O serviço de streaming Peacock disponibiliza em 4 de setembro de 2025 a primeira temporada completa de The Paper, série derivada de The Office. Com dez episódios, o novo programa retoma o formato mockumentary ao acompanhar a rotina do fictício jornal diário Toledo Truth Teller, na cidade de Toledo, Ohio. A produção é criada por Greg Daniels — responsável pela adaptação norte-americana de The Office — em parceria com Michael Koman, e marca a primeira tentativa da NBCUniversal de expandir o universo da antiga comédia para além dos corredores da Dunder Mifflin.
Da papelaria ao jornal: mudança de cenário e premissa
No enredo, a equipe de documentaristas que gravou os funcionários da Dunder Mifflin decide registrar a transformação de um jornal local que enfrenta queda de assinaturas e cortes de pessoal. A redação divide andar com a Softees, tradicional fabricante de papel higiênico, situação que gera interações frequentes entre repórteres e vendedores do setor industrial.
A trama começa quando o Toledo Truth Teller recebe novo comando. Ned Sampson, interpretado por Domhnall Gleeson, assume o cargo de editor-chefe com a intenção de restabelecer o jornalismo factual voltado à comunidade. Segundo a premissa apresentada pelos roteiristas, o personagem defende reportagem presencial, relacionamento com fontes e investigação aprofundada, em contraponto ao uso exagerado de conteúdos fornecidos por agências de notícias — prática conhecida como “churnalism”.
Elenco reúne veteranos e rostos inéditos
O spin-off mantém ligação direta com The Office por meio de Oscar Martínez, contador vivido novamente por Oscar Nuñez. Agora trabalhando no departamento financeiro do jornal, o personagem reluta em ter sua rotina filmada uma segunda vez, mas acaba envolvido nos processos de reportagem.
Entre as novidades, Sabrina Impacciatore interpreta Esmerelda, editora interina da plataforma online do jornal, inclinada a priorizar manchetes de celebridades e cliques rápidos em detrimento de pautas locais. Chelsea Frei vive Mare Pritti, jornalista com histórico militar que apoia o plano de revitalização proposto por Ned. Tim Key assume o papel de Ken Davies, executivo designado pela controladora do Truth Teller para fiscalizar custos e relatórios de desempenho. Também participam Melvin Gregg, Ramona Young, Gbemisola Ikumelo e Alex Edelman, que acumulam funções administrativas e, paralelamente, recebem treinamento para atuar como repórteres voluntários.
Temas centrais e abordagem jornalística
A temporada aborda desafios recorrentes da imprensa regional nos Estados Unidos, como redução de receita publicitária, conflitos de interesse provenientes de proprietários corporativos e dificuldades em manter equipe qualificada. Relatórios oficiais da NewsGuild-CWA apontam que, desde 2005, mais de 2.500 jornais locais encerraram atividades no país, contexto que sustenta a narrativa de The Paper.
De acordo com material de divulgação, alguns episódios utilizam flashes em preto e branco para mostrar a redação na década de 1950, quando circulações impressas atingiam picos históricos. Esses trechos funcionam como contraponto à situação atual, em que jornais competem com plataformas digitais e redes sociais pela atenção do público.
Outro ponto explorado é a presença de um investidor que controla simultaneamente empresas de mídia e de bens de consumo, levantando discussão sobre independência editorial. Especialistas em ética jornalística costumam alertar para o risco de proprietários influenciarem pautas que envolvem seus próprios negócios, problema dramatizado na série por meio da relação entre o jornal e a Softees.
Lançamento integral e estratégia de distribuição
Todos os dez episódios chegam ao catálogo do Peacock no mesmo dia, estratégia semelhante à adotada por serviços de streaming voltados ao consumo por maratona. O modelo difere da exibição semanal usada pela NBC na época de The Office, encerrada em 2013. Analistas de mercado avaliam que a liberação simultânea visa aumentar o tempo de permanência do assinante na plataforma e ampliar a visibilidade da marca Peacock em um segmento hoje disputado por gigantes como Netflix, Disney+ e Max.
Imagem: Aar Epstein/Peacock
Para os fãs da série original, The Paper oferece referências pontuais, mas procura estabelecer identidade própria. A ausência de outros personagens conhecidos de Scranton indica uma opção por construir novo núcleo narrativo, mantendo apenas a filmagem documental como elo formal.
Impacto para o público: ao retratar a rotina de uma pequena redação, a produção pode despertar interesse sobre a importância do jornalismo local e reforçar a necessidade de fontes confiáveis em meio a fluxos constantes de informação nas redes sociais. Para quem acompanha o mercado de mídia, a série coloca em pauta o debate sobre sustentabilidade financeira de veículos impressos e a busca por modelos híbridos que combinem audiência digital e credibilidade editorial.
Curiosidade
A ideia de utilizar a mesma equipe de filmagem ficcional de The Office como ponto de transição para The Paper remete ao recurso usado em spin-offs clássicos da TV norte-americana, como Frasier, que manteve a localização de Seattle para diferenciar-se de Cheers sem romper totalmente com o universo original. A conexão reforça a premissa de que o documentário continua ativo, agora registrando outro ambiente corporativo para mostrar, sob ângulo semelhante, desafios de um setor completamente diferente.
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