A SpaceX realizou na madrugada de 2 de novembro mais um voo de carona para órbitas de inclinação média. A missão, batizada de Bandwagon-4, colocou 18 satélites em órbita baixa terrestre 75 minutos após a decolagem de um foguete Falcon 9 a partir da Estação da Força Espacial de Cabo Canaveral, na Flórida. Entre as cargas, destacam-se um satélite de reconhecimento da Coreia do Sul, um demonstrador tecnológico para futura estação espacial comercial e o primeiro protótipo de data center de inteligência artificial no espaço.
Objetivo da série Bandwagon e detalhes do lançamento
Anunciada em 2023, a série Bandwagon foi criada para atender clientes que precisam de órbitas de inclinação média, cuja procura só perde para as órbitas heliossíncronas servidas pelos voos Transporter. O Bandwagon-4 manteve o perfil das missões anteriores, utilizando o estágio principal reutilizável do Falcon 9 para ampliar a frequência de lançamentos e reduzir custos. Segundo dados oficiais, a sequência de separação de estágios, abertura de coifa e liberação das cargas ocorreu dentro da janela nominal, garantindo a colocação precisa dos satélites.
Especialistas do setor observam que os voos de carona se tornaram uma alternativa competitiva para pequenos operadores, permitindo dividir custos de lançamento ao mesmo tempo em que evitam longas filas nos provedores tradicionais. A própria SpaceX informa que a demanda por órbitas de inclinação média vem crescendo em aplicações de observação terrestre, comunicações regionais e serviços de defesa.
Satélite de reconhecimento sul-coreano lidera carga útil
O maior artefato levado a bordo foi um satélite de reconhecimento equipado com radar de abertura sintética (SAR), parte do programa Projeto 425 do governo da Coreia do Sul. Esse é o quarto equipamento da série colocado em órbita por missões Bandwagon, reforçando a constelação voltada à vigilância de alta resolução em qualquer condição climática. O Ministério da Defesa sul-coreano afirma que a capacidade SAR amplia a autonomia do país na coleta de imagens e na detecção de movimentações em tempo real.
Abaixo dele, 17 satélites completaram o manifesto. Dois deles pertencem à Tomorrow.io, empresa que expande uma constelação de monitoramento meteorológico comercial. Outros três foram fornecidos pela finlandesa Iceye para integrar a Foresight Constellation, operada pela companhia emiradense Space42, também baseada em tecnologia SAR.
Haven-Demo testa sistemas para futuras estações comerciais
Outro destaque foi o Haven-Demo, um módulo de 500 kg desenvolvido pela startup norte-americana Vast. O objetivo é validar computadores de bordo, aviônicos, sistemas de comunicação, propulsores e painéis solares que serão utilizados na estação Haven-1, programada para 2025. De acordo com executivos da empresa, o investimento de cerca de US$ 10 milhões no demonstrador representa uma fração do orçamento estimado em US$ 1 b i l h ã o para o laboratório orbital definitivo, permitindo ajustes antes da integração em larga escala.
Analistas recordam que iniciativas como a Haven-1 surgem no vácuo da substituição da Estação Espacial Internacional, prevista para o fim da década. Projetos comerciais buscam ocupar esse espaço oferecendo serviços de pesquisa, turismo e manufatura em microgravidade, e missões de teste como o Haven-Demo aceleram a maturação dos subsistemas necessários.
Primeiro data center de IA em órbita é lançado pela Starcloud
Estreante no portfólio da SpaceX, a britânica Starcloud embarcou o satélite Starcloud-1, com 60 kg. O equipamento leva um processador Nvidia de alto desempenho e executará modelos de inteligência artificial, incluindo uma versão do Gemini, da Google. Segundo o cofundador Philip Johnston, a meta é provar a viabilidade de centros de dados autônomos no espaço, capazes de processar grandes volumes de informação sem depender de enlaces terrestres contínuos.

Imagem: SpaceX
Em apresentação a investidores na Arábia Saudita, Johnston afirmou que a Starcloud assinou acordo com a startup Rendezvous Robotics para estudar estruturas auto-montáveis em futuras missões. A visão de longo prazo inclui satélites dotados de painéis solares e radiadores de vários quilômetros de extensão, necessários para alimentar e resfriar servidores em ambiente orbital.
Impacto para o mercado de pequenos satélites
O Bandwagon-4 reforça a tendência de democratização do acesso ao espaço. Ao reunir clientes de defesa, clima, sensoriamento e computação em um único voo, a SpaceX reduz barreiras de entrada e estimula o surgimento de novos modelos de negócio. Para o usuário final, isso significa serviços de previsão meteorológica mais precisos, imagens de alta resolução com menor tempo de revisita e, no futuro, aplicações de IA processadas diretamente no espaço, diminuindo a latência de comunicação.
Os preços competitivos e a cadência de lançamentos criam um ecossistema em que startups podem testar protótipos em meses, não anos. Caso o ritmo seja mantido, consultores preveem um salto na quantidade de constelações ativas até 2026, bem como na diversidade de serviços orbitais ofertados.
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Curiosidade
Embora painéis solares de alguns metros já impressionem em satélites convencionais, a ideia de estruturas com quilômetros de extensão, como projeta a Starcloud, remete a conceitos de “fazendas solares” espaciais discutidos desde os anos 1970. Tais superfícies gigantes poderiam, além de alimentar data centers, captar energia para ser transmitida à Terra via micro-ondas, um tema que volta ao debate sempre que a eficiência de painéis terrestres é posta em xeque.
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