Microsoft provoca locadoras em comercial do Xbox e reacende debate sobre mídia física

Jogos

São Paulo, 9 de junho de 2024 — Um novo comercial do Xbox Game Pass, serviço de assinatura de jogos da Microsoft, voltou os holofotes para a discussão sobre o futuro da mídia física. No vídeo, a empresa compara a espera por devoluções de cartuchos em antigas locadoras com o acesso instantâneo a uma biblioteca de mais de 850 títulos na nuvem. A peça publicitária foi veiculada no YouTube e em outras redes sociais, gerando críticas de parte da comunidade de jogadores e de veículos especializados.

Críticas: nostalgia e disponibilidade de lançamentos

Segundo o portal Eurogamer, o anúncio minimiza a experiência de alugar jogos em lojas físicas, prática que marcou a década de 1990 e início dos anos 2000. Para críticos, a peça publicitária ignora que, naquela época, era possível ter acesso a lançamentos no dia da chegada às prateleiras, dependendo apenas da disponibilidade do estoque. Já no Game Pass, nem todos os títulos estreiam na plataforma imediatamente, apesar do catálogo extenso.

A GameSpot observou que o modelo de assinatura exige curadoria constante: novos jogos entram a cada duas levas mensais, mas outros deixam o serviço regularmente. Um exemplo citado foi Stalker 2, removido do catálogo em outubro depois de migrar para um serviço concorrente. Desta forma, a promessa de “jogue o que quiser, quando quiser”, destacada na descrição do vídeo, ainda encontra limitações práticas.

Preço e modelo de negócios em discussão

O debate não se limita à disponibilidade de títulos. No mês passado, a Microsoft reajustou o valor do Xbox Game Pass Ultimate no Brasil de R$ 59,99 para R$ 119,90, praticamente o dobro do preço anterior. A alteração reforça o modelo de custo recorrente do serviço, em contraste com o pagamento único de um jogo em mídia física.

A Pesquisa Game Brasil (PGB) 2024 indica que 53,8% dos jogadores brasileiros já preferem comprar títulos em formato digital, enquanto 20,4% ainda optam principalmente por cópias físicas. O mesmo levantamento mostra, porém, que 41% dos entrevistados adquiriram ao menos um jogo físico no último ano, sinalizando que o mercado tradicional mantém uma base de consumidores relevante.

Relatórios internacionais confirmam a tendência de digitalização. No Reino Unido, dados do Games Sales Data (GSD) apontam que 80% de todas as vendas de jogos já ocorrem por download. Mesmo assim, especialistas observam que a posse de um disco ou cartucho oferece vantagens como revenda, colecionismo e acesso offline sem depender de servidores.

Impacto para a indústria e para o consumidor

Para analistas de mercado, a estratégia da Microsoft visa reforçar o posicionamento do Game Pass como “evolução natural” do consumo de jogos, alinhada ao modelo de streaming popularizado por plataformas de vídeo e música. Ao ironizar as locadoras, a companhia também se distancia de práticas antigas, sublinhando a conveniência de ter centenas de títulos disponíveis em poucos cliques.

No entanto, a reação negativa de parte da comunidade ilustra a persistência de fatores emocionais e práticos ligados à mídia física. Segundo consultores de varejo, o colecionismo e o sentimento de propriedade ainda pesam na decisão de compra, sobretudo em países onde a conexão banda larga de qualidade não é universal.

Além disso, a escalada de preços de assinaturas pressiona o consumidor a refletir sobre custo-benefício. Com o Game Pass Ultimate superando a barreira dos R$ 100, três ou quatro meses de serviço já equivalem ao valor de um título adquirido em disco, que pode ser revendido ou trocado mais adiante.

Possíveis desdobramentos

Relatórios indicam que as grandes publishers acompanham de perto o impacto das assinaturas sobre as vendas unitárias. Caso a adesão ao modelo digital avance, empresas podem priorizar parcerias de lançamento direto em serviços como Game Pass ou PlayStation Plus. Por outro lado, se a procura por edições físicas permanecer estável, o mercado híbrido deve continuar, oferecendo múltiplas opções ao público.

Segundo especialistas em políticas de preservação, a redução de mídias tangíveis também levanta preocupações sobre a conservação da história dos jogos. Sem discos ou cartuchos, a disponibilidade futura dependerá de servidores e licenças ativas, o que pode limitar o acesso a clássicos.

Para o jogador brasileiro, o impacto é imediato. Quem já migrou totalmente para o digital ganha praticidade, mas precisa acompanhar a rotação de títulos e os reajustes de preço. Já quem prefere o físico continua encontrando lançamentos em lojas especializadas, embora com estoques menores e, em alguns casos, valores mais elevados devido à baixa tiragem.

Curiosidade

Na década de 1990, as locadoras brasileiras não ofereciam apenas jogos: muitos estabelecimentos montavam redes locais para campeonatos de Counter-Strike e sessões de lan party. Esse modelo colaborou para popularizar o multiplayer offline antes do advento da internet banda larga. O contraste entre esse ambiente social e o consumo individual em streaming evidencia como a experiência de jogar evoluiu em três décadas, mas ainda carrega memórias afetivas para boa parte do público.

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