Antes de se consagrar como Jack O’Neill em “Stargate SG-1”, Richard Dean Anderson deu vida a um herói nada convencional no seriado “Legend”, exibido em 1995. A produção mesclava elementos de ficção científica e faroeste, contou com apenas 12 episódios e acabou esquecida pelo grande público, mas permanece como um capítulo curioso na trajetória do ator.
Uma carreira marcada por personagens icônicos
Anderson já era um rosto conhecido quando aceitou o papel de Ernest Pratt/Nicodemus Legend. Ele havia iniciado a carreira em 1976, em “General Hospital”, no qual apareceu 611 vezes como o médico Jeff Webber. Na década seguinte, consolidou o status de protagonista em “MacGyver”, série que durou sete temporadas e 139 episódios. O sucesso continuou mais tarde em “Stargate SG-1”, com 173 participações no programa principal e presenças pontuais em spin-offs.
Entre “MacGyver” e “Stargate”, porém, o ator aceitou participar de um projeto que buscava misturar aventura, humor e tecnologia em pleno Velho Oeste. “Legend” foi criado por Michael Piller, conhecido pelos roteiros de “Star Trek”, e chamou atenção pelo conceito ousado, ainda pouco explorado pela TV dos anos 1990.
Enredo: escritor tímido, herói destemido
No centro da trama está Ernest Pratt, um romancista universitário que publica livros no final da década de 1860. Seus best-sellers narram as façanhas de Nicodemus Legend, aventureiro virtuoso que recorre a engenhocas para defender inocentes. Como as histórias são escritas em primeira pessoa, leitores acreditam que Pratt seja o próprio Legend.
A confusão ganha força quando crimes passam a ser cometidos em nome do fictício herói. Determinado a proteger sua reputação, Pratt viaja até Sheridan, no Colorado, onde descobre que o “falso” Legend é, na verdade, o cientista húngaro Janos Bartok (John de Lancie, o Q de “Star Trek”) ao lado do assistente Huitzilopochtli Ramos. Bartok propõe que Pratt assuma publicamente a identidade de Nicodemus enquanto ele fornece dispositivos eletrificados, planadores ou qualquer invenção steampunk que ajude na luta contra criminosos.
O contraste entre a personalidade contida do escritor e a imagem audaciosa do herói rende momentos cômicos: Pratt prefere evitar armas e bebidas, enquanto o Legend dos livros é descrito como conquistador e amante do uísque. Esse recurso narrativo, segundo críticos da época, permitia explorar temas de responsabilidade e autenticidade sem abandonar o tom leve.
Equipe de peso, audiência limitada
Além de Anderson e de Lancie, o elenco recebeu participações de Bob Balaban, Mark Adair-Rios e convidados como James Hong, Robert Englund e G.W. Bailey (Ulysses Grant). Ainda assim, a série enfrentou obstáculos. Lançada em 18 de abril de 1995 no recém-criado canal UPN, “Legend” dividia atenção com produções semelhantes, entre elas “The Adventures of Brisco County, Jr.” (1993) e “Jack of All Trades” (2000).
Relatórios de audiência indicam que a combinação de público reduzido e mudanças internas na emissora contribuiu para o cancelamento em 22 de agosto de 1995, logo após a primeira temporada. Segundo especialistas em televisão, o fim precoce de “Legend” reflete as dificuldades que canais emergentes enfrentavam para sustentar projetos de nicho antes da era do streaming.
Legado e redescoberta
Apesar da curta duração, “Legend” ganhou avaliações positivas na imprensa especializada. Críticos destacaram a química do elenco e a abordagem “steampunk light” anos antes de o termo se popularizar. Hoje, a série pode ser adquirida em DVD ou em plataformas de venda digital, mantendo viva a chance de redescoberta por fãs de sci-fi e faroeste.

Imagem: Internet
Comparações com “Brisco County” são frequentes, mas analisando os números, “Legend” manteve margem de audiência semelhante às produções contemporâneas do UPN. Segundo dados oficiais, cerca de 2,5 milhões de telespectadores acompanharam a estreia, volume insuficiente para segurar a grade. Especialistas avaliam que, se o projeto tivesse chegado à TV a cabo ou aos serviços sob demanda atuais, poderia ter conquistado nichos específicos e garantido renovação.
Impacto para o público atual
A redescoberta de “Legend” interessa a quem acompanha revival de franquias e procura narrativas híbridas. O título oferece uma rara oportunidade de ver Anderson atuando entre “MacGyver” e “Stargate”, além de mostrar John de Lancie em papel inspirado em Nikola Tesla. Para o espectador moderno, vale como exemplo de como formatos experimentais podem fracassar comercialmente, mas influenciar tendências, como o crescente interesse por ficção científica ambientada em épocas históricas.
Se você busca roteiros que combinam tecnologia retrofuturista e tramas de justiça no Velho Oeste, “Legend” pode acrescentar variedade ao catálogo pessoal. A série também serve de referência para criadores que estudam misturas de gêneros, demonstrando que propostas ousadas exigem canais dispostos a sustentar audiência de longo prazo.
Curiosidade
Uma das invenções de Janos Bartok na série nasce da queixa recorrente sobre Thomas Edison ter “roubado” suas ideias. Esse detalhe é um aceno histórico a Nikola Tesla, frequentemente citado como fonte de inspiração para dispositivos elétricos de “Legend”. Assim, o seriado antecipa o fascínio pop atual pelo cientista sérvio e reforça o elo entre ciência real e ficção televisiva.
Para mais informações e atualizações sobre tecnologia e ciência, consulte também:
Quer continuar explorando séries que combinam inovação e entretenimento? Confira também nossa cobertura de lançamentos em streaming na categoria de entretenimento do site Remanso Notícias.
Este artigo mostrou como “Legend” se tornou um marco discreto na carreira de Richard Dean Anderson e um experimento relevante na TV dos anos 1990. Acompanhe o portal para mais conteúdos sobre produções históricas e novidades do audiovisual.
Quando você efetua suas compras por meio dos links disponíveis aqui no RN Tecnologia, podemos receber uma comissão de afiliado, sem que isso acarrete nenhum custo adicional para você!