Nova Zelândia acelera setor espacial e mira dobrar faturamento até 2030

Tecnologia

A Nova Zelândia reforçou, esta semana, a meta de transformar o país em um polo global de atividades aeroespaciais. Em discurso no New Zealand Aerospace Summit, realizado em Christchurch em 8 de outubro, a ministra do Espaço e da Defesa, Judith Collins, apresentou dados que indicam avanço constante do segmento e detalhou novas iniciativas para sustentar esse ritmo de crescimento.

Crescimento acima da média mundial

De acordo com números divulgados pelo governo, o setor espacial neozelandês saltou de NZ$ 1,75 bilhão para NZ$ 2,68 bilhões entre 2020 e 2024, equivalente a um progresso de 53 %. No mesmo intervalo, a taxa global de expansão ficou em 40,6 %. “É muito positivo quando superamos o restante do mundo”, afirmou Collins durante o evento.

Em 2023, o Executivo publicou uma Estratégia Espacial Nacional que prevê dobrar o tamanho das indústrias de espaço e aviação avançada até 2030. O desempenho recente, segundo especialistas, indica que o objetivo pode ser alcançado caso os investimentos sejam mantidos.

Verbas militares impulsionam novos projetos

Collins ressaltou que a próxima fase de expansão deve ser estimulada por aportes voltados a capacidades de defesa no espaço. Um plano de modernização das Forças Armadas, lançado em abril, garantiu NZ$ 9 bilhões para os próximos quatro anos. Os recursos serão direcionados a sistemas de inteligência, vigilância e reconhecimento, comunicações seguras, navegação e mira de precisão.

Segundo a ministra, um documento específico para o setor espacial de defesa será divulgado “dentro de seis meses”. A proposta deverá estabelecer como o país pretende desenvolver tecnologias próprias, fomentar inovação e criar oportunidades de exportação.

Regulação e vantagens competitivas

O governo também busca aperfeiçoar a estrutura regulatória. Novas licenças para veículos experimentais — incluindo drones e aeronaves suborbitais — estão em fase final de revisão. A medida já beneficiou a Dawn Aerospace, empresa local que testa o espaço­plano suborbital Aurora.

Com baixa densidade populacional e espaço aéreo pouco congestionado, a Nova Zelândia oferece condições para lançamentos de alta cadência. “Não temos vizinhos próximos e contamos com um ambiente que poucas nações conseguem replicar”, comentou a ministra em entrevista após o discurso.

O histórico de inovação também pesa a favor do país. Fundador da Rocket Lab, o engenheiro neozelandês Peter Beck tornou o território a terceira nação do mundo a realizar lançamentos verticais bem-sucedidos de forma comercial — atrás apenas de Estados Unidos e Rússia. Especialistas apontam que esse resultado elevou a reputação internacional do ecossistema espacial local.

Desafios de capital e mão de obra

Apesar do cenário otimista, representantes do setor alertam para entraves. Um deles é o acesso restrito a capital doméstico em rodadas de investimento mais avançadas, forçando startups a buscarem fundos no exterior. Outro obstáculo refere-se à escassez de profissionais qualificados em áreas técnicas específicas.

Para mitigar o problema, o governo estuda flexibilizar vistos para especialistas estrangeiros e amplia programas de formação em universidades locais. Além disso, a recém-criada agência Invest New Zealand tem a missão de atrair investidores internacionais e conectar empresas nacionais a novos mercados.

Protestos e percepção pública

Fora do centro de convenções, dezenas de manifestantes protestaram contra a expansão da indústria, alegando riscos de militarização e possíveis vínculos com conflitos externos. As manifestações, no entanto, não impediram o acesso ao evento. Questionada, Collins minimizou o ato, classificando os participantes como “o grupo habitual que comparece a qualquer evento governamental”.

Pesquisas internas citadas pelo gabinete ministerial indicam que a população vê o setor com bons olhos, principalmente devido a salários elevados e à expectativa de geração de empregos de alta qualificação.

Impacto para empresas e consumidores

O avanço da indústria aeroespacial pode resultar em serviços de satélite mais acessíveis, previsão climática aprimorada e internet de alta velocidade em áreas remotas. Para o mercado global, a maior concorrência tende a reduzir custos de lançamento, enquanto fornecedores de componentes eletrônicos, softwares e materiais compósitos encontram um novo centro de demanda no Pacífico Sul.

Curiosidade

Embora seja um país de pouco mais de cinco milhões de habitantes, a Nova Zelândia já realizou mais lançamentos orbitais bem-sucedidos do que algumas potências tradicionais. O feito é atribuído à Rocket Lab e ao seu foguete Electron, fabricado com compósitos de carbono e motor impresso em 3D, tecnologia que inspirou projetos similares em todo o mundo.

Para quem deseja acompanhar de perto o futuro da exploração espacial, a Nova Zelândia se posiciona como destino estratégico. Vale observar como a combinação de incentivos públicos, regulação ágil e ambiente propício à inovação poderá influenciar o calendário global de lançamentos na próxima década.

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