NASA reabre disputa pelo módulo lunar do Artemis 3 após atraso da SpaceX

Ciência

O diretor interino da NASA, Sean Duffy, anunciou que a agência espacial norte-americana vai reabrir a concorrência para o módulo de pouso tripulado da missão Artemis 3. Até então, apenas a SpaceX detinha o contrato, firmado em 2021, para usar a nave Starship no primeiro retorno humano à Lua desde 1972. A mudança ocorre porque o cronograma da empresa de Elon Musk, segundo Duffy, está atrasado em relação aos objetivos oficiais.

Por que a NASA decidiu ampliar a concorrência

Em entrevistas concedidas em 20 de outubro à CNBC e à Fox News, Duffy reconheceu publicamente que o desenvolvimento da versão lunar da Starship não acompanha mais as datas previstas. A agência ainda planeja lançar a missão Artemis 2 no início de 2025, mas admitiu que o voo tripulado de descida à superfície — Artemis 3 — deverá ocorrer “alguns anos depois”.

“Estamos em uma corrida contra a China e precisamos pousar astronautas nesta gestão presidencial”, afirmou o administrador interino. De acordo com dados oficiais, a prioridade da NASA é antecipar qualquer iniciativa chinesa de pouso tripulado, prevista para o final da década. Para cumprir o objetivo, a agência pretende permitir que outras empresas concorram pelo contrato, hoje estimado em US$ 2,9 bilhões.

Empresas cotadas e cenários alternativos

A principal candidata mencionada por Duffy é a Blue Origin. A companhia de Jeff Bezos já possui um acordo separado com a NASA para desenvolver o módulo Blue Moon Mark 2, destinado a missões a partir do Artemis 5. Técnicos da Blue Origin estudam uma adaptação do Mark 1 para missões tripuladas mais cedo, mas fontes do setor descrevem o projeto inicial como “improvisado” e insuficiente para decolagens de volta da superfície lunar com carga útil relevante.

Outras organizações também avaliam propostas de pousadores. A Lockheed Martin, por exemplo, confirmou que realizou “análises técnicas e programáticas significativas ao longo do ano” para oferecer soluções à NASA, segundo nota assinada por Bob Behnken, vice-presidente de exploração espacial da empresa. Nenhum detalhe sobre design ou parceria foi divulgado.

Enquanto isso, Elon Musk minimizou a reabertura da licitação. Em publicação nas redes sociais, o executivo afirmou que “nenhuma concorrente estará pronta antes da Starship” e prometeu que o sistema da SpaceX “acabará realizando toda a missão lunar”.

Impacto no cronograma do programa Artemis

O anúncio representa a primeira vez que a liderança da NASA reconhece publicamente um atraso significativo no desenvolvimento do pousador da SpaceX. Até julho, Duffy declarava em reuniões internas que a empresa estava “confortável” com o calendário. A mudança de postura indica, segundo especialistas, necessidade de alternativas para reduzir o risco de novos adiamentos.

Apesar da reabertura, ainda não há detalhes sobre prazos, formato de licitação ou suplementação orçamentária. Grande parte da equipe de comunicação da agência está afastada devido à paralisação parcial do governo dos Estados Unidos desde 1.º de outubro, o que limita esclarecimentos adicionais.

Além da questão financeira, a estratégia cria uma “corrida espacial doméstica” entre companhias norte-americanas. Segundo analistas do setor, a duplicação de esforços pode acelerar inovações, mas também fragmentar recursos. O Congresso deverá avaliar eventuais pedidos de verbas extras para sustentar mais de um projeto de pouso tripulado.

O que muda para o leitor e para o mercado: se o novo processo seletivo resultar em múltiplos pousadores qualificados, as futuras missões lunares podem se tornar mais frequentes e menos vulneráveis a falhas ou atrasos de uma única empresa. Para o setor privado, abre-se uma oportunidade bilionária de entrada ou expansão no mercado de sistemas de pouso extraterrestre, com efeitos sobre cadeias de suprimentos aeroespaciais e geração de empregos especializados.

Curiosidade

Durante o programa Apollo, a NASA também promoveu concorrência entre diferentes fornecedores antes de escolher a Grumman para construir o Módulo Lunar. Na época, o contrato foi assinado em 1962 por US$ 387 milhões (cerca de US$ 3,7 bilhões em valores atuais). Sessenta anos depois, o método de competição volta a ser adotado, agora com empresas privadas financiando parte do desenvolvimento.

Para mais informações e atualizações sobre tecnologia e ciência, consulte também:

Se você deseja acompanhar outras novidades do setor espacial e da indústria de tecnologia, visite a seção dedicada em Remanso Notícias – Tecnologia e receba atualizações diárias.

Quando você efetua suas compras por meio dos links disponíveis aqui no RN Tecnologia, podemos receber uma comissão de afiliado, sem que isso acarrete nenhum custo adicional para você!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *