A empresa de inteligência artificial Tensor revelou nesta quarta-feira (data do anúncio) o Tensor Robocar, um automóvel totalmente autônomo desenvolvido para proprietários individuais. Diferentemente dos robotáxis que já circulam em algumas cidades, o modelo foi concebido “do zero” para ser comprado e mantido pelo usuário, segundo comunicado da companhia.
Projeto voltado ao consumidor
Com linhas futuristas que lembram uma combinação entre o Jaguar I-Pace da Waymo e o Tesla Model Y, o Robocar conta com mais de 100 sensores integrados. A lista inclui 37 câmeras, cinco lidars, 11 radares, 22 microfones e 10 sensores ultrassônicos. Essa configuração permite alcançar autonomia de Nível 4, em que o veículo conduz sozinho dentro de áreas e condições climáticas pré-definidas.
A Tensor declara que o Robocar é o “primeiro veículo autônomo para consumo em produção em larga escala”. Enquanto os robotáxis atuais dependem de frotas gerenciadas e garagens dedicadas, a proposta da empresa é um carro realmente independente, capaz de servir diretamente ao proprietário.
Disponibilidade e regulamentação
O lançamento está previsto para “mercados globais selecionados” nos Estados Unidos, na Europa e nos Emirados Árabes Unidos, com entregas programadas para o segundo semestre de 2026. O preço ainda não foi divulgado.
Para viabilizar a comercialização, o Robocar foi projetado para atender aos padrões automotivos mais rígidos, entre eles os Federal Motor Vehicle Safety Standards da Administração Nacional de Segurança no Trânsito dos EUA (NHTSA), que regulam componentes como freios, pneus e airbags. A Tensor, anteriormente conhecida como AutoX, possui certificação para testes autônomos do Departamento de Veículos Motorizados da Califórnia desde 2020.
Comandos por voz e direção opcional
O veículo funciona como um agente pessoal: basta dizer “me busque” ou “ligue o ar-condicionado”, mesmo à distância, para que a instrução seja executada. No vídeo de divulgação, a usuária também pede “abra o porta-malas” e “procure uma vaga” após desembarcar.
Caso prefira assumir o volante, o proprietário pode pressionar um botão que recolhe a tela do painel e revela um volante convencional, permitindo a condução manual.
Privacidade e processamento local
Dados de localização, preferências e históricos ficam armazenados localmente no carro. O acesso é feito por aplicativo criptografado de ponta a ponta ou pela interface interna. Para aumentar a sensação de segurança, o Robocar traz tampas físicas para câmeras e interruptores que desligam os microfones.

Imagem: the Consumer Technology Association in via cnet.com
Desafios apontados por analistas
Especialistas veem a meta de 2026 como ousada. Para Shawn DuBravac, presidente da consultoria Avrio Institute, entregar autonomia de Nível 4 a proprietários privados “exige solucionar cada entrada de garagem, cada tarefa diária e lidar com motoristas humanos imprevisíveis”. Ele ressalta que conquistar a confiança do consumidor pode ser o obstáculo mais demorado.
Paul Miller, analista de mobilidade da Forrester, observa que as capacidades iniciais podem ficar restritas a determinados tipos de via ou a zonas geográficas delimitadas, transformando o volante retrátil em item necessário e não apenas estético.
Concorrência em movimento
O mercado de direção autônoma reúne gigantes como Waymo, líder em robotáxis em algumas cidades norte-americanas, e Tesla, cujo futuro Robotaxi também poderá ser de propriedade individual. Startups como May Mobility, Nuro e Zoox, além de parcerias de Uber e Lyft, reforçam a disputa por espaço nesse segmento.
Com o Robocar, a Tensor aposta na combinação entre independência do usuário e tecnologia de ponta para se diferenciar das frotas comerciais. Resta acompanhar se a empresa conseguirá cumprir o cronograma e vencer as barreiras regulatórias e de aceitação do público.
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Fonte: CNET