A Nintendo obteve decisão favorável na Justiça dos Estados Unidos contra Jesse Keighin, streamer conhecido como Every Game Guru, por exibir jogos piratas antes do lançamento oficial. O tribunal federal do Colorado determinou o pagamento de US$ 17.500 (aproximadamente R$ 93,7 mil) após o réu ignorar repetidas intimações.
Como o processo se desenrolou
A desenvolvedora japonesa iniciou a ação em 2023, apontando que Keighin realizou mais de 50 transmissões ilegais de pelo menos dez títulos desde 2022. Entre eles, Mario & Luigi: Brothership foi citado como a infração mais recente e grave. Segundo documentos judiciais, o criador de conteúdo não respondeu às notificações iniciais, obrigando a Nintendo a recorrer a e-mails e cartas enviadas a familiares para assegurar a entrega das intimações.
Sem manifestação no prazo legal, o tribunal conduziu julgamento à revelia em 26 de março de 2024. A decisão atendeu parcialmente ao pedido da empresa: a quantia fixada reúne US$ 10 mil referentes à última transmissão e US$ 7.500 por 15 violações às medidas antipirataria (US$ 500 cada). Embora a legislação permita indenizações superiores a US$ 100 mil em casos semelhantes, a Nintendo optou por um valor mais baixo para agilizar o trâmite e consolidar o precedente.
Pedidos rejeitados pela Justiça
O juiz recusou duas solicitações adicionais da Nintendo. A primeira pretendia destruir equipamentos utilizados pelo streamer. O magistrado considerou o pedido “incerto e irrazoável”, apontando que Keighin recorreu a software de emulação disponível publicamente, e não a um hardware Nintendo Switch modificado. A segunda solicitação buscava responsabilizar eventuais colaboradores não identificados. A corte entendeu que a exigência era abrangente demais, carecendo de provas específicas.
De acordo com relatos oficiais, Keighin enviou cartas à empresa alegando possuir “mil canais descartáveis” e afirmando que poderia continuar transmitindo “o dia todo”. As declarações foram apresentadas como evidência de má-fé, reforçando o argumento de que as transmissões não ocorreram por desconhecimento das regras, mas por decisão deliberada.
Repercussão no setor de jogos
Especialistas em direito autoral veem o desfecho como mais um passo das grandes companhias para conter a distribuição não autorizada de conteúdo digital. Nos últimos anos, a Nintendo tem adotado postura rígida contra a pirataria, combinando ações judiciais, derrubadas de sites e solicitações de remoção de vídeos. Outras editoras vêm seguindo estratégia semelhante, o que pressiona plataformas de streaming a reforçar mecanismos de detecção e políticas de uso.
Relatórios indicam que, somente em 2023, processos envolvendo propriedade intelectual nos Estados Unidos superaram a marca de 4.000 novos casos, média que deve se manter em 2024. Analistas ressaltam que transmissões de títulos não lançados geram prejuízo potencial ao reduzir o impacto de marketing e abrir caminho para cópias ilegais circularem antes da estreia oficial.
Consequências para criadores de conteúdo
A sentença envia mensagem clara a streamers que exploram brechas legais para exibir cópias não autorizadas. Plataformas como YouTube, Twitch e trocas em servidores privados se tornaram vias rápidas para disseminação de ROMs e gameplays antecipados. Segundo advogados ouvidos pelo setor, a decisão reforça que a omissão diante de intimações e notificações pode resultar em condenações pecuniárias mesmo sem análise de mérito aprofundada.
Além das sanções financeiras, criadores podem enfrentar suspensão de canais, bloqueio de receita e restrições de parceria comercial. Empresas patrocinadoras tendem a evitar perfis envolvidos em litígios de direitos autorais, o que amplia o impacto econômico além da multa determinada pelo tribunal.

Imagem: reprodução
O que muda para o público e para o mercado
Para o consumidor, o caso ilustra o risco de acessar transmissões de jogos ainda em fase de embargo. Quando a cadeia de distribuição oficial é burlada, atualizações, ajustes de segurança e suporte pós-lançamento ficam comprometidos. Já para o mercado, a decisão reforça a necessidade de reforço em sistemas de proteção, como DRM avançado e parcerias com plataformas de vídeo para monitoramento proativo.
Empresas do setor podem adotar novas camadas de autenticação ou liberar versões de demonstração controladas a fim de reduzir a procura por conteúdo obtido de forma ilícita. Segundo especialistas, iniciativas de acesso antecipado autorizado — em troca de feedback ou divulgação — podem equilibrar o interesse do público e proteger a propriedade intelectual sem recorrer apenas a ações judiciais.
Para os criadores de conteúdo, a recomendação é revisar contratos de parceria, termos de uso das plataformas e políticas de direitos autorais antes de transmitir qualquer título. A agregação de community managers dedicados a compliance torna-se cada vez mais comum entre influenciadores profissionais.
Curiosidade
Você sabia que o primeiro grande litígio da Nintendo envolvendo pirataria ocorreu em 1983, quando a empresa processou fabricantes de cartuchos não licenciados para o Famicom no Japão? Quatro décadas depois, a estratégia de defesa da propriedade intelectual ganha novos contornos, agora focada em ambientes digitais e transmissões ao vivo, mas mantém o mesmo objetivo: proteger a experiência oficial do jogador.
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