Um meteoro de tonalidade esverdeada cruzou o céu de Patos de Minas (MG) por volta de 0h15 desta terça-feira (4), gerando um clarão que pôde ser registrado por câmeras voltadas para os setores leste e oeste da cidade. O fenômeno, classificado como bólido pela intensidade luminosa, também foi notado em Rio Paranaíba, município vizinho, segundo relatos publicados nas redes sociais.
O evento ocorreu na mesma noite em que observatórios do Rio Grande do Sul registraram vários meteoros do tipo bola de fogo. Mesmo com a Lua quase cheia, o brilho das ocorrências se destacou no céu, indicando fragmentos de grande porte. Especialistas atribuem a série de registros ao período de maior atividade da chuva de meteoros Táuridas do Sul, que atinge o auge nesta primeira semana de novembro.
Fragmento se destaca pelo brilho esverdeado
De acordo com Ivan Soares, operador do Observatório IDS Meteor, as imagens captadas em Patos de Minas mostram um forte tom verde no momento da explosão atmosférica. A coloração é associada à presença de elementos como níquel e magnésio no meteoroide, que emitem luz nessa faixa de cor quando vaporizados pelas altas temperaturas da entrada na atmosfera.
A Sociedade Americana de Meteoros (AMS) classifica como bola de fogo qualquer meteoro com brilho igual ou superior ao do planeta Vênus (magnitude –4). Quando há explosão luminosa acompanhada de possível estrondo, o fenômeno passa à categoria de bólido, como ocorreu em Minas Gerais. Não há, porém, registro de fragmentos encontrados no solo, cenário comum em cerca de 95 % dos casos, segundo dados da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (Bramon).
Chuva Táuridas do Sul atinge o pico
A ocorrência simultânea de meteoros no Sul e no Sudeste reflete o pico da chuva Táuridas do Sul. O enxame é composto por detritos deixados pelo cometa periódico 2P/Encke e se caracteriza por baixa taxa horária, mas fragmentos relativamente grandes. Por esse motivo, costuma gerar bolas de fogo coloridas, visíveis mesmo em áreas urbanas.
No calendário de 2025 da Organização Internacional de Meteoros (IMO), a fase de maior atividade das Táuridas está prevista para durar cerca de uma semana, com ênfase na noite de 3 para 4 de novembro. Relatórios de redes de monitoramento já indicavam aumento gradual dos rastros luminosos desde o fim de outubro, tendência confirmada pelos registros feitos no Brasil.
Embora as Táuridas ocorram todos os anos, estudos apontam ciclos de maior intensidade a cada três ou quatro temporadas, quando a Terra atravessa regiões mais densas da trilha de fragmentos do 2P/Encke. Nesses períodos, cresce a probabilidade de meteoros brilhantes, como o que iluminou Patos de Minas.
Por que o fenômeno não oferece risco
Quando meteoroides entram na atmosfera a velocidades superiores a 40 000 km/h, o atrito aquece o ar ao redor e gera o clarão que popularmente recebe o nome de “estrela cadente”. Conforme destaca a Associação Paraibana de Astronomia (APA), o meteoro é apenas luz: não é sólido, líquido nem gasoso. Na maioria dos casos, a rocha se desintegra totalmente antes de atingir o solo.
Casos em que pequenos pedaços sobrevivem à passagem atmosférica e chegam à superfície são raros. Esses fragmentos, chamados meteoritos, pesam poucos gramas ou, no máximo, alguns quilos. Com base em dados da AMS, a chance de danos significativos é considerada extremamente baixa.
Monitoramento contínuo e importância científica
Câmeras automáticas instaladas em observatórios e projetos de ciência cidadã auxiliam na identificação de trajetórias e na recuperação de eventuais meteoritos. No episódio mineiro, as imagens registradas pelo IDS Meteor poderão ser analisadas para estimar a velocidade, a massa original e a composição do corpo celeste.

Imagem: Ankush Magotra
A coleta dessas informações contribui para o entendimento da dinâmica de resíduos cometários e auxilia na avaliação de riscos relacionados a objetos próximos da Terra. Estudos sobre as Táuridas, por exemplo, permitiram mapear fragmentos que orbitam próximo ao nosso planeta, servindo de base para programas internacionais de defesa planetária.
Impacto para o público e para o mercado de ciência cidadã
Para o observador comum, episódios como o de Minas Gerais reforçam o interesse por astroturismo e popularizam projetos de observação amadora. Já para empresas que fabricam estações de monitoramento, a procura por equipamentos tende a crescer durante períodos de chuvas de meteoros mais intensas, estimulando um nicho de mercado focado em sensores de alta sensibilidade, softwares de trilha e plataformas de dados colaborativos.
Segundo especialistas, a disseminação de câmeras automáticas em escolas e centros de pesquisa amplia a base de dados disponível para universidades, que podem estudar desde a composição química até modelos de entrada atmosférica. Na prática, o episódio mineiro demonstra como registros locais passam a integrar redes globais, acelerando descobertas sobre a origem e a evolução de pequenos corpos do Sistema Solar.
Curiosidade
A chuva Táuridas leva esse nome porque seus meteoros parecem surgir da constelação de Touro. Curiosamente, o cometa 2P/Encke, seu “pai”, completa uma volta ao redor do Sol a cada 3,3 anos — o período mais curto entre os cometas de sua classe. Esse ciclo reduzido faz com que a trilha de detritos seja constantemente renovada, garantindo espetáculos luminosos regulares aos observadores terrestres.
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