A OpenAI confirmou a construção de um grande data center dedicado a inteligência artificial na Patagônia argentina. O projeto, batizado de Stargate, prevê capacidade inicial de 500 megawatts e investimento estimado entre US$ 20 e US$ 25 bilhões, segundo detalhes apresentados ao presidente argentino, Javier Milei, em 9 de outubro.
Parceria e modelo de negócio
Para viabilizar a infraestrutura, a OpenAI firmou uma joint venture com a empresa de energia Sur Energy e um desenvolvedor de nuvem ainda não divulgado. Pelo acordo, a Sur Energy cuidará do fornecimento energético e da construção física, enquanto a OpenAI se compromete a comprar a capacidade de computação gerada. Esse formato, de acordo com analistas do setor, reduz riscos para ambas as partes e garante demanda constante a longo prazo.
O Stargate na Argentina integra um programa global da companhia, lançado nos Estados Unidos em janeiro. Países como Reino Unido, Alemanha, Japão e Coreia do Sul já participam da iniciativa, que busca criar polos de processamento de IA em diferentes regiões. A Argentina é o primeiro país da América Latina incluído na rede.
Por que a Patagônia foi escolhida
A região patagônica reúne fatores considerados estratégicos. Relatórios oficiais destacam a ampla oferta de energia renovável — hidrelétrica, eólica e solar —, além da proximidade com linhas de alta tensão e anéis de fibra óptica que conectam os oceanos Atlântico e Pacífico. Outro ponto é o clima frio, favorável ao resfriamento natural de servidores de alta densidade, o que reduz custos operacionais.
A joint venture planeja ocupar uma área de cinco a sete hectares. As obras devem começar em 2026, com uma primeira fase de 100 MW entrando em operação até o fim de 2027. A expansão ocorrerá gradualmente até atingir a potência total projetada. Segundo Emiliano Kargieman, sócio da Sur Energy, “este será provavelmente o maior centro de dados já construído na América Latina”.
Benefícios fiscais e incentivo local
O consórcio pretende aderir ao Regime de Incentivo a Grandes Investimentos (RIGI) do governo argentino. O programa concede vantagens fiscais e aduaneiras para projetos de grande porte, facilitando a importação de equipamentos e a entrada de capital estrangeiro. De acordo com especialistas em políticas públicas, a medida pode acelerar o cronograma de implantação e atrair fornecedores globais para o país.
Além dos benefícios diretos, o governo vê a iniciativa como catalisadora de uma nova economia digital. O objetivo oficial é formar profissionais locais em ciência de dados, machine learning e manutenção de hardware de alta performance, criando empregos qualificados e impulsionando startups de base tecnológica.
Tendência regional e comparações
Embora o Brasil não faça parte do programa Stargate, projetos similares estão em andamento. Em agosto, a prefeitura do Rio de Janeiro apresentou o Rio AI City, que prevê investir US$ 65 bilhões em um campus de data centers na Zona Oeste da cidade, com capacidade inicial de 1,5 gigawatt até 2027. Segundo consultores de mercado, a competição latino-americana por infraestrutura de IA poderá atrair novos capitais e acelerar a adaptação de marcos regulatórios.
Pela projeção da consultoria Synergy Research, a capacidade total de data centers na América Latina pode dobrar até 2030, impulsionada principalmente por demandas de IA generativa, serviços em nuvem e streaming. “Empresas que garantirem energia limpa e conectividade robusta tendem a liderar a próxima onda de investimentos”, aponta o relatório mais recente da firma.
Impacto para empresas e usuários finais
Para o ecossistema local, a chegada de um centro de 500 MW representa aumento significativo de poder computacional disponível. Startups argentinas poderão treinar modelos de IA de forma mais rápida, universidades terão acesso a recursos de pesquisa avançada e companhias globais encontrarão menor latência ao oferecer serviços na região. Em nota, a OpenAI reforçou que “um em cada três adultos argentinos utiliza o ChatGPT regularmente”, justificando a escolha do país pelo alto engajamento da população com ferramentas de IA.
Na prática, consumidores podem esperar aplicativos e assistentes mais contextualizados para o idioma espanhol rioplatense, além de novas soluções voltadas a setores como agronegócio, saúde e finanças. Já o mercado de trabalho tende a demandar perfis especializados em ciência de dados, engenharia de prompt e implementação de modelos de linguagem.

Imagem: Internet
Segundo estimativas da Câmara Argentina de Software, cada megawatt de capacidade em data centers de alta performance gera, em média, 20 empregos diretos e 80 indiretos. Caso essa proporção se confirme, o projeto Stargate pode criar até 10 mil postos de trabalho na fase plena.
Visão de futuro e possíveis desafios
Especialistas alertam para desafios regulatórios e ambientais. Apesar da ênfase em fontes renováveis, o consumo de água para o resfriamento de servidores permanece um ponto de atenção. Organizações ambientais locais pedem transparência nos relatórios de impacto e monitoramento contínuo do uso de recursos naturais.
Outro obstáculo é a logística. A Patagônia possui áreas de difícil acesso e clima rigoroso, fatores que podem elevar custos de transporte e exigir adaptações em cronogramas de obra. Ainda assim, a disponibilidade de energia limpa e a necessidade global por processamento de IA colocam a região no radar de outros players do setor.
Para o leitor, o avanço de projetos como o Stargate indica que a América do Sul deve ganhar relevância na cadeia global de inteligência artificial. Isso pode resultar em serviços mais rápidos, preços competitivos e oportunidades profissionais na área de tecnologia.
Curiosidade
A temperatura média anual da Patagônia varia entre 5 °C e 12 °C, o que reduz a necessidade de sistemas de resfriamento mecânico em data centers de alta densidade. Segundo estudos de eficiência energética, cada três graus a menos de temperatura ambiente podem gerar economia de até 5 % no consumo total de eletricidade, tornando a região particularmente atraente para operações de computação intensiva.
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Este artigo destacou os principais pontos do investimento da OpenAI na Patagônia, seu potencial impacto econômico e os desafios envolvidos. Continue navegando pelo site e mantenha-se informado sobre o futuro da inteligência artificial na América Latina.
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