Pentágono lança reforma para agilizar compras e adotar tecnologia comercial

Ciência

O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, apresentou em 7 de novembro um pacote de mudanças destinado a transformar o processo de compras militares. O anúncio foi feito a executivos do setor no National War College, em Washington, e estabelece um cronograma de seis meses para substituir sistemas sob medida por soluções comerciais prontas, reduzindo a burocracia que, segundo o chefe do Pentágono, ainda domina a instituição.

Foco em tecnologia pronta e contratos de longo prazo

A principal diretriz é a adoção de uma política “comercial primeiro”, que tornará produtos já disponíveis no mercado a opção padrão para novos programas. Hegseth afirmou que o modelo atual gera atrasos, custos elevados e dependência excessiva de grandes fornecedores tradicionais. Para incentivar a migração, o Departamento de Defesa planeja oferecer contratos maiores e mais extensos a empresas que comprovem capacidade de entrega rápida de sistemas já testados em escala. Analistas do setor consideram que esse formato dá previsibilidade às companhias e encoraja investimentos privados na ampliação da base industrial.

O secretário pediu ainda que os grandes contratados invistam capital próprio na aceleração de produção, em vez de aguardar verbas públicas para iniciar projetos. “Nossa indústria precisa demonstrar urgência em tempos de crise, e não somente após receber recursos”, declarou. De acordo com especialistas em aquisições governamentais, a medida tende a abrir espaço para startups de defesa e empresas de tecnologia que hoje enfrentam barreiras de entrada, fortalecendo a competição.

Estrutura interna ganha poder decisório

Entre as alterações estruturais, gestores de programas passarão a ter autonomia para remanejar recursos e ajustar prioridades sem atravessar longas cadeias de aprovação. Os atuais program executive officers serão rebatizados como portfolio acquisition executives e responderão diretamente pelos resultados de cada carteira de projetos. A chefia da implementação ficará a cargo de Michael Duffey, subsecretário de Aquisição e Sustentação, e Emil Michael, subsecretário de Pesquisa e Engenharia.

Outro ponto anunciado é a eliminação de regulamentações consideradas redundantes, incluindo testes excessivos, relatórios sobrepostos e padrões contábeis que, na visão do Pentágono, ampliam prazos sem agregar segurança. “Tudo o que retardar contratos será revisto ou removido”, garantiu Hegseth. Segundo dados oficiais, o modelo atual pode atrasar novos sistemas em até uma década, enquanto rivais estratégicos lançam atualizações em ciclos mais curtos.

Fim do JCIDS e integração com iniciativas do Congresso

O secretário confirmou o desmonte do Joint Capabilities Integration and Development System (JCIDS), criado para padronizar requisitos, mas criticado por prolongar projetos durante anos. “JCIDS está morto; foi feito para papelada, não para a missão”, afirmou, retomando discurso pronunciado por Donald Rumsfeld em 2001. Hegseth citou ainda ordens executivas da administração Trump e projetos de lei em tramitação no Congresso, como o SPEED Act e o FORGED Act, que simplificam aquisições e estimulam fornecedores domésticos.

Segundo observadores, alinhar o Pentágono a normas mais enxutas atende a pressões do mercado de defesa comercial, sobretudo empresas espaciais, de software e de inteligência artificial, acostumadas a ciclos de inovação de 12 a 18 meses. A expectativa é que a nova diretriz reduza o chamado “vendor lock” — dependência de um único grande fornecedor — e migre de contratos de custo acrescido para modelos de preço fixo e entrega escalável.

Impacto para forças armadas e contribuintes

Para as Forças Armadas norte-americanas, a mudança promete encurtar o tempo entre pesquisa e uso em campo, permitindo que tropas recebam atualizações mais frequentes e compatíveis com ameaças emergentes. Do ponto de vista do contribuinte, contratos mais previsíveis e baseados em produtos existentes tendem a minimizar estouros orçamentários e inadimplências, problema que, segundo relatórios do Government Accountability Office, somou bilhões de dólares na última década.

No mercado internacional, o reposicionamento dos Estados Unidos pode pressionar outros países a revisarem seus processos de aquisição, elevando a competitividade global na área de defesa. Fabricantes estrangeiros que buscam contratos com Washington também terão de demonstrar maior agilidade e adoção de padrões comerciais.

Curiosidade

Em 2001, Donald Rumsfeld fez críticas semelhantes à burocracia do Pentágono, mas parte das reformas propostas na época avançou pouco. O resgate de trechos desse discurso por Pete Hegseth evidencia como o desafio persiste por mais de duas décadas e reforça o ciclo de tentativas de modernização que marcam a história do Departamento de Defesa dos EUA.

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