Durante o GitHub Universe 2025, realizado em San Francisco, o vice-presidente da Microsoft, Jay Parikh, descreveu a mudança estratégica que a empresa pretende acelerar nos próximos anos: trocar o modelo tradicional de “fábrica de software” por uma “fábrica de agentes” baseada em inteligência artificial. Segundo o executivo, a transição une componentes tecnológicos – grandes modelos de linguagem, integração de dados e protocolos de agentes – e um profundo ajuste cultural, que envolve novas formas de trabalho e experimentação contínua.
Estratégia da CoreAI: mais protótipos, menos apresentações
Responsável pela divisão CoreAI Platform & Tools, Parikh explicou que a equipe foi anunciada em janeiro de 2025 com a missão de criar uma infraestrutura capaz de produzir agentes de IA em escala. A iniciativa utiliza o GitHub como eixo colaborativo e se apoia em recursos como o GitHub Spark, que permite a qualquer colaborador – mesmo sem formação em engenharia – prototipar soluções rapidamente. “Queremos demos rápidas em vez de longos memorandos”, sintetizou.
O conceito surgiu após conversas internas que recuperaram a visão original da Microsoft, fundada em 1975 para ser uma “fábrica de software”. A proposta agora é aplicar o mesmo raciocínio à era da IA: oferecer ferramentas, segurança, dados integrados e governança para que engenheiros desenvolvam agentes capazes de automatizar rotinas, acelerar inovação e gerar valor direto para clientes. “Se precisávamos dessa fábrica internamente, nossos clientes também”, observou o VP.
Cultura empresarial precisa acompanhar a tecnologia
Para Parikh, o maior obstáculo não está no código, mas na mentalidade de liderança. Ele recomenda que executivos de todas as áreas utilizem ferramentas de IA diariamente, em vez de delegar a tarefa aos times técnicos. O uso cotidiano ajuda a criar intuição sobre como a tecnologia impacta tomada de decisão, comunicação e obtenção de feedback. “A liderança precisa viver a transformação cultural para guiá-la”, afirmou.
A abordagem dialoga com o posicionamento do CEO Satya Nadella, que na abertura do evento reforçou a importância de alinhar estratégia de negócio a capacidades de IA. Ao reduzir ciclos de desenvolvimento de meses para semanas ou dias, a empresa busca atender demandas do mercado com maior agilidade. Relatórios internos apontam aumento significativo na velocidade de entrega de projetos dentro do GitHub desde que a metodologia foi adotada.
Impacto setorial e exemplos de adoção
Embora não exista um setor único na dianteira, o executivo reconhece que serviços financeiros lideram várias frentes por exigirem níveis elevados de cibersegurança, governança de dados e compliance. Empresas desse segmento pressionam fornecedores – incluindo a Microsoft – por padrões mais rígidos, o que favorece a maturidade das soluções entregues a outros mercados.
Especialistas apontam que o modelo de fábrica de agentes pode reverberar na indústria de software como um todo, uma vez que automatiza etapas de desenvolvimento, testes e suporte. Organizações que adotarem a prática tendem a reduzir custos operacionais e liberar talentos para atividades de maior valor agregado, como criação de estratégias de produto ou análise de dados avançada.
Resultados antes do hype
Questionado sobre o risco de uma eventual “bolha da IA”, Parikh foi direto: o foco deve permanecer em resultados concretos. “Se a tecnologia entrega valor real ao cliente, o hype é secundário”, disse. A posição reflete um pragmatismo crescente no setor, onde investidores e dirigentes cobram métricas tangíveis de eficiência, receita ou satisfação do usuário para sustentar novos projetos.

Imagem: Internet
Dados de consultorias de mercado indicam que empresas que integram IA em toda a cadeia – do design ao marketing, passando por atendimento – registram ganhos de produtividade entre 20 % e 40 %. A tendência reflete um movimento observado após a popularização de grandes modelos de linguagem, que passaram a oferecer respostas contextuais e gerar código-fonte com eficácia crescente.
O que muda para o leitor
Para desenvolvedores, gestores de TI e profissionais de outras áreas, a proposta de “fábrica de agentes” sinaliza a necessidade de aprender a orquestrar modelos de IA em vez de apenas escrever linhas de código. A mudança pode impactar rotinas de trabalho, exigindo domínio de prompt engineering, curadoria de dados e governança ética. Para empresas, a adoção pode acelerar lançamentos e reduzir tempo de resposta ao mercado, beneficiando consumidores finais com produtos mais personalizados e serviços mais ágeis.
Curiosidade
Em 1975, quando Bill Gates e Paul Allen fundaram a Microsoft, o objetivo era licenciar interpretadores BASIC para microcomputadores. Quase meio século depois, a empresa fala em construir agentes de IA que ajudem outros a criar seus próprios softwares. O salto demonstra como a missão original evoluiu, mas mantém o fio condutor: democratizar ferramentas de desenvolvimento, agora turbinadas por inteligência artificial.
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