O novo derivado de “The Office”, intitulado “The Paper”, chegou ao catálogo da Peacock e já chama a atenção por um bastidor incomum em produções televisivas: o amplo espaço concedido aos atores para moldar seus próprios personagens. Segundo declarações do elenco, os criadores Greg Daniels e Michael Koman abriram as portas para que ideias sugeridas durante os testes de elenco fossem incorporadas diretamente ao roteiro da primeira temporada.
Elenco influencia construção dos personagens
Melvin Gregg, intérprete do vendedor Detrick Moore, relatou que o processo de seleção começou sem a habitual “bíblia” de personagem. “Recebemos apenas as falas. A partir daí, cabia a cada um propor características, trejeitos e motivações”, explicou o ator. Caso a leitura agradasse à equipe criativa, a abordagem se tornava oficial, e os roteiristas passavam a escrever em torno dessa versão. O procedimento, de acordo com Gregg, permitiu fugir de estereótipos associados a papéis anteriores e explorar facetas diferentes de sua própria experiência.
A estratégia não se limitou ao protagonista. Demais membros do elenco também tiveram liberdade para incluir passagens de sua vivência pessoal, resultando em nuances que reforçam a sensação de cotidiano autêntico no ambiente corporativo fictício da Enervate, empresa de Ohio retratada na série. “Todos ganham uma tarefa de fundo, mesmo que não estejam no foco da cena. Essa atividade, muitas vezes improvisada, faz com que o espectador acredite que os personagens continuem existindo fora do enquadramento”, comentou um dos roteiristas, sob condição de anonimato.
Modelo de Greg Daniels se mantém eficiente
A postura colaborativa não é novidade na carreira de Greg Daniels. Produções anteriores, como “The Office” e “Parks and Recreation”, já utilizavam a improvisação controlada como ferramenta para gerar momentos de humor orgânico. Relatos de bastidores indicam que, em “The Office”, a atriz Jenna Fischer chegou a escrever recados fictícios para colegas durante uma tomada, sugerindo uma festa de aniversário para o gato de Angela Kinsey. A brincadeira agradou à direção e acabou transformando o amor de Angela por felinos em marca registrada da personagem.
Leslie David Baker, que viveu Stanley Hudson na série original, confirma a prática. Em entrevistas anteriores, o ator contou que “nunca recebeu um perfil definitivo com sonhos ou hobbies” e que precisou, junto dos colegas, preencher essas lacunas. O resultado foi um conjunto de figuras críveis, com rotinas próprias, que sustentaram o sucesso da sitcom por nove temporadas.
Com “The Paper”, Daniels resgata o mesmo método, mas ajustado às demandas de 2025. Ao contrário de “The Office”, que se passava em um escritório de papelaria, a nova produção apresenta uma companhia diversificada que vende de rolos de papel higiênico a assinaturas de jornal. O cenário híbrido amplia a gama de tarefas de fundo e justifica a presença de profissionais de perfis variados, abrindo espaço para ainda mais contribuições improvisadas.
Especialistas em roteiro consultados por veículos dos Estados Unidos apontam que essa liberdade aumenta o engajamento do elenco, potencializando a autenticidade das cenas. “Quando o ator ajuda a criar, ele investe emocionalmente na história”, resume um analista da Writers Guild of America. Para as plataformas de streaming, o benefício é claro: personagens verossímeis estimulam maratonas e reforçam a fidelidade do assinante.

Imagem: Internet
Impacto para o público e para o mercado
Para quem acompanha séries de comédia, a abordagem promete diálogos menos engessados e situações inesperadas. O espectador deve notar pequenos detalhes — uma troca de olhares, um objeto na mesa ou um comentário sussurrado — que não constariam em roteiros tradicionais. Do ponto de vista do mercado, o êxito de “The Paper” pode consolidar a tendência de delegar parte da construção dramática ao elenco, reduzindo retrabalhos de roteiro e aumentando a velocidade de produção, fator crucial no ambiente competitivo das plataformas digitais.
Além disso, o método pode inspirar projetos fora do eixo EUA, inclusive no Brasil, onde salas de roteiro começam a adotar writers rooms colaborativas. Se confirmar altos índices de audiência, a série servirá como estudo de caso para emissoras e streamings nacionais interessados em formatos de workplace comedy.
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Curiosidade
Nos bastidores de “The Paper”, um hábito curioso virou tradição: cada ator mantém um item pessoal sobre a mesa de seu personagem para estimular improvisos. A prática começou com um simples chaveiro deixado por Melvin Gregg e acabou adotada por todo o elenco, criando pequenos “easter eggs” que fãs já se dedicam a encontrar cena a cena.
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