunidade de explorar perfis de economia de energia mais agressivos. Graças à inteligência na divisão do sinal, smartphones e tablets devem manter conexões rápidas gastando menos bateria, aspecto valioso para usuários que dependem de chamadas de vídeo prolongadas ou jogam títulos competitivos em qualquer lugar.

Imagem: Internet
O que esperar da adoção no Brasil
No cenário nacional, a liberação de frequências pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) será determinante para a popularização do Wi-Fi 7. Embora a faixa de 6 GHz já tenha sido aprovada para uso não licenciado, a necessidade de certificação de roteadores pode retardar ligeiramente a chegada de modelos compatíveis às prateleiras.
Mesmo assim, redes corporativas e provedores regionais de internet avaliam investir na nova tecnologia para oferecer planos acima de 2 Gb/s sem depender exclusivamente de fibra óptica em cada cômodo. De acordo com consultorias de mercado, a expectativa é que preços de roteadores Wi-Fi 7 caiam progressivamente a partir de 2025, impulsionados por produção em larga escala na Ásia.
Para o usuário final, a transição tende a ser gradual: equipamentos Wi-Fi 6 continuarão funcionando, mas não explorarão toda a capacidade dos novos roteadores. Quem planeja atualizar notebooks ou smartphones deve observar se o chipset interno já traz suporte ao 802.11be para evitar gargalos.
Na prática, a chegada do Wi-Fi 7 pode mudar a forma como residências e empresas estruturam suas redes internas, reduzindo pontos de acesso cablados, consolidando serviços na nuvem e preparando o terreno para experiências imersivas de realidade aumentada.
Se você acompanha as evoluções de conectividade, vale conferir como fabricantes de smartphones estão integrando o novo padrão em modelos topo de linha. No nosso caderno de Tecnologia, publicamos análises frequentes sobre desempenho de rede em dispositivos recém-lançados.
Curiosidade
Você sabia que o termo “Wi-Fi” não é uma sigla técnica? Criado em 1999, o nome foi escolhido por uma agência de branding para soar como “Hi-Fi” (alta fidelidade), popular nos anos 50 para sistemas de áudio. A cada geração, o Wi-Fi mantém essa identidade de fácil memorização, enquanto o número que acompanha a marca simplifica padrões complexos da IEEE para o público geral. Agora, com o Wi-Fi 7, a nomenclatura continua a traduzir avanços significativos de engenharia em uma expressão familiar.
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