A terceira temporada de Star Trek: Strange New Worlds trouxe um dos episódios tecnicamente mais ambiciosos da série, segundo bastidores divulgados pela produção. A sequência central de “Terrarium”, o nono capítulo, exigiu uma combinação incomum de ferramentas digitais, cenários físicos e truques de estúdio para colocar a tenente Erica Ortegas, vivida por Melissa Navia, frente a frente com um piloto Gorn em um asteroide hostil.
Combinação de ARwall, animatrônicos e cenário real
Para transformar o set em um desolado bloco rochoso castigado por tempestades de poeira, a equipe utilizou o sistema ARwall, tecnologia de projeção que exibe paisagens em alta resolução ao redor dos atores, dispensando paredes verdes em boa parte das tomadas. Simultaneamente, parte do terreno foi montada em escala real, permitindo que Navia interagisse fisicamente com rochas, cascalhos e equipamentos danificados.
O antagonista da cena, um Gorn ferido, contou com um traje completo operado pelo dublê Warren Scherer. O figurino pesado incluía cabeça animatrônica controlada remotamente para exibir movimentos sutis de olhos e mandíbulas. Segundo a atriz, a opção por efeitos práticos ajudou a manter o realismo: “Quando olhava para o Gorn, sentia que era um colega de tripulação, não um boneco”, relatou durante entrevista por videoconferência.
Vento artificial desafiou elenco e equipe de som
Se o visual do monstro convenceu quem estava em estúdio, o mesmo não se pode dizer dos gigantescos ventiladores instalados para simular a ventania permanente do asteroide. De acordo com Navia, as turbinas permaneceram ligadas quase todo o tempo, interferindo na captação de áudio e até na concentração dos atores. Houve momentos em que a artista precisou contracenar sem ouvir a própria voz, uma experiência descrita por ela como “totalmente nova”.
A produção interrompia os ventiladores apenas nas cenas em que a personagem gritava com o Metron, figura que surge para impor um impasse moral. Curiosamente, as tomadas de maior tensão emocional ocorreram justamente quando o ruído dos motores cessava, exigindo rápida adaptação de todos os presentes.
Impacto para a indústria e lições de bastidores
Especialistas apontam que a adoção simultânea de set extensions virtuais (caso do ARwall) e animatrônicos de alta complexidade reforça uma tendência em Hollywood: integrar efeitos práticos e digitais para reduzir custos de pós-produção e aumentar a imersão dos intérpretes. Em vez de optar por um Gorn totalmente gerado por computador, os produtores preferiram o traje mecânico, prática que remete às técnicas clássicas da franquia.
Dados do Motion Picture Association indicam que séries com cenários virtuais economizam, em média, 20 % em logística de locação. No entanto, o investimento inicial em telas de LED e servidores gráficos pode elevar o orçamento do primeiro ano de uso. No caso de “Terrarium”, a economia veio na forma de menor dependência de chroma key e de renderizações complexas.
Para o público, essa abordagem significa imagens mais naturais, ainda que boa parte do que aparece em tela seja projetada. A produção de som, por outro lado, precisou redobrar esforços na mixagem para remover o barulho das hélices e preservar os diálogos. Segundo técnicos envolvidos, ajustes de filtros de frequência e regravações em estúdio foram indispensáveis.

Imagem: Internet
Episódio reflete tradição de inovação em Star Trek
Desde a série original de 1966, Star Trek se destaca por testar métodos de filmagem não convencionais. Miniaturas de naves, maquetes de planetas e uso precoce de tela azul marcaram a primeira geração. Décadas depois, a franquia mantém a postura ao explorar LED walls, sensores de movimento e robótica aplicada a figurinos.
Relatórios de bastidores indicam que a equipe de Strange New Worlds dedica até seis meses ao planejamento de episódios de efeitos intensivos. O roteiro de “Terrarium” exigiu ajustes para caber no cronograma de filmagem, incluindo pausas obrigatórias para o descanso do dublê dentro do traje Gorn, cujo peso ultrapassa 30 quilos.
O que muda para o espectador
Para quem acompanha a série, o resultado é uma narrativa mais tautológica entre forma e conteúdo: o desconforto que Ortegas sente ao cooperar com um inimigo é reforçado pela atmosfera sufocante criada em estúdio. Além disso, o sucesso técnico da cena pode estimular outras produções de streaming a adotar configurações semelhantes, potencializando experiências visuais sem recorrer exclusivamente a CGI.
Curiosidade
Na série clássica de 1967, o primeiro Gorn apareceu em um traje de borracha pouco articulado, fama que perdurou como símbolo de efeitos limitados da época. Mais de meio século depois, o mesmo alienígena recebe um upgrade com animatrônicos de precisão e projeções LED, mostrando como a franquia evolui sem perder suas raízes práticas.
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