A OpenAI desenvolve um aplicativo de vídeos curtos em formato de feed vertical que pretende rivalizar com o TikTok, mas com uma diferença fundamental: todo o conteúdo será criado dentro da própria plataforma por meio do modelo generativo Sora 2, sem a possibilidade de upload de arquivos externos. A informação foi publicada pela revista Wired, que afirma ter tido acesso a documentos internos e a uma versão já em testes entre funcionários da companhia.
Funcionamento baseado no Sora 2 e interação social
De acordo com a Wired, o aplicativo adota uma interface familiar a quem utiliza serviços como TikTok e Reels, com rolagem para cima e algoritmos de recomendação que definem o que aparece na tela principal. Os usuários poderão curtir, comentar ou remixar clipes de até dez segundos criados automaticamente a partir de prompts de texto. Como não haverá opção de carregar vídeos ou fotos da galeria do celular, toda a experiência será ancorada no ecossistema da OpenAI.
Um sistema de verificação de identidade permitirá que o rosto do usuário autorizado seja usado em clipes gerados por inteligência artificial. Outros membros da comunidade poderão marcar essa pessoa e inserir sua imagem nos vídeos, prática que, segundo a empresa, será acompanhada por notificações sempre que a foto for reutilizada—eveno se o conteúdo permanecer como rascunho privado. A medida busca coibir usos indevidos e dar transparência ao processo de criação.
Mercado de vídeos curtos e estratégia da OpenAI
Analistas consultados pela Wired observam que a iniciativa surge em um momento de incerteza regulatória para o TikTok nos Estados Unidos. A ausência de vínculos com a China, apontam especialistas de mercado, pode favorecer a receptividade de um serviço alternativo criado por uma empresa norte-americana. A OpenAI, reconhecida popularmente pelo ChatGPT, vê a nova plataforma como uma vitrine para popularizar a geração de vídeo por IA, repetindo o impacto que os modelos de linguagem tiveram sobre o texto.
O movimento não ocorre de forma isolada. A Meta anunciou recentemente o Vibes, um feed de vídeos curtos também produzidos por inteligência artificial. O Google, por sua vez, planeja integrar o Veo 3 ao YouTube, ampliando as opções para criadores que desejam clipes gerados por modelos generativos. Nesse cenário, a OpenAI tenta posicionar seu futuro aplicativo como solução nativa, sem dependência de conteúdo externo nem vínculos com plataformas estabelecidas.
Desafios de privacidade e direitos autorais
O uso da imagem dos usuários em vídeos gerados automaticamente levanta questões de privacidade. Segundo a publicação, a OpenAI pretende enviar alertas cada vez que a foto de um usuário verificado for empregada em um clipe, mas ainda não detalhou mecanismos de consentimento granular ou limites de revogação. Além disso, a empresa enfrenta processos judiciais que alegam violação de direitos autorais, incluindo uma ação movida pelo jornal The New York Times.
Para mitigar riscos, documentos obtidos pelo Wall Street Journal indicam que a OpenAI avalia oferecer às empresas um sistema de bloqueio de imagens protegidas. Relatórios sugerem que a companhia pretende incluir filtros no Sora 2 aptos a identificar e barrar conteúdos regidos por copyright. Ainda não há, porém, informações oficiais sobre como esses recursos se integrarão ao aplicativo de vídeos.
Controles parentais e faixa etária
Em paralelo, a OpenAI anunciou novos controles parentais para o ChatGPT, mas não especificou quais restrições serão aplicadas à plataforma de vídeos curtos. Organizações de proteção à infância, ouvidas por veículos internacionais, defendem a adoção de verificação de idade e filtros de conteúdo sensível antes do lançamento público do serviço. Até o momento, a empresa não divulgou cronograma de testes abertos nem detalhes sobre políticas de moderação.

Imagem: Vitor Pádua
Impacto potencial para criadores e usuários
A disponibilização de um aplicativo em que toda a produção é automática pode alterar a dinâmica de criação de conteúdo digital. Especialistas em mídia social argumentam que o modelo reduz barreiras de entrada, permitindo que usuários sem experiência em edição publiquem clipes em poucos segundos. Ao mesmo tempo, o excesso de vídeos gerados por IA pode intensificar a competição por atenção e obrigar plataformas a aprimorar ainda mais os algoritmos de recomendação.
Para empresas de marketing, a novidade representa uma oportunidade de testar campanhas produzidas inteiramente por modelos generativos, com custos potencialmente mais baixos do que filmagens tradicionais. Já para o público em geral, o serviço promete facilidade de produção e variedade temática, mas exige atenção redobrada a questões de segurança de dados e uso de imagem.
Em síntese, o aplicativo da OpenAI combina geração de vídeo, recursos sociais e uma estratégia clara de aproveitar lacunas regulatórias deixadas pelo principal concorrente. Caso alcance o público nos próximos meses, a solução pode redefinir o padrão de consumo de vídeos curtos e acelerar a adoção de ferramentas de IA no entretenimento cotidiano.
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Curiosidade
O Sora 2, modelo que impulsiona o novo aplicativo, consegue criar transições de cena inspiradas em técnicas cinematográficas clássicas, como match cuts e time-lapse, segundo demonstrações divulgadas pela OpenAI. Essa capacidade amplia a criatividade dos usuários ao gerar vídeos que simulam efeitos profissionais sem intervenção humana direta.
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