São Paulo, 2023 — Lançada pela Netflix em 2022, a série Wandinha ultrapassou a expectativa de ser apenas mais um drama adolescente gótico. A produção reuniu referências literárias, históricas e cinematográficas que ampliam o universo da Família Addams, atraindo tanto novos fãs quanto admiradores das versões clássicas.
A Escola Nunca Mais como metáfora de inclusão e identidade
Cenário central da trama, a Nevermore Academy, traduzida como Escola Nunca Mais, foi inspirada em internatos vitorianos e carrega elementos góticos que remetem a castelos europeus. Segundo especialistas em design de produção, cada vitral, gárgula e corredor tem função narrativa: simbolizar o contraste entre “normies” (humanos convencionais) e alunos excêntricos.
O nome da instituição é uma alusão direta ao poema “O Corvo”, de Edgar Allan Poe, reforçando o flerte da série com a literatura sombria. A divisão entre grupos de estudantes destaca temas de pertencimento e tolerância, aproximando a ficção de debates contemporâneos sobre diversidade.
Raízes nos quadrinhos de Charles Addams
A Família Addams surgiu nas tiras de Charles Addams publicadas no The New Yorker na década de 1930. Curiosamente, Wandinha originalmente não possuía nome; a designação Wednesday foi criada apenas na série televisiva de 1964. Elementos minimalistas desses quadrinhos, como cenários de alto contraste e humor ácido, foram recuperados pela Netflix para preservar o DNA da obra.
Relatórios de audiência indicam que o resgate dos traços originais ajudou a atrair espectadores que valorizam fidelidade histórica. A frase “Wednesday’s child is full of woe”, de uma tradicional cantiga infantil inglesa, serviu como base psicológica para delinear a personalidade da protagonista.
Marca visual de Tim Burton e conexões cinematográficas
Tim Burton dirigiu quatro episódios da primeira temporada, imprimindo identidade própria por meio de contrastes de luz, sombras acentuadas e personagens excêntricos. Críticos destacam semelhanças entre a Escola Nunca Mais e cenários de filmes como Edward Mãos de Tesoura e A Noiva-Cadáver. Esses paralelos reforçam a sensação de continuidade no universo burtoniano.
O elenco também dialoga com adaptações anteriores. Christina Ricci, intérprete de Wandinha nos longas de 1991 e 1993, retorna na nova série como a professora Marilyn Thornhill. A presença da atriz funciona como ponte geracional que conecta diferentes fases da franquia.
Figurino como “personagem silencioso”
Assinada pela figurinista Colleen Atwood, parceira recorrente de Burton, a paleta de cores reforça a psicologia dos personagens. Wandinha veste apenas preto, branco ou cinza, inclusive no uniforme adaptado especialmente para ela. Já Enid, colega de quarto, usa tons vibrantes, evidenciando o contraste entre as duas personalidades.
Mortícia mantém o clássico vestido preto de cauda longa, mas com ajustes que modernizam a silhueta. De acordo com dados de plataformas de moda, buscas por roupas inspiradas nesses visuais cresceram após a estreia, indicando influência direta da série no consumo de tendências góticas.
Easter eggs que estimulam a revisão dos episódios
Além das referências explícitas, a série dispõe de inúmeros detalhes ocultos. A estátua de Edgar Allan Poe na escola sinaliza a afinidade temática com o escritor. O nome da cidade fictícia Jericho, onde se desenrola a história, remete ao relato bíblico da queda das muralhas — metáfora para barreiras entre grupos sociais.

Imagem: Ana Lee
Vários títulos de episódios fazem alusão a falas clássicas da Família Addams, criando um jogo de caça a pistas que incentiva o engajamento do público. Segundo analistas de redes sociais, esse formato colaborou para manter a produção entre os assuntos mais comentados no TikTok e no Twitter durante semanas.
Coreografia viral e impacto cultural
A cena da dança de Wandinha, coreografada pela própria atriz Jenna Ortega, conquistou milhares de recriações na internet. A artista declarou ter se inspirado em performances de Siouxsie Sioux e em danças pós-punk dos anos 1980. Nos vídeos virais, a trilha original foi substituída por “Bloody Mary”, de Lady Gaga, ampliando o alcance da série junto ao público mais jovem.
Especialistas em mídia digital afirmam que a difusão da coreografia exemplifica como produtos de streaming podem transcender a tela e se tornar fenômenos culturais multiformato.
Impacto direto para o público e para o mercado
Para os espectadores, a proposta de Wandinha vai além do entretenimento: a série convida à reflexão sobre inclusão, autoaceitação e ruptura de estereótipos. No mercado audiovisual, o sucesso impulsiona investimento em produções que combinam nostalgia, estética autoral e forte interação digital.
Plataformas de streaming veem no modelo um exemplo rentável de como franquias tradicionais podem ser revitalizadas sem alienar novos públicos, abrindo caminho para adaptações semelhantes de outras obras clássicas.
Curiosidade
No set de filmagens, a equipe utilizou um corvo treinado para algumas cenas, reforçando a referência a Edgar Allan Poe. A ave recebia comandos de um adestrador fora do enquadramento e, segundo relatos de bastidores, tornou-se “mascote” da produção, aparecendo em fotos dos bastidores e em materiais promocionais.
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